Capítulo 15

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••Jacob POV ••

Duas semanas se passaram, e a situação de Leah parecia apenas piorar. Cada noite que eu acordava com o som dela no banheiro, algo dentro de mim se apertava. Era uma mistura de preocupação, impotência e um medo latente de que ela estivesse sofrendo mais do que admitia.

Já era de manhã e o mesmo som me despertou. O quarto estava envolto na penumbra, mas o barulho vindo do banheiro era inconfundível. O som do corpo dela lutando, vulnerável, me fez levantar antes mesmo de pensar. Fui até a porta do banheiro e, ao abri-la, meu peito se apertou ao vê-la.

Leah estava curvada novamente, as mãos segurando a borda da pia enquanto tentava se recompor. O rosto dela estava pálido, a respiração rápida e irregular. Suas mãos tremiam, quase como se ela estivesse em um estado de choque. Era Leah, mas tão diferente da guerreira que sempre conheci. Ali, naquele momento, ela era só alguém frágil e perdida.

Quando percebeu minha presença, seus olhos se encontraram com os meus, e vi algo neles que nunca tinha visto antes: um pedido silencioso de ajuda. Sem hesitar, dei um passo em sua direção. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela se jogou em meus braços, como se tudo o que restava nela estivesse pendendo por um fio. Leah enfiou o rosto no meu pescoço, se agarrando a mim com força, como se eu fosse o único ponto fixo no meio de uma tempestade.

Eu a segurei firme, sentindo seu corpo trêmulo, o calor da sua pele contrastando com a frieza de sua fragilidade. Leah respirava profundamente, inalando o tal cheiro amadeirado da minha pele que, estranhamente, parecia acalmá-la. A cada respiração, percebi que ela se tornava um pouco mais tranquila, como se algo naquele simples ato a reconfortasse.

Ela permaneceu ali, imóvel, sem falar nada, apenas com o rosto escondido em meu ombro, como se estivesse tentando fugir do próprio corpo. Senti uma pontada de desespero ao perceber que eu não sabia o que mais fazer. Eu a queria ajudar, mas, por mais que tentasse, não conseguia entender o que estava acontecendo com ela.

— Leah – sussurrei, com o tom o mais suave possível, mas com uma urgência que eu não conseguia mais segurar. — Você precisa ir ao médico. Essa situação não é normal.

Ela permaneceu em silêncio, seus olhos perdidos, como se estivesse tentando fugir da realidade que eu acabara de expor. Mas não podia mais assistir sem fazer nada. Precisava insistir. Afastei-me um pouco dela, o suficiente para segurar seu rosto com as mãos, olhando-a nos olhos, mesmo que a vulnerabilidade dela me deixasse desconfortável.

— Faz duas semanas que você está assim, Leah. Eu não posso mais ver você sofrer e não fazer nada. Você está piorando, e isso não vai melhorar sozinho. Não pode mais continuar desse jeito.

Ela desviou o olhar, mordendo o lábio como se estivesse segurando um segredo, um medo que talvez nem ela soubesse nomear. Leah sempre foi forte, independente, do tipo que guarda as dores para si, mas ali, naquela manhã, a situação era diferente. Ela estava fraca, mais trêmula do que nunca, e meu coração apertava a cada segundo que eu sentia sua hesitação.

— Jacob, eu… – ela começou, a voz quase um sussurro, um pedido silencioso para que eu recuasse. Mas eu não podia fazer isso.

— Não, Leah. Escuta. Não é uma questão de força ou fraqueza. Você precisa saber o que está acontecendo. Por favor.

Leah engoliu em seco, como se as palavras estivessem pesando em sua garganta, hesitando antes de finalmente erguer os olhos para mim novamente. Havia uma mistura de medo e vergonha em seu olhar, uma expressão que eu nunca tinha visto nela antes, e isso me atingiu com a força de uma onda.

Ela respirou fundo, os olhos fixos em mim, como se precisasse de todo o seu controle para dizer as próximas palavras.

— Jacob, eu... eu não preciso de um médico — ela murmurou, quase como se estivesse tentando se convencer disso também.

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