Capítulo 17

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Vamos assistir tudo queimar
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Inko estava dançando na rua. Aquela noite tinha sido uma das melhores noites dela em muitos, muitos anos. Ela tinha ido de clube em clube, dançando até que seus pés não aguentassem mais. Não importava que ela tivesse que trabalhar no dia seguinte. Não importava que seu corpo não aguentasse mais álcool como quando ela tinha vinte anos. Não importava que seu filho tivesse saído de casa. Nada disso importava, e pela primeira vez, Inko se sentiu livre. Livre de muitos fardos e pesos.

Ela dançou. Inko dançou pela rua a caminho do apartamento. Talvez o telefone dela tivesse ficado sem bateria. Não depois das inúmeras mensagens de voz que ela havia enviado para sua melhor amiga. Mas ela havia chegado ao fundo do poço, não é? Inko havia decidido virar a página, e ela não se arrependeu. Ela escolheu se divertir sem se sentir culpada.

Ela havia entrado em alguns pubs. Ela havia jantado sozinha em um restaurante. Pela primeira vez, Inko estava se colocando em primeiro lugar. E ela sentiu uma raiva interna que a consumia. Uma raiva que a repreendia por não ter feito isso antes. Por não ter se mimado mais. Como se de repente percebesse que o mundo não lhe devolveria o tempo perdido e que ela tinha que aproveitar ao máximo enquanto podia.

Então Inko dançava na luz dos postes de luz. Ela girava quando, acidentalmente, colidiu com alguém em um cruzamento.

"Desculpe..."

"Eu é que deveria me desculpar, senhora."

Inko ficou sem palavras. Diante dela estava um homem alto, loiro de olhos azuis. Talvez um pouco envelhecido, mas o álcool acentuava o brilho daqueles olhos azuis. Um homem que reagiu rapidamente para pegá-la em seus braços e impedi-la de cair no chão. Assim como em um kdrama. Segurando-a firmemente contra seu peito. Era um pacote de seis que ela sentia? Hmm, sim, era.

"Que lindo..." ela murmurou para si mesma, sem filtros.

O homem corou como uma criança. Que cativante, Inko pensou.

"Senhora, tem certeza de que está bem?"

A mulher sorriu e se recompôs, saindo dos braços dele. Embora não muito longe. Apenas alguns centímetros os separavam.

"Estou melhor do que nunca!" gorjeou Inko. "Estou livre! Escolho ser livre. Estou feliz."

O estranho lhe deu um sorriso sincero.

"Estou feliz por você."

"Oh, me chame de Inko, querido. De hoje em diante, serei uma nova mulher" ela o assegurou, falante devido ao álcool. "Você nunca desejou ser livre?"

O homem segurou o cotovelo dela quando percebeu que ela estava balançando. Inko não pareceu incomodada com isso.

"Mais do que qualquer coisa no mundo", o homem lhe assegurou. "Mas o caminho que escolhi foi carregar o peso sobre meus ombros para que ninguém mais tivesse que fazer isso."

Inko suspirou. Oh, como ela se identificou com isso. Ela agarrou o braço do estranho e, sem realmente forçá-lo, o fez andar com ela. Nada que o homem não quisesse genuinamente fazer.

"Eu fui assim por muito tempo" ela confessou a ele. "Foi assim por tantos anos que eu não sei mais o que significa ser eu. Toda vez que eu pensava em mim mesma, eu imaginava uma mãe trabalhadora. Quem se identifica somente como uma mãe trabalhadora? Uma esposa divorciada? Ha! Eu não vejo meu marido há dez anos. Uma covarde? Não, mais como medo de amar novamente."

O homem deu um tapinha na mão dela, tentando consolá-la.

"Não seja tão dura consigo mesma."

A mulher balançou a cabeça.

Causa Perdida (Tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora