capítulo 10

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O vento gelado cortava o silêncio que havia se formado entre nós. Meu coração batia forte no peito, e eu tentava encontrar qualquer coisa para dizer que pudesse desviar aquela conversa perigosa. Leah sabia sobre o meu stalker? Não, isso não fazia sentido. Eu sempre tomei cuidado... sempre fui discreto, nunca dei pistas, ou será que fui descuidado?

— Você... você não pode contar isso pra ninguém — balbuciei, desesperado, tentando soar convincente. — Leah, por favor... eu... eu não vou conseguir viver sem isso. Ele... ele foi o único que me amou de verdade. De verdade mesmo, sabe? Ele me coloca como prioridade, acima de tudo, e eu... — minha voz falhou, quebrada pelo turbilhão de sentimentos. — Eu não vou suportar ficar sem isso.

Leah me olhava com uma expressão indecifrável, como se estivesse processando o que eu acabara de dizer. Ela parecia impassível, mas eu sentia que havia mais ali, algo que ela ainda não tinha revelado.

O silêncio entre nós se esticou por um segundo a mais, criando uma tensão sufocante. Meu desespero crescia a cada milésimo de segundo em que ela permanecia calada.

Então, ela suspirou, como se estivesse tirando um peso das costas.

— Tudo bem, Jake — disse, sem muita emoção. — Eu não vou contar pra ninguém.

Pisquei, surpreso. Assim, tão fácil?

— Sério? — perguntei, incerto e ela assentiu, cruzando os braços, como se aquilo não fosse grande coisa.

— Sim, sério. Eu não vou contar porque... — Leah hesitou por um segundo, seus olhos se desviando para a floresta ao longe. Então, com um leve revirar de olhos e um suspiro resignado, continuou: — Eu sei exatamente o que você está sentindo.

Um calafrio subiu pela minha espinha. Meu coração disparou de novo, mas agora por outro motivo. O que ela queria dizer com aquilo? Minha confusão só aumentava. Eu estava preso entre o alívio por ela não me entregar e a completa perplexidade com o que acabara de dizer.

— Você sabe? — repeti, incrédulo. — Como assim, Leah? Como você poderia saber?

Ela deu de ombros, quase casualmente, como se estivesse contando o resultado de uma partida de futebol e não uma confissão bombástica.

— Eu também tenho um stalker. - Senti o mundo girar. Meus olhos se arregalaram, e minha boca abriu, mas nenhuma palavra saiu. Leah... Leah Clearwater... tinha um stalker? — E... e eu tive um imprinting com ele.

Eu quase caí para trás. Um imprinting com o stalker dela? Meu cérebro não conseguia processar aquilo. Eu a olhei como se ela estivesse brincando, mas Leah não parecia do tipo que faria piadas com algo assim.

— O quê?! — exclamei, sem conseguir me segurar. Leah apenas suspirou fundo de novo, como se estivesse cansada de explicar algo óbvio.

— É isso mesmo, Jake. Ele me seguiu por meses, talvez até anos, eu nem percebi no começo. Mas um dia... bom, deu merda, e rolou o imprinting.

Eu estava completamente atordoado. Minha mente girava, tentando entender como aquilo era possível. Como ela tinha guardado isso todo esse tempo? E o pior! Como ninguém soube disso?

— Espera... então, é por isso que você... — falei, gesticulando para o corpo dela. — As curvas... o cabelo...

Ela revirou os olhos, impaciente.

— Sim, Jacob, é por isso. Sabe como é. A obsessão... os encontros inesperados... o cara me enchendo de presentes ridículos que ele acha que são românticos. — Leah fez uma pausa, olhando para o céu como se quisesse que um raio caísse ali. — E daí, boom! Imprinting. Agora, estou presa nessa merda.

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