Capítulo 16

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Noite de Power Point dá errado
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Como contar aos seus pais que você é gay?

Era isso que Izuku estava lendo no folheto à sua frente. Agora, não vamos entender errado. Izuku ainda estava no processo de descobrir sua sexualidade lentamente. É possível que sua mãe já suspeitasse que seu filho era um pouco frutado. Mas não era por isso que Izuku tinha aquele panfleto na mão.

"Vamos lá... Eu consigo fazer isso" ele se encorajou. "Sair do armário é sobre ser claro e conciso. Encontrar as palavras para se expressar, e... oh, não me olhe assim, eu estou tentando" Izuku reclamou, virando a romã que tinha na mesa.

Ele não sabia quando diabos desenvolveu a necessidade de ter frutas como público. Mas lá estava Izuku, na companhia de uma romã. Inicialmente seria uma berinjela, mas devido a certas conotações de emoji, Izuku achou que seria melhor escolher outro tipo de fruta roxa para representar Dabi.

Não olhe para ele desse jeito; ele precisava de um público para praticar, e a fruta... ahem, vamos voltar ao assunto.

Lá estava Izuku, às três da manhã, na biblioteca pública de Musutafu, com vários panfletos na mão e um computador público aberto com PowerPoint. Em vez de intitulá-lo "Mãe, eu sou gay" o título parecia mais um "Dabi, eu estou morto. Surpresa".

Bem, ele estava no processo. Literalmente, ele estava no processo, e como tudo na vida, o primeiro passo era pesquisar e tomar notas. Como um fantasma sem pertences além de óculos escuros esfarrapados, seu próprio cadáver e um abacaxi podre na praia, Izuku decidiu fazer uso de propriedade pública. Como os computadores da biblioteca. Ou o papel nas gavetas. Ou o marcador de quadro branco que ele estava usando nas janelas. Junto com um projetor. Porque, você sabe, quem se oporia às três da manhã depois de invadir um centro público? Exatamente.

Levar Dabi, a romã, era para apoio moral. Porque se tudo corresse bem, Dabi seria o primeiro a receber a apresentação. Ele seria sua... cobaia. Não era certo, mas... mas em algum momento, ele tinha que começar a se abrir.

"Desculpe, é assim que eu estou. Estou morto. Foi assim que eu nasci... não, eu nasci vivo, não morto" Izuku murmurou para si mesmo, apagando a ideia do seu caderno. Ele tinha que começar de novo.

Ele estava nisso há cerca de uma hora e meia. Foi um processo de vagar pelas ruas, enfrentando alguns ladrões mesquinhos e vilões de baixo nível, até que ele reuniu coragem suficiente para sentar e pensar em como explicar que estava morto. Entrar na biblioteca como um fantasma foi fácil. O que não foi tão fácil foi entrar furtivamente com a romã que ele havia roubado no caminho para a biblioteca. Mas era uma parte importante de seu plano.

"Dabi, romã. Como eu digo para você não se preocupar comigo? Qual é a pior coisa que pode acontecer? Eu morrer? Eu já estou morto. Esse é o lado positivo" disse Izuku, e a romã de olhos arregalados permaneceu imóvel, como as frutas costumam fazer. Izuku suspirou.

"Não, se eu te disser isso, você vai me estrangular."

Ele se impulsionou para girar a cadeira de rodas do computador enquanto olhava para o chão. Ele tinha decidido que queria falar com Dabi sobre isso. Sim, mas uma coisa é decidir e outra é ter coragem de fazer. A ideia de fazer uma apresentação em PowerPoint era... uma muleta para se apoiar.

Uma ferramenta. Não algo que gritasse que daria errado.

Ele estava tão absorto em seus pensamentos, nas linhas de diálogo que queria abordar. Ele deveria contar a ele onde seu corpo estava? Bem, Izuku realmente não queria. Aquele pedacinho de praia pertencia somente a ele, e por enquanto, ele queria que continuasse assim. Ele não queria que ninguém visse seu cadáver, mas ele também não tinha forças para se livrar de si mesmo. Ele também não queria pedir a Dabi para transformar seu corpo em cinzas. Dessa forma, ninguém jamais descobriria que...

Causa Perdida (Tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora