Seul é o palco de uma guerra silenciosa entre dois dos criminosos mais perigosos da cidade. Park Jimin, o enigmático Kitty Gang, age sozinho com sua aura encantadora e destrutiva, enquanto Min Yoongi, o implacável Agust D, lidera sua gangue com uma...
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Yoongi, ou melhor, Agust D, encarava seu reflexo no espelho. A cicatriz ainda estava ali, fina, mas visível o suficiente para que ele nunca se esquecesse do que Kitty Gang havia feito. Era mais do que uma marca física – era uma lembrança constante de que ele havia subestimado seu maior rival. O que mais o irritava, talvez, não fosse a dor do corte, mas o fato de ter sido pego de surpresa. Ele, o implacável Agust D, enganado por Kitty.
Ficou afastado por quase um mês, o tempo necessário para que a ferida cicatrizasse, e durante esse tempo, ele pensou muito sobre como se vingar. Mas agora não havia mais tempo para ficar remoendo o passado. A cicatriz havia curado, e ele estava de volta ao jogo.
Recebera uma nova missão, uma daquelas que só dois criminosos ousariam aceitar: eliminar um político corrupto da prefeitura. Um trabalho que exigia precisão, rapidez e, principalmente, discrição. A recompensa era tentadora, mas o risco era ainda maior. Ele sabia que o cliente poderia ter oferecido o trabalho também para Kitty Gang, mas quando ele aceitou a missão, imaginou que Kitty ficaria de fora dessa. Um trabalho como esse não era o estilo de Kitty, certo?
Pelo menos era o que pensava até o momento em que viu algo brilhando no topo de um prédio.
Uma arma rosa. Só havia uma pessoa no mundo que usaria uma arma como aquela. Kitty Gang.
-Droga... – Agust murmurou, ajustando o capuz em sua cabeça.
Enquanto ele planejava enfrentar o alvo frente a frente, Kitty estava lá em cima, preparado para um tiro de longa distância. Era típico de Kitty. Dois estilos completamente opostos, mas ambos igualmente letais. Agust, no entanto, sabia que, no final, precisariam se ajudar para sair dessa vivos. Mesmo que a rivalidade entre eles fosse profunda, nenhum dos dois tinha a intenção de ser pego ou morrer naquela noite.
O político corrupto estava bem no centro do alvo. Agust já o tinha em sua mira, mas sabia que Kitty também estava prestes a agir. O som de um disparo ecoou no ar. Um tiro rosa cruzou o céu. Kitty havia agido primeiro. O homem da prefeitura caiu instantaneamente, sem tempo para gritar ou pedir ajuda. O tiro foi limpo, certeiro, atravessando sua cabeça. Kitty não errou. Dessa vez, Kitty tinha vencido a corrida.
Agust, vendo que o trabalho estava feito, aproveitou o momento para desaparecer. Ele correu pelas escadas de incêndio, pulando de um prédio para outro até se esgueirar para um beco escuro. Mas enquanto tentava planejar sua saída, algo chamou sua atenção. A sombra de alguém se movia rapidamente sobre ele, de prédio em prédio. Era Kitty. Provavelmente fugindo depois de garantir a missão.
-Mas é claro... – Agust riu baixinho. Kitty estava sempre um passo à frente.
De repente, um som de algo caindo. Um baque forte. Agust levantou o olhar a tempo de ver Kitty Gang despencar de um dos prédios. A queda não foi fatal, mas o suficiente para deixá-lo em uma posição vulnerável. Ele poderia morrer ali, naquele beco, se Agust não agisse. Por algum motivo, talvez o mesmo que o mantinha sempre preso à rivalidade entre eles, Agust correu e segurou Kitty antes que ele batesse no chão. Kitty, surpreso, ofegou ao perceber quem o havia salvado.
-Tá brincando, Agust? – Kitty riu, mesmo com a dor da queda. – Vai me salvar agora?
-Cala a boca. – Agust respondeu, puxando Kitty para ficar de pé. – Se não fosse por mim, já estaria morto.
Kitty deu uma risada baixa, ainda ofegante. – Talvez eu tenha feito isso de propósito.
Agust ignorou o comentário provocativo, mas sabia que não tinham tempo para discutir. Os sons de sirenes e vozes se aproximando começaram a ecoar pelas ruas. O beco em que estavam não era o melhor lugar para ficarem escondidos por muito tempo. Kitty, com seu cabelo rosa brilhante, chamaria atenção imediatamente.
-Merda... – Agust olhou ao redor e encontrou um boné jogado em uma lata de lixo. Sem pensar duas vezes, pegou o boné e o empurrou na cabeça de Kitty, cobrindo o cabelo rosa.
-Tá me vestindo agora, Agust? Que fofo. – Kitty provocou, ajustando o boné e piscando para ele.
-Cala a boca. – Agust rosnou, mas uma ideia passou por sua cabeça quando viu o brilho de lanternas se aproximando. Não tinham muito tempo. Antes que Kitty pudesse dizer qualquer outra coisa, Agust o puxou contra si, seus lábios encontrando os de Kitty em um beijo rápido e intenso.
Kitty ficou rígido por um segundo, os olhos arregalados de surpresa, mas logo entendeu o plano. Se os policiais os vissem, pensariam que eram apenas um casal se escondendo. Quem suspeitaria de dois criminosos trocando um beijo em um beco escuro?
As luzes das lanternas passaram brevemente por eles, mas os policiais não pararam. Não desconfiaram. Quando as vozes se afastaram, Agust se separou de Kitty, o rosto impassível, mas o coração batendo um pouco mais rápido do que gostaria de admitir.
Kitty, claro, não deixou passar a oportunidade.
-Se quisesse me beijar, era só pedir. Não precisava inventar essa desculpa. – Kitty riu, ainda com o boné na cabeça.
Agust revirou os olhos, ignorando o comentário.
-Vamos sair daqui. E da próxima vez, tenta não cair de um prédio.
Eles desapareceram no escuro, dois rivais em uma dança perigosa entre o ódio e algo mais profundo que ainda não admitiam.
