capítulo 17

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• Seth POV •

Minha vida, que antes seguia uma linha reta, sempre na direção correta e sem desvios, agora parecia ter sido jogada de um penhasco, completamente torta, como na história do homenzinho torto. Era impossível reconhecer a normalidade de antes, quando tudo parecia tão simples.

Ir para a escola se tornou um tormento desde o incidente com o vampiro maluco, e a descoberta da gravidez da minha irmã, Leah. Quantas saudades sinto dela. Nunca mais a vi desde que ela se mudou temporariamente para uma casinha afastada na tribo. Nossa mãe me proibiu de visitá-la, como se ela estivesse contaminada com alguma maldição invisível.

E era isso que mais me incomodava. Estavam tratando Leah como se fosse um monstro, como se ela tivesse cometido o pior dos crimes. Mas o único “crime” que ela cometeu foi não ter se protegido direito, não ter tomado as pílulas ou ido a uma consulta de rotina no ginecologista. Mas... que culpa ela tinha? Esses métodos nunca foram 100% eficazes, então por que tratá-la como uma aberração? Por que a condenar por algo que poderia ter acontecido com qualquer pessoa?

O que mais me desesperava era o silêncio. Algo nessa história não fazia sentido. Era como se todos soubessem de algo que eu não sabia. A gravidez da Leah, o suposto namorado de Londres do Jacob, aquele tal de Anthony... e a própria ideia de Jacob ser o pai do bebê da minha irmã. Tudo isso me parecia impossível, absurdo, mas, ao mesmo tempo, tinha um peso, uma verdade que me incomodava profundamente.

Mas meus pensamentos foram interrompidos por uma voz que eu conhecia bem, uma que fazia meu sangue gelar sempre que a ouvia.

— Olha só o que temos aqui... o irmão da traidora Leah e da aberração.

Fechei os olhos com força, tentando controlar o impulso de virar lobo naquele instante. Eu não podia perder o controle. Não agora, não na frente de todos. Mas, por dentro, uma fúria crescente queimava como fogo, exigindo ser liberada.

— Keyse, vai embora... por favor. — Minha voz saiu baixa, mais fraca do que eu gostaria. Eu estava com medo, e isso me irritava profundamente. Medo dele, medo da gangue que o acompanhava, medo de que fizessem de novo o que já tinham feito antes.

Keyse riu, uma risada cruel que ecoou pelos corredores vazios. Ele sempre sabia como me fazer sentir pequeno, como me reduzir a nada.

— Oh, o pequeno Seth. O garoto perfeito. Indefeso, ingênuo, o exemplo vivo da perfeição, não acham? — Sua voz pingava sarcasmo enquanto ele se aproximava.

Antes que eu pudesse reagir, senti sua mão grosseira agarrar meu rosto, levantando-o à força. O toque era bruto, invasivo, e a humilhação me encheu de raiva. Por um momento, o medo quase me paralisou, mas algo dentro de mim se recusava a ceder dessa vez.

Com um movimento rápido, bati em sua mão com força, libertando-me de seu aperto, e me levantei, encarando-o diretamente. Meu peito subia e descia rapidamente, o sangue fervendo em minhas veias.

— Não toque em mim. E não fale da minha irmã ou do bebê dela. Nunca mais.

Minha voz saiu firme, mas havia algo mais. Um calor que crescia em meu interior, ameaçando transbordar. Eu era um lobo, um protetor da tribo. Era minha responsabilidade proteger os inocentes e defender os que eu amava. Não ia mais deixar que falassem assim de Leah ou do bebezinho que ela carregava no ventre.

Keyse recuou por um instante, surpreso com minha reação, mas logo recuperou a compostura, seus olhos estreitando enquanto ele sorria maliciosamente.

— Ah, olha só, o cachorrinho decidiu rosnar. Quer saber, Seth? Não importa o quanto tente, você sempre será o mesmo garoto fraco que era antes. Um nada.

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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