capítulo 16

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Dois dias se passaram, e Jacob não conseguia esconder a preocupação que apertava seu peito. A gravidez de Leah estava progredindo de forma alarmante e sobrenatural. Em apenas duas semanas, a barriga dela estava do tamanho esperado para quatro meses, algo impossível e assustador. Mas isso não era tudo. Os enjoos incessantes que ela sofria eram tão intensos que a deixavam pálida e exausta, e Leah recusava qualquer alimento nutritivo. Tudo o que ela aceitava era bolo de cereja e leite desnatado, como se o resto do mundo fosse intragável.

A situação ficava ainda mais complicada pelo fato de Leah se recusar a deixar qualquer pessoa, exceto Jacob, se aproximar dela. “O cheiro de todos é horrível, enjoativo”, ela dizia, estremecendo com aversão sempre que alguém tentava se aproximar. O único odor que a acalmava era o de Jacob, algo que ele não entendia completamente, mas que deixava seus amigos ainda mais inquietos. Sam, Embry, Quil e o restante da matilha estavam preocupados com o comportamento errático de Leah e o estranho desenvolvimento da gestação, mas, por ora, eles respeitavam a vontade dela de se manter apenas com Jacob.

Jacob suspirou, passando a mão pelos cabelos em frustração. Ele ainda estava lidando com o peso da mentira que tinha contado para todos: que era o pai do bebê. A verdade, porém, era muito mais sombria e complicada. O verdadeiro pai era um vampiro, o stalker que Leah nunca mencionava, e a identidade dele não podia ser revelada, não ainda. Jacob sentia o peso desse segredo, e cada dia que passava tornava-se mais difícil escondê-lo.

Jacob se ajoelhou ao lado de Leah, que estava sentada no sofá da pequena casa que a matilha havia preparado para ela. A preocupação transparecia em seus olhos, e ele tocou o braço dela com gentileza.

— Lee… nós precisamos ir ao médico — ele disse, sua voz firme, mas cheia de preocupação. — Essa sua gravidez não é normal, sua barriga está crescendo muito rápido. E você precisa se alimentar de algo mais nutritivo, isso está te fazendo mal.

Leah fechou os olhos e balançou a cabeça, com um suspiro de exaustão. Sua expressão mostrava uma mistura de cansaço e dor, mas também algo indefinível, como se ela lutasse contra algo mais forte do que qualquer um deles podia imaginar.

— Eu não vou, Jacob — ela sussurrou, segurando o braço dele com uma força surpreendente. — Eu não confio em ninguém. Eles não vão entender... e o cheiro de todos... é horrível. — Sua voz falhou, e ela tremeu, pressionando a barriga como se isso pudesse acalmá-la.

— Leah, — Disse o Black, a voz carregada de preocupação, — nós precisamos ir ao médico. Essa sua gravidez não é normal. Sua barriga está crescendo rápido demais… e, considerando as circunstâncias, isso não é possível. Não é normal nem aqui, nem em lugar nenhum. — Ele hesitou, a angústia evidente. — Ainda mais porque... você está grávida de um vampiro. Isso não deveria nem ser possível!

Leah levantou os olhos para ele, e seu olhar, sempre tão forte e desafiador, estava agora marcado por algo diferente. Vulnerabilidade. Medo. Mas, como sempre, ela não deixava transparecer tão facilmente. Fechou os punhos, tentando se manter firme.

— Jacob, eu já sei que isso não é normal! — Ela respondeu, sua voz mais alta do que ela pretendia. — Mas ir a um médico humano? Eles não vão entender o que está acontecendo! E você acha que eu gosto disso? Eu sinto como se estivesse perdendo o controle do meu próprio corpo.

Ela levou uma das mãos à barriga, como se tentando proteger o bebê dela e, ao mesmo tempo, a si mesma da situação que escapava de seu controle. Jacob passou a mão pelo cabelo, um gesto nervoso e frustrado.

— Eu sei que você tem medo, Leah. — Ele abaixou o tom, tentando ser compreensivo, embora a preocupação borbulhasse sob a superfície. — Mas não podemos continuar assim. Você não está comendo direito. Bolo de cereja e leite desnatado não são suficientes. E esse negócio de só querer a minha presença porque o cheiro de todo mundo te incomoda… — Ele fez uma pausa, sentindo o peso das mentiras e complicações que já acumulavam. — Isso não faz sentido, Leah. O que está acontecendo é perigoso, e a gente precisa descobrir logo o que fazer.

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