capítulo 4

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•••Jacob POV•••

É inesperado pensar que eu estou diferente do que imaginei. Jurei por tudo que, no dia em que soubesse que Bella iria se casar, eu iria surtar. Fugiria de La Push, ou me transformaria em lobo para sempre, sem olhar para trás. Mas, para minha surpresa – e para a de todos ao meu redor – eu estava... bem. Triste, confesso. Mas nada tão profundo quanto eu pensei que seria. Apenas uma melancolia sutil, como uma sombra persistente, mas longe de ser um abismo sem fim. Acho que, no fundo, devo isso ao meu stalker.

Sim, parece bizarro até dizer, mas ele tem me ajudado, de um jeito torto, a esquecer Bella. O jeito que ele apareceu, que me tocou naquela floresta, dizendo que eu era dele... Me fez perder completamente o chão. O calor da sua mão na minha pele ainda me assombra. Como pude me sentir tão vulnerável? Por que aquele toque foi tão diferente? Foi uma força que me puxou para fora da órbita, me quebrou por dentro de um jeito novo. Até chorar de desejo ele conseguiu me fazer. Droga... Eu chorei para ele me tocar! É tão vergonhoso que a memória disso me faz querer me enfiar num buraco.

Sem conseguir suportar o peso dessas lembranças, me joguei na cama, cobrindo o rosto com o travesseiro, abafando um grito nervoso. O que eu estava me tornando? Isso era mais embaraçoso do que ter chorado. Me senti como uma adolescente histérica, surtando porque o casal principal finalmente se beijou numa cena clichê de filme – não que eu já tivesse passado por isso. Ok, talvez eu esteja exagerando, mas no fundo, eu ainda sou meio adolescente, né? Mesmo com todo esse corpo e essa dor acumulada de amores não correspondidos, no final das contas, ainda tenho 17 anos. Loucura? Talvez.

Tirei o travesseiro do rosto e me sentei na cama. Meu cabelo provavelmente parecia um ninho de passarinho, mas não liguei. Soltei um suspiro pesado, e meu olhar vagou até a mesa do meu quarto, onde o computador estava. Na cadeira, uma sacolinha pendurada chamou minha atenção. O que era aquilo?

Me levantei, curioso, e me aproximei, tirando a sacolinha da cadeira. Aquilo parecia vagamente familiar, mas não consegui lembrar de imediato de onde. Com cuidado, abri e retirei três objetos. O primeiro que chamou minha atenção foi... um cartão. Mas não um cartão qualquer. Era um cartão black sem limite. O que diabos isso estava fazendo aqui?

Com o cartão ainda em minhas mãos, eu o virei de um lado para o outro, sem saber exatamente como reagir. Um cartão black? Sem limites? Não fazia sentido... Quem deixaria isso para mim, e por quê?

Ainda com o pensamento confuso, coloquei o cartão de lado e voltei para a sacola. Havia mais coisas dentro. Alcancei o segundo objeto, e meus dedos roçaram algo frio e metálico. Puxei para fora um anel. Um anel de prata com brilhantes incrustados, simples, mas impecável. Ele cintilava de uma forma quase hipnotizante, como se estivesse me chamando, atraindo minha atenção de um jeito que me incomodava.

Segurei o anel entre os dedos, examinando-o de perto. Era pequeno, delicado, mas carregava um peso simbólico inegável. Parecia... um anel de compromisso? A sensação de desconforto no meu peito cresceu. Ata… lembrei, é o presente que meu stalker deu a mim, mas como eu estava em estado de êxtase, nem lembrava disso…

Coloquei o objeto de volta sobre a mesa, ao lado do cartão. Passei a mão no cabelo, tentando organizar ele melhor –Sim, eu sei que falei que não ligava, porém…–. Respirando fundo, voltei a olhar para a sacola. Havia mais um item lá dentro.

O terceiro e último objeto que tirei de dentro da sacola foi um colar. Uma corrente de prata, fina e elegante, mas o pingente que pendia dela era o que chamava mais atenção: um pequeno morcego esculpido em prata. O design era refinado, quase artístico, mas tinha algo sombrio naquilo. Um morcego? Não sabia ao certo o que pensar.

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