XV

41 10 4
                                    

Finalmente chegara o tão desejado dia.

Juliette e Cristina estavam lindas nos seus vestidos de noiva.  Um longo véu dava aquele toque final.

- Como havia dito Cristina,  toda a aldeia fora convidada.  Na quinta diversas pessoas estavam entretidas com o banquete que ia ser servido.

Sacrificaram-se, um vitelo, cordeiros, porcos, galinhas e outras aves para que não faltasse comida.  Àquela hora já os panelões fervilhavam e as brasas crepitavam nos assadores.  O forno onde na véspera se assaram biscoitos, bolos e pão, estava de novo pronto a receber tabuleiros de carne,  arroz e batatas.

A sopa confeccionada com os mais frescos legumes já estava pronta.  Maria supervisionava tudo sem deixar de mexer o pote de arroz doce.  Com uma enorme colher de pau, mexia pra cá e pra lá enquanto gritava que trouxessem a canela.

O senhor Esteves da Quinta de Juliette cuidava das pipas de vinho dispostas de maneira a que cada um se servisse.  Era uma dúzia delas no mínimo e não eram das pequenas, não!

Enquanto isso Rodolffo estava nervoso e Anastácia que ficara para o ajudar ajeitava o colarinho no pescoço dele.

- É que estás mesmo pimpão,  meu sobrinho.  Teus pais ficariam orgulhosos.

- Também gostaria de tê-los aqui.

- Olha que te saiu a sorte grande.  Vieste curar-te das maleitas e cá estás tu a casar com a moça mais rica que esta terra viu.

- Não me caso com ela pelo seu dinheiro.  Casava com ela mesmo que fosse a mais pobre.

- Eu sei que sim, mas agora devemos ir.  É dever do noivo chegar primeiro.

- Vamos então,  minha tia.

...

- Fizeste um bom trabalho com as flores, Juliette.   Os buquês estão lindos.

- Temos sorte de ser Primavera.  O jardim está repleto de flores e pudemos escolhê-las.  O teu de rosas e o meu de açucenas.

- Os miosótis ficaram lindos.  Ainda não é hora?

- Estás ansiosa?  Daqui à capela são dez minutos.
Olha como o dia está lindo Cristina.  Ainda são 11 horas da manhã e o sol brilha tanto lá no alto.

- Estão prontas meninas? - perguntou a tia Henriqueta.

- Estamos tia.

- Vamos.  A charrete está pronta.  Até penteámos os cavalos.

No adro da igreja amontoava-se a população para a chegada das noivas.  Rodolffo e António já estavam no interior da capela e conversavam  com o vigário e alguns familiares.

Ouviram palmas vindas do exterior  e souberam que elas haviam chegado.

Foi celebrada a Eucaristia, o vigário fez o casamento que se tornou demorado por serem dois e no final debaixo de uma chuva de  pétalas de rosas e algum arroz, em cortejo atrás dos noivos seguiram para a quinta onde os esperava o banquete.

A festa durou a tarde toda e entrou noite dentro.  Muita comida, muita bebida, muita música e dança.  Juliette e Cristina estavam felizes assim como os noivos agora esposos. Dançaram muito.  Juliette menos devido ao seu estado que ninguém sabia com excepção da tia Henriqueta.   Nem Anastácia teve conhecimento.  Henriqueta pediu a Rodolffo que não contasse com receio dela por algum descuido contar a alguém.

Por fim os aldeões começaram a sair um a um e Juliette e Rodolffo despediram-se também e seguiram em direcção à sua casa. Cristina e António já tinham ido embora pois viajavam na manhã seguinte para o Porto.

Rodolffo abriu a porta e logo tomou a esposa num longo beijo.

- Felizmente nunca mais tenho que deixar-te à noite.  Eu sofria tanto por isso.

- Eu também.  As noites tornavam-se enormes e só me sentia feliz de manhã quando te via.

- Eu amo-te tanto,  minha esposa.

- E eu a ti, meu esposo.  Agora vem que hoje podemos amar sem pressa.

Rodolffo segurou-a ao colo e levou-a para aquele que seria o seu ninho de amor.  Depositou-a na cama e beijou-a.

A curaOnde histórias criam vida. Descubra agora