capítulo 14

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Volterra, a majestosa e temida cidade dos Volturi, estava imersa em sua costumeira atmosfera soturna e cheia de mistério. Mas naquela noite, a sala real parecia mais o palco de uma comédia do que o quartel-general do império dos vampiros.

- Isso é trapaça, seu desgraçado! - Caius berrou, o ódio estampado em sua expressão e ele quase arranca os próprios cabelos de frustração. Ele apontava um dedo acusador na direção de Aro, que, com um sorrisinho dissimulado, apenas encolheu os ombros e empurrou seu singelo monte de cartas na direção do loiro.

- Eu não posso ser culpado pela sua completa falta de astúcia, meu querido irmão. - Aro disse calmamente, agitando suas míseras três cartas, enquanto Caius e Marcus estavam enterrados sob pilhas de cartas dignas de uma biblioteca. O mais engraçado era que ele parecia genuinamente surpreso com a explosão de Caius, como se trapaça fosse uma parte natural do jogo.

Enfurecido, Caius deu um soco na mesa, que praticamente saltou no ar, lançando cartas para todos os lados como uma chuva de confete. Seus olhos lançaram chamas na direção de Aro, que o observava com uma expressão que misturava felicidade e pura diversão.

- Levanta essa sua bunda imortal e vamos ver se não tem um as escondido aí embaixo, seu traidor! - Caius esbravejou, agarrando uma nova mão de cartas, como se cada carta fosse uma punhalada no peito. Era quase possível ver uma veia prestes a explodir em sua testa.

Enquanto isso, Marcus permanecia impassível, observando tudo com o cansaço de quem já presenciou milênios de dramas. Ele desviou o olhar da cena, suspirando como se refletisse sobre o sentido da vida... ou sobre a quantidade de cartas que ainda teria que puxar até o final daquela "batalha".

- Caius, faça o favor de ser menos birrento. - Ele resmungou, mal levantando a cabeça. Então, com um brilho de travessura nos olhos, completou: -E Aliás, compre mais quatro cartas. Pode ser que te ilumine, quem sabe.

Ao ouvir isso, Caius quase teve um troço. Ele arregalou os olhos, o rosto passando por uma paleta de vermelhos que deixaria qualquer arco-íris com inveja, e se lançou para cima de Marcus como um touro enfurecido. Parecia que o imortal estava decidido a fazer seu irmão engolir aquelas cartas, uma por uma.

- Eu vou acabar com você, seu maldito! - gritou Caius, lutando para se soltar enquanto Aro o segurava rindo como se estivesse numa brincadeira de criança. Parecia impossível não notar o quanto ele se divertia às custas do irmão.

Marcus, por sua vez, suspirou fundo, como quem considera se levantar para acalmar a situação. Mas então ele balançou a cabeça, e seu olhar refletia algo entre "não pago o suficiente para isso" e "será que ainda há tempo de me aposentar?"

Ao ver que não havia fim para o drama, Caius, com os dentes cerrados, empurrou o monte de cartas na direção de Marcus, com uma expressão de quem já estava na beira do colapso.

- Você. Vai. Comer. Essas. Cartas! - ele rugiu, quase quebrando a mesa.

Marcus observou o monte à sua frente com um olhar distante, como se as cartas estivessem impregnadas de uma maldição secular. Ele não estava pronto para colocar aquilo na boca, mas tampouco estava disposto a discutir. De repente, o peso de sua eternidade parecia ainda mais insuportável.

- Eu... eu não vou comer essa porcaria, Caius. - Marcus respondeu, exasperado, como se falasse com uma criança birrenta.

- Uma pena - Aro disse, escondendo uma risadinha atrás das mãos -, porque eu juro que essa é a melhor coisa que aconteceu nesta sala em séculos.

Nesse momento, a porta da sala se abriu com um rangido, e um jovem de aparência impecável entrou, um pouco hesitante ao ver a cena. Era Jeremy, o filho de Aro, que observou a cena por um momento e, com uma expressão de total incredulidade, perguntou:

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