Capítulo 2: Dia 7 - **ESTADO DO CONSELHO DE ARGLAND**

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  **Cidade Fronteiriça do Reino Re-Estize** — *Es-Zi*

A luz opaca do amanhecer envolvia a cidade fronteiriça Es-Zi, uma cidade tão grande e protegido quanto E-Rantel, e a movimentação era mínima. Três figuras, distintas tanto em porte quanto em aura, ocupavam uma mesa em um canto discreto de uma taverna de aparência humilde, o local ideal para evitar olhares curiosos. Entre eles estava Nishikienrai, com sua expressão serena e inabalável. Mesmo sem dizer uma palavra, seus olhos astutos examinavam cada detalhe ao redor, calculando cada possibilidade como se o mundo fosse apenas um tabuleiro de shogi.

Ao seu lado, Shangri-la, ansioso e inquieto, tamborilava os dedos na mesa. Seu comportamento traía impaciência, mas havia um brilho de entusiasmo em seu olhar — ele ansiava por ação, como um predador enjaulado aguardando o momento certo para atacar. Já káčatko čarodejníka, uma presença sutil, mas imponente, mantinha um semblante neutro e sereno. Seu tom parecia sempre carregado de sarcasmo velado, e ele se movia com a precisão de quem sabe que cada detalhe pode ser usado a seu favor.

“Bem, estamos alinhados.” — começou Nishikienrai, inclinando-se um pouco para frente, sua voz baixa, porém firme. — “Primeiro, faremos um reconhecimento geral e entenderemos a situação no terreno. Argland é uma nação isolada, cheia de diferentes raças Demi-Humanos. Precisamos saber como elas se relacionam entre si antes de qualquer movimento mais arriscado.”

Shangri-la emitiu um som gutural de aprovação e, com um sorriso largo, comentou: “É, mas nada nos impede de entrar direto em algum prédio importante e escutar o que estão falando. Sempre funciona.” Seus olhos brilhavam com uma espécie de excitação travessa.

káčatko čarodejníka suspirou, seus lábios se curvando em um sorriso tênue e cínico. “Eu prefiro falar com quem vive nas sombras… Com algumas moedas, posso obter mais do que rumores. Talvez até algo realmente útil.”

“Bem, é isso que nós faremos em Argland.” — concluiu Nishikienrai, lançando um olhar demorado para ambos. — “Especialmente no que diz respeito ao governo e às defesas. Discrição será essencial.”

Shangri-la deu de ombros, como se a palavra *“‘discrição’”* não lhe tivesse grande valor. “Sim, sim, já sabemos. Mas me diga… o que você acha sobre Traumarei? Para mim, a guilda deveria focar em consolidar a segurança da base. Ir para longe assim não parece muito sensato no momento.”

Nishikienrai manteve a expressão serena, mas seus olhos brilharam brevemente com um pensamento oculto. “Traumarei deve estar tentando identificar ameaças antes que elas cheguem até nós. Nós já temos uma ideia geral dos países ao redor de Nazarick, sabemos que não existe ameaçar então não faz sentido perder tempo.” — fez uma pausa, voltando-se para káčatko čarodejníka. — “káčatko-san, suas magias estão preparadas?”

O feiticeiro franziu a testa, claramente incomodado. “Não me chame de *‘senhor’*.” — murmurou, impaciente. — “E sim, já preparei tudo o que precisamos para essa missão.”

Nishikienrai assentiu, satisfeito. “Muito bem. Vamos.”


+++


*⟨Primeiros passos em Argland⟩*

A viagem até o Estado do Conselho de Argland foi longa, e à medida que o trio avançava no território da nação, a paisagem mudava diante de seus olhos. As árvores se tornavam imponentes e cobriam o céu com suas copas densas, como uma cortina verde que mantinha o mundo exterior afastado. Os sons da vida selvagem eram diferentes — cada grito ou rugido parecia mais feroz e desconhecido, deixando claro que estavam em território onde a civilização era uma exceção, não a norma.

Ao atravessarem a floresta densa, finalmente chegaram à primeira cidade de Argland. No entanto, *“‘cidade’”* talvez fosse uma palavra generosa para descrever o local. Era mais parecido com uma grande aldeia fortificada, com torres altas de madeira que se erguiam como sentinelas vigilantes. O detalhe mais curioso era que todos os habitantes pertenciam a uma única raça: criaturas humanoides com aparência de répteis — jacarés andantes. Cada um deles se movia com confiança, exibindo sua pele escamosa e densa sem o menor traço de roupa ou armadura.

“Mas que indecente!” — exclamou Shangri-la, cobrindo os olhos com exagero teatral. — “Por acaso todos aqui andam nus? Como é que ninguém se sente incomodado com isso?”

Nishikienrai observou os répteis por um momento, impassível. “Não sabemos ao certo. Argland é uma nação fechada para o mundo exterior.” — comentou, seus olhos afiados não perdendo um único detalhe. — “Embora, se pensarmos bem, Coup— Louis Loïc-san e até mesmo Cocytus também não usa roupas. Talvez para eles, a pele funcione como uma armadura natural.”

“Você vai querer entrar na cidade, Nishikienrai?” — perguntou káčatko čarodejníka, cruzando os braços com um sorriso preguiçoso. — “Se não quiser, sem problema… Eu posso ir sozinho.”

O ninja ponderou por um instante, seus pensamentos girando como engrenagens bem ajustadas. Cada passo precisava ser meticulosamente calculado. Mesmo algo tão simples quanto entrar em uma cidade poderia se transformar em uma armadilha mortal caso eles subestimassem o terreno. Seus olhos se estreitaram levemente, analisando a movimentação dos humanoides.

O vento cortante da fronteira parecia uma saudação sombria aos três aventureiros e seus 20 [Zed Shade], que se moviam com a precisão de fantasmas. À frente, Nishikienrai permanecia imóvel como uma sombra, analisando cada detalhe do território. Ao seu lado, Shangri-la mantinha-se inquieto, a excitação quase palpável em seus movimentos sutis, enquanto káčatko čarodejníka, envolto em um manto arcano, observava tudo com um olhar perscrutador.

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Nishikienrai não precisava de introduções – “Ninja” era a única palavra que o definia. Um mestre em reconhecimento e acerto crítico, ele tinha se tornado um dos três mais rápidos da Ainz Ooal Gown, sua destreza e agilidade superadas apenas por dois outros membros. A classe de ninja era um marco, exigindo não apenas dedicação, mas uma compreensão intrínseca do mundo ao seu redor.

Shangri-la, por sua vez, era pura velocidade. Com habilidades que priorizavam agilidade sobre todas as outras características, ele era o mais rápido da guilda. Embora não tivesse habilidades furtivas avançadas, uma magia de invisibilidade de alto nível o tornava virtualmente impossível de detectar, permitindo que ele percorresse vastas áreas em questão de minutos.

Káčatko čarodejníka, o **⟨Mago Implacável⟩**, era a peça-chave. Sua versatilidade arcana permitia que ele fortalecesse tanto seus aliados quanto a si próprio. Magias de suporte, adivinhação, manipulação e armadilhas estavam à sua disposição, transformando-o em um estrategista formidável.


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Os três formavam uma unidade letal e coesa, e por isso foram escolhidos para esta missão. Combinando habilidades de exploração, furtividade e magia, estavam preparados para enfrentar qualquer desafio. Além disso, 20 [Zed Shade] mercenários de nível 85 os seguiam como sombras, prontos para obedecer a qualquer comando.

Enquanto observavam a cidade à distância, Nishikienrai ponderava por alguns instantes, o olhar sempre atento. Ele finalmente falou, a voz baixa e precisa, como uma lâmina cortando o ar:
“Primeira coisa que precisamos é identificar os níveis. Káčatko, pode lançar uma magia de adivinhação para isso? Algo que revele tanto o nível quanto as habilidades deles.”

Káčatko ergueu uma sobrancelha, ligeiramente irritado. “Essas magias consomem muito mana, sabe... Mas tudo bem.”

Seu grimório flutuou à sua frente, as páginas se movendo sozinhas, revelando feitiços complexos. Com um leve movimento da mão, ele começou a conjurar as proteções necessárias:
“[Impedimento Superior].” Uma aura invisível se espalhou ao redor dele, bloqueando qualquer magia de adivinhação direcionada a ele próprio —  Nível: 7.
“[Armadilha: Falso Predador].” Uma armadilha mágica foi preparada, pronta para explodir caso alguém tentasse sondar suas intenções — Nível: 6.
“[Amplificação Arcana].” Uma energia mágica brilhou ao redor dele, expandindo o alcance das magias que lançaria a seguir — Nível: 5.

Finalmente, ele conjurou a magia central da adivinhação:
“[Revelação do Horizonte Arcano].” Uma onda de energia invisível se espalhou pelo terreno, revelando todas as presenças vivas em um raio de até 1.500 metros — Nível: 9.

Nos dias do jogo YGGDRASIL, essa magia produzia uma tela que mostrava os níveis dos inimigos. Agora, na realidade deste novo mundo, as informações surgiram diretamente na mente de káčatko como um sussurro frio e claro.

Ele lançou mais uma magia:
“[Visão das Capacidades Ocultas].” Esta magia revelava as aptidões e habilidades latentes de todos os alvos detectados, como se estivesse desfolhando as páginas da mente deles — Nível: 8.

Káčatko soltou um suspiro, seu tom indiferente.
“39 é o nível mais alto por aqui, e suas habilidades não são nada de mais... gastei mana desnecessáriamente”

Nishikienrai estreitou os olhos por trás de sua máscara. O recado era claro: todos na cidade eram lamentavelmente fracos.

“Trinta e nove?” Shangri-la fez um som de desprezo. “Nem vale a pena eu ir.”

Nishikienrai acenou em concordância, sua voz fria e direta. “Eu vou com os [Zed Shade]. Capturamos alguns deles para que você possa ler a mente, Káčatko.”

Sem perder tempo, Nishikienrai ativou uma habilidade básica de invisibilidade, desaparecendo no ar como uma sombra na noite. Os 20 [Zed Shade] seguiram atrás dele em silêncio, suas formas nebulosas e quase etéreas se fundindo com a escuridão da floresta. Atravessando o terreno em alta velocidade, eles se aproximaram furtivamente da cidade.

Nishikienrai e os [Zed Shade] avançaram como sombras silenciosas, infiltrando-se na cidade com precisão assustador. As habilidades de invisibilidade permitiam que atravessassem as patrulhas sem esforço, e a falta de detecção adequada por parte dos inimigos transformava a missão em uma brincadeira perigosa. Cada passo era uma dança cuidadosa entre o silêncio e a agilidade, enquanto os [Zed Shade] — NPCs mercenários de nível 85 — fluíam atrás de Nishikienrai como predadores invisíveis, atentos a qualquer mudança no ambiente. A missão exigia perfeição; qualquer erro poderia resultar em morte.

Eles se aproximaram furtivamente de um grupo de guardas locais, humanoides com cabeça de jacaré. Os répteis conversavam despreocupadamente, trocando piadas e falando sobre assuntos triviais. Não havia tensão em seus corpos, como se acreditassem que ninguém ousaria ameaçar aquele lugar. Isso só reforçava o desprezo de Nishikienrai pela fraqueza alheia.

A adrenalina corria em suas veias, mas seu rosto permanecia impassível. Ele apreciava o risco — o medo constante de ser descoberto e eliminado com um único golpe era um tempero que fazia cada missão valer a pena. Desde seus dias em YGGDRASIL, ele sempre recusava o uso do minimapa. Confiava apenas na própria percepção e furtividade. Essa escolha fazia dele um dos melhores exploradores da guilda, mas também o deixava vulnerável. Suas defesas eram fracas a ponto de apenas Shangri-la, o *‘Vidro Trincado’*, ter menos resistência que ele. No entanto, o poder destrutivo de seus ataques furtivos compensava essa fraqueza: um golpe crítico bem-sucedido no ponto certo significava morte instantânea para qualquer inimigo que não tivesse uma defesa física elevada ou uma reserva de HP absurda.

‘Se eu for descoberto... será meu fim,’ Nishikienrai refletiu, seus olhos atentos escaneando o ambiente ao redor. Ele precisava ser meticuloso. Uma falha mínima significaria o fracasso e, talvez, talvez até a morte. Felizmente, ele tinha um trunfo. Assim como outros membros da AINZ OOAL GOWN, ele tinha um efeito fornecido pelo um item da loja de YGGDRASIL, que lhe concedia um efeito de imortalidade. Não era um escudo absoluto — habilidades, magias ou itens que negassem ou removiam esse efeito ainda poderiam matá-lo. Xamãs e sacerdotes eram particularmente perigosos nesse aspecto. Mesmo assim, era um conforto frio saber que, enquanto esse efeito estivesse ativo, seu HP nunca chegará abaixo de 1.

Agachado na sombra de uma casa de pedra rústica, Nishikienrai ativou sua habilidade passiva de detecção.

“18, 19,...” ele murmurou em voz baixa, contando os níveis dos guardas que observava. A informação fluía automaticamente em sua mente, como se fosse natural para ele perceber a força dos oponentes à sua volta. Seus lábios se curvaram em um sorriso breve e sem alegria. “Lamentavelmente fracos. Shangri-la tinha razão.”

Dois alvos estavam à vista. Não havia necessidade de hesitação. Um sinal discreto com a mão fez os [Zed Shade] se moverem como uma tempestade silenciosa. Cada um surgiu das sombras em um ataque coordenado, imobilizando os guardas antes que qualquer som escapasse. Nenhuma resistência significativa. Nenhum grito. Apenas o som abafado dos corpos atingindo o chão.

Nishikienrai se aproximou dos corpos desacordados, os olhos avaliando rapidamente o perímetro. Tudo estava calmo. A missão prosseguia conforme o esperado. Com um leve aceno de cabeça, ele instruiu dois dos [Zed Shade] a carregar os corpos inconscientes.

“Fácil demais,” ele murmurou, enquanto os mercenários obedeciam sem questionamento, desaparecendo de volta nas sombras com os prisioneiros.

Os jacarés estavam em suas mãos. Agora só restava entregar os alvos a káčatko čarodejníka para que ele pudesse utilizar suas magias de leitura mental. A simplicidade da missão o incomodava um pouco. Aqueles répteis eram fracos demais para representar uma ameaça real — até suspeitosamente fracos. Mas Nishikienrai não se deixava consumir por dúvidas. Aquele era o tipo de pensamento que poderia atrapalhar uma missão em andamento.

Enquanto observava os [Zed Shade] carregarem os alvos para o ponto de extração, Nishikienrai apertou o cabo de sua kunai. Restava o próximo passo: confirmar se esses répteis sabiam de algo útil ou eram apenas peões inúteis.

“Hora de trabalhar,” ele murmurou para si mesmo, ativando novamente a invisibilidade e deslizando de volta para as sombras, pronto para a próxima etapa da missão.

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De volta ao ponto de encontro, Shangri-la e káčatko čarodejníka aguardavam em silêncio. Shangri-la, um tanque de vidro, batia repetidamente a ponta do dedo na borda de sua espada com uma inquietação perceptível, enquanto káčatko čarodejníka mantinha-se relaxado, exibindo seu habitual ar de superioridade. A expressão de desdém em seu rosto parecia esculpida, como se ele considerasse a situação inteira um desperdício de tempo.

Quando Nishikienrai emergiu das sombras, trazendo os prisioneiros inconscientes, Shangri-la endireitou-se imediatamente, a irritação cintilando em seus olhos. Ele odiava esperar.

Nishikienrai deixou os corpos caírem como sacos de areia diante de káčatko, que nem piscou. Com um gesto preguiçoso, káčatko ergueu a mão.

“[Mágia Duplica: Subjugar Mente].”

Uma onda invisível de energia arcana envolveu os dois prisioneiros. Eles estremeceram por um momento, mas logo suas expressões mudaram de terror para uma calma forçada. Seus corpos relaxaram, como se a razão e a vontade tivessem sido apagadas pela magia intrusiva.

“Bom.” káčatko murmurou, dando de ombros. “Nishikienrai, você pode perguntar o que quiser. Eu vou descansar um pouco.”

Com uma displicência irritante, ele se afastou e, com um estalar de dedos, murmurou: “[Criar].” Uma cama luxuosa apareceu no chão, e ele se jogou sobre ela sem cerimônia, afundando nas almofadas.

Shangri-la apertou o punho. “Você precisa sempre agir assim?”

“Se precisar de mim, estarei aqui.” káčatko respondeu com um sorriso sarcástico, fechando os olhos como se estivesse prestes a dormir.

Enquanto Shangri-la bufava, Nishikienrai se ajoelhou na frente dos prisioneiros, avaliando-os com um olhar frio e analítico. Um dos demi-humanos, um homem-jacaré, piscou algumas vezes, tentando entender a situação.

“O que é isso, amigo?” ele perguntou, com uma voz grave e carregada de confusão. “Por que estamos amarrados?”

“E... Por quê?” outro ecoou, olhando ao redor.

Shangri-la, impaciente, deu um passo à frente. “Qual é a sua raça?” ele perguntou com um tom brusco, incapaz de disfarçar o incômodo em sua voz.

O prisioneiro piscou, atordoado. “Parker... Você parece com os Yomomo-oii do leste.”

“Yomomo-oii?” Shangri-la inclinou a cabeça, intrigado. “É um tipo de homem-pássaro?”

Antes que Shangri-la pudesse insistir com mais perguntas inúteis, Nishikienrai o interrompeu com um olhar afiado.

“Shangri-kun, não vamos desperdiçar o tempo do efeito.” Sua voz era firme, mas controlada, sem espaço para debate. Ele se voltou para os prisioneiros, seus olhos penetrantes como lâminas ocultas nas sombras. “Agora, respondam. Contem tudo o que sabem sobre essa nação.”

Os Parkers trocaram olhares confusos, suas expressões denotando incerteza. Pareciam genuinamente perplexos, como se não conseguissem compreender por que estavam sendo interrogados sobre algo tão óbvio.

“Ué!? Vocês não sabem?” perguntou um dos Parkers, com uma voz misturada entre surpresa e desdém involuntário.

Shangri-la franziu a testa, o incômodo crescendo. A paciência já não era uma virtude que ele possuía em abundância, e a confusão dos prisioneiros só aumentava sua frustração.

Nishikienrai: “Infelizmente não amigo.” 

Os prisioneiros se remexeram, sem intende.

Shangri-la cruzou os braços e olhou para káčatko, ainda deitado confortavelmente na cama conjurada. “Você não acha que devia ajudar em vez de se deitar aí como um rei preguiçoso?”

Káčatko abriu um dos olhos, o brilho divertido em sua expressão indicando que não levaria a provocação a sério. “Eu? Ajudar? Ah, por favor. Eu fiz minha parte.” Ele se virou na cama, ignorando completamente o olhar mortal de Shangri-la. “Boa sorte com isso.”

Shangri-la resmungou baixinho, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Nishikienrai levantou uma mão, pedindo silêncio.

“Fale. O que sabem sobre essa nação?” Ele fixou o olhar em um dos Parkers, sua paciência afiada como uma faca pronta para cortar.

O Parker, percebendo que não tinha escolha, começou a falar lentamente, as palavras saindo como se fossem puxadas à força de sua garganta. O ar ao redor pareceu se tornar mais pesado. Shangri-la e Nishikienrai sabiam que, se os prisioneiros hesitassem mais uma vez, nenhuma misericórdia seria concedida.

Os Parker se entreolharam nervosamente antes de responder às perguntas de Nishikienrai. Cada movimento deles era tímido e hesitante, como se estivessem medindo o peso de cada palavra dita. As expressões confusas de seus rostos demonstravam que estavam lidando com algo além da compreensão comum — a presença intimidadora de três Seres Supremos de Nazarick.

“Estado do Conselho de Argland...” começou um dos Parker. “É uma nação fundada pelos Soberanos Dragões-dono há mais de duzentos anos. Heteromorfos e Demi-humanos coexistem aqui, com mais de 20 raças diferentes vivendo juntas.”

Os Parker alternavam olhares, como se verificassem uns com os outros se podiam continuar.

“Cada raça tem sua própria cidade.” Parker Goumo prosseguiu. “Quanto maior a população, maior a cidade... Algumas das maiores cidades, como a capital, são governadas por Dragões-dono diretamente. E lá na capital estão os nove soberanos Dragõe-dono do Conselho — poderosos, apenas um pouco abaixo dos Verdadeiros Soberanos.”

‘*-Dono*.’ A expressão de Shangri-la endureceu. Sua paciência estava visivelmente se esgotando. “Vocés respeitão muito os Dragões né?... Dragões do Conselho, isso nós já sabemos. Vocês tem que me dizendo coisa útil.”

Nishikienrai ergueu a mão, cortando qualquer comentário adicional do amigo. “Continuem. Quero saber mais sobre esses *Verdadeiro* Soberanos Dragões. Quantos são e onde estão?”

Os Parker trocaram olhares preocupados. A tensão no ar era palpável, como se cada palavra pudesse custar suas vidas. Finalmente, um deles falou:

“S-sim... Existem vários Verdadeiro Soberanos Dragões...” Ele pigarreou e começou a listar, hesitante:

Soberano Dragão Platina – Vive no antigo território dos Oito Reis da Ganância — faz parte do Conselho.

Soberano Dragão Celestial – Localização desconhecida. Ele é o maior dragão conhecido, localização desconhecido — faz parte do Conselho.

Soberano Dragão do Caixão – Há rumores de que está morto, mas nada foi confirmado.

Soberano Dragão Escuridão Profunda – Esconde-se em alguma caverna subterrânea. Ninguém sabe exatamente onde — faz parte do Conselho.

Soberano Dragão Brilhante – Ele criou o Reino Dracônico, mas sua localização atual é desconhecida — faz parte do Conselho.

Soberano Dragão Catástrofe – Dizem que foi morto, mas também que pode ressuscitar.

Soberano Dragão Mestre Espadachim – Fisicamente o mais forte, mas sua localização é incerta.

Soberano Dragão Vampírico – Presumidamente morto.

Soberano Dragão Féretro Ancião – Também considerado morto.

Soberana Dragão do Mar Profundo – Governa uma vasta nação aquática como imperatriz dos mares — faz parte do Conselho.

Soberano Dragão de Três Cabeças – Localização desconhecida.

Soberano Dragão Tartaruga – Sua localização é igualmente desconhecida.


Nishikienrai estreitou os olhos, analisando cada palavra. “Essas informações são vagas.” Ele fez uma pausa antes de lançar uma segunda pergunta. “Quantos dragões, exatamente, existem nessa nação?”

Um dos Parker deu de ombros. “Não sabemos o número exato, mas... Menos de mil, talvez? Parker Goumo, você sabe mais sobre política. Quantos dragões existem?”

Goumo coçou a cabeça, visivelmente desconfortável. “É por aí. Talvez existam mais em outros continentes... Ouvi falar que existe um Falso Soberano Dragão-dono que teve vários filhos, o que é raro.”

Shangri-la franziu a testa. “Espera aí. Como assim falsos dragões? E quantos continentes existem nesse mundo?”

“Vocês não sabem?” Goumo piscou, surpreso. “Os falsos dragões-dono não conseguem usar a tal Magia dos Dragões. E sobre os continentes... Eu não sei dizer. Talvez muitos.”

Káčatko, que até então estava deitado em sua cama mágica, ergueu-se com um olhar curioso. “Magia dos Dragões? Isso me interessa. Me diga mais sobre essa magia.”

Shangri-la resmungou, impaciente. “Káčatko, você não percebeu que ele não tem muita informação?”

Nishikienrai, ignorando a discussão dos dois, fez uma última pergunta: “Vocês conhecem algum desses Falsos Soberanos Dragões?”

Goumo assentiu lentamente. “Sim... Existe um no Reino dos Anões. Eu não sei o nome dele.”

Nishikienrai cruzou os braços, ponderando as informações obtidas. “Isso é tudo que vamos conseguir deles.” Ele se virou para Káčatko e deu uma ordem casual: “Apague as memórias deles. Vamos deixá-los onde estavam.”

Káčatko abriu um sorriso preguiçoso e ergueu a mão. “Entendido. [Mágica duplica: Subjugar Mente].” Sua voz era suave, quase gentil, enquanto lançava o feitiço. Os Parker relaxaram instantaneamente, como marionetes cujas cordas haviam sido cortadas.

“Zed Shade, leve-os de volta aos seus lugares.” Nishikienrai deu o comando sem olhar para trás, como se aquilo fosse apenas mais um aborrecimento trivial.

Enquanto as sombras envolviam os corpos dos Parker, Shangri-la estreitou os olhos. “Temos muitas lacunas ainda. Precisamos saber mais sobre esses Dragões do Conselho.”

“Sim.” Nishikienrai concordou, a voz calma e calculada. “Mas com essas pistas, já temos uma direção.”

Káčatko apenas sorriu, com um brilho inquietante nos olhos, enquanto os Parker desapareciam nas sombras.

Nishikienrai assentiu, seus olhos afiados enquanto elaborava o próximo passo. “Bem, vamos voltar para Nazarick e relatar tudo o que descobrimos hoje. Káčatko, você precisa preparar novos feitiços para amanhã.”

“Claro.” Káčatko čarodejníka respondeu com um sorriso tranquilo. Ele estendeu a mão, traçando um círculo mágico no ar. Energia arcana fluía de seus dedos, moldando-se em símbolos brilhantes até que o portal de teleporte para Nazarick se abriu com um suave brilho azul esverdeado.

O vórtice rodopiava silenciosamente, refletindo as profundezas da Grande Tumba. Ao redor, a atmosfera estava carregada de tensão, como se o próprio espaço sussurrasse em antecipação aos planos em andamento.

Nishikienrai lançou um último olhar para o lugar onde os Parker haviam sido deixados, como um predador que marca mentalmente o território para futuras caçadas.

“Vamos.” Ele deu o passo adiante, atravessando o portal sem hesitação. Káčatko o seguiu logo atrás, murmurando para si enquanto seus olhos faiscavam com ideias sobre os feitiços que precisaria preparar.

O portal fechou-se atrás deles em silêncio absoluto, como se nunca tivesse existido, deixando apenas o eco de seus passos e um pressentimento sombrio sobre o que estava por vir.


+++


*De Volta a Nazarickz*

“Bem, meu trabalho de hoje já foi feito, e agora vou descansar até amanhã.” Káčatko čarodejníka murmurou em um tom preguiçoso, suas pálpebras meio fechadas, como se já estivesse a um passo de cair no sono. Estalou os dedos com indiferença, e um leve brilho mágico se dissipou ao seu redor enquanto um feitiço de vigília se desmantelava, revelando seu cansaço acumulado.

“Eu também tô indo.” Shangri-la anunciou de maneira abrupta, seu corpo desaparecendo em um borrão de movimento. A brisa deixada por sua saída fez as vestes de Káčatko balançarem suavemente, como se a própria pressa de Shangri-la tivesse vida própria.

“Mmmmm...” Nishikienrai suspirou pesadamente, cruzando os braços e balançando a cabeça com um cansaço mental. “Excelentes parceiros de trabalho que eu tenho...” murmurou com sarcasmo, como um desabafo inevitável diante do comportamento disperso dos seus companheiros. Ele ajustou sua máscara levemente, mas a frustração em sua voz denunciava seu verdadeiro estado de espírito.


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*Na Sala de Reuniões*

As portas enormes da sala de reuniões se abriram lentamente, e Nishikienrai entrou com passos cuidadosos. Suas botas ecoaram levemente no chão de mármore polido enquanto seus olhos avaliavam as três figuras já presentes: Agarudarou, Orishi e Traumarei. A atmosfera era densa, envolta em uma tensão quase palpável, como se todos ali carregassem um fardo invisível.

Agarudarou, imponente e com uma expressão severa, não se moveu ao vê-los entrar, mas seus olhos brilharam com uma expectativa inabalável. “Então... Como foram as investigações no Estado do Conselho de Argland?” Ele falou com uma voz baixa e firme, carregada de autoridade.

Sem hesitar, Nishikienrai caminhou até o centro da sala e assumiu a liderança. Ele se sentou de maneira meticulosa, ajustando-se na cadeira sem pressa. “Relatório pronto.” Sua voz soou com confiança controlada, como se pesasse cada palavra cuidadosamente.

“Conseguimos algumas informações importantes sobre o Estado do Conselho de Argland.” Nishikienrai começou, erguendo o olhar para encontrar o de seus colegas. “A população lá é extremamente devota, quase fanática. A estrutura social deles gira em torno de uma veneração irracional, semelhante à lealdade que vemos nos NPCs de Nazarick.”

Agarudarou franziu o cenho levemente, cruzando os braços com um ar contemplativo. “Explique mais.”

Nishikienrai fez um breve aceno de cabeça. “Os habitantes reverenciam Dragões como divindades. Acreditam que essas criaturas são as mais poderosas do mundo, e essa devoção cega define toda a sociedade.”

Orishi tamborilou os dedos contra a mesa de pedra, seus olhos semicerrados enquanto absorvia a informação. “Fanáticos por Dragões... Isso pode ser problemático.” Ele murmurou para si mesmo, pensativo. “Ou uma vantagem, dependendo de como jogarmos nossas cartas.”

Traumarei, que permanecera em silêncio até então, inclinou-se lentamente para frente. “Há alguma estimativa sobre o número total de Dragões naquele território?” Sua voz suave, quase monótona, contrastava com o conteúdo perturbador de sua pergunta.

“Há Dragões governando diretamente várias cidades.” Nishikienrai respondeu, mantendo o tom firme. “Não sabemos o número exato, mas os rumores indicam que existem mais de mil, incluindo aqueles que vivem em outros continentes.”

Agarudarou estreitou os olhos, uma expressão grave atravessando seu rosto. “E quanto aos Dragões mais poderosos?”

Nishikienrai respirou fundo, organizando as informações mentalmente antes de continuar. “Os Soberanos Dragões e principalmente Os  verdadeiros Soberanos Dragões estão no topo da hierarquia.
Os verdadeiros Soberanos Dragões parece possui uma classe própria que permite utilizar uma magia exclusiva...
Cada um possui poderes únicos e governam territórios-chave. O Soberano Dragão Platina, por exemplo, reside no território dos antigos Oito Reis da Ganância. Outros, como o Soberano Dragão do Mar Profundo, comandam reinos submersos. Contudo, alguns desses Soberanos estão desaparecidos ou presumidamente mortos... Ah, e há também os chamados ‘falsos Dragões Soberanos’.”

“...‘Falsos Dragões Soberanos’?” Traumarei repetiu lentamente, tamborilando os dedos contra o braço da cadeira em um ritmo deliberado.

Nishikienrai fez um leve aceno. “Sim. São Dragões que não conseguem usar a verdadeira magia dracônica e não são tão poderoso assim. Um deles foi identificado vivendo no Reino dos Anões.”

Shangri-la entrou na sala naquele momento, jogando-se preguiçosamente em uma cadeira com um ar displicente. “Um Dragão que não é realmente um Dragão... Típico aqueles chefez não não são os chefes verdadeiros.” Ele bufou, cruzando os braços enquanto um brilho curioso surgia em seus olhos. “Essa tal Magia dos Dragões... Se descobrirmos como funciona, talvez possamos explorar novas possibilidades.”

Agarudarou lançou um olhar firme ao grupo. “Cada fragmento de informação é essencial. Precisamos considerar cuidadosamente todas essas descobertas. Podem ser decisivas para nossas futuras operações.”

Nishikienrai concordou com um leve movimento de cabeça.

Traumarei esboçou um sorriso sutil, cheio de segundas intenções. “Estou satisfeito. Em poucos dias, vocês conseguiram informações valiosas para aprofundarmos nosso entendimento deste mundo.”

Nishikienrai se voltou para Agarudarou, adotando um tom profissional. “Qual é o próximo passo, Agaru-san?”

“Descansem e estejam prontos.” Agarudarou respondeu calmamente, inclinando a cabeça em um gesto que indicava o fim da reunião. “Amanhã, ao meio-dia, vamos subjugar um Dragão.”

Antes de deixar a sala, Nishikienrai, cujas emoções eram escondidas por sua máscara inexpressiva, lançou um olhar para Traumarei.

“Tem certeza?”

Traumarei não hesitou, sua expressão permanecendo calma. “Sim. Coloquei esses dois à frente dessa tarefa porque eu confio em suas capacidades intelectuais.”

Shangri-la inclinou a cabeça, um sorriso enviesado nos lábios. “Agarudarou, você está pensando em conseguir informações diretamente da fonte?”

Agarudarou não respondeu imediatamente. Em vez disso, seus olhos escureceram, e um brilho perigoso passou por eles. Um silêncio pesado tomou conta da sala, enquanto todos compreendiam que aquela missão seria apenas o começo de algo muito maior.


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**Nos Corredores de Nazarick**

Enquanto as portas pesadas da sala de reuniões se fechavam atrás deles, Nishikienrai e Shangri-la avançaram pelos corredores imponentes e silenciosos de Nazarick. O eco suave de seus passos era a única companhia, até que Shangri-la, quebrou o silêncio.

“Qual sua opinião sobre isso?” Shangri-la perguntou, sem olhar diretamente para Nishikienrai, como se a pergunta fosse apenas um pensamento solto.

Nishikienrai, com sua máscara inexpressiva escondendo qualquer possível emoção, respondeu em um tom baixo e ponderado. “Nós precisamos de informações, pois... informações são a chave para qualquer vitória.” Ele fez uma breve pausa antes de continuar, mais hesitante. “Eu concordo com isso, mas... estou com uma certa preocupação.”

Shangri-la soltou um suspiro curto, que parecia mais uma risada abafada. “‘Preocupação’, é? Está com medo de nos metermos em alguma encrenca?” Ele ergueu as sobrancelhas, a voz carregando uma leve provocação, mas sem qualquer malícia real. “De fato, nós dois não somos exatamente conhecidos por nossa defesa impecável. Se algo der errado, talvez sejamos os primeiros a tombar.”

Nishikienrai apertou os lábios sob a máscara, suas palavras seguintes ficaram presas por um instante enquanto ele ponderava.

‘Não é exatamente isso...’ ele pensou consigo mesmo, sem manifestar em voz alta. A sensação incômoda que o consumia era mais complexa, algo que ele ainda não havia conseguido definir completamente.

Parando abruptamente no corredor, Shangri-la virou-se para ele, um brilho desafiador nos olhos. “Que tal treinarmos um pouco? Vamos até o Ostanniy.”

Nishikienrai piscou uma vez, processando a proposta repentina. “Treinar?”

Shangri-la sorriu, o tipo de sorriso que prometia problemas – ou, ao menos, diversão no meio deles. “Isso mesmo. Treinamento nunca é demais. Se vamos enfrentar Dragões, é melhor estarmos preparados.”

A atmosfera ao redor deles parecia se fechar, como se as paredes de Nazarick escutassem e aprovassem a ideia. Nishikienrai, embora cauteloso por natureza, sabia que Shangri-la não estava totalmente errado. Com um leve aceno de cabeça, ele aceitou a proposta, e ambos seguiram em direção ao Ostanniy, um último lugar de Nazarick.

Enquanto caminhavam lado a lado, o som de seus passos era absorvido pelas sombras profundas dos corredores. Shangri-la olhou para Nishikienrai de relance, sem perder o tom despreocupado que lhe era característico.

“Quem sabe... talvez esse treinamento nos ajude a aprende mais habilidades.”

Nishikienrai não respondeu, mas seus olhos, ocultos sob a máscara, brilharam por um momento. Um momento de preparação poderia ser a diferença entre a vida e a morte.

**Em Ostanniy**

O ar salgado da praia soprou gentilmente, carregando a leve brisa do mar até eles. O som das ondas quebrando à distância misturava-se ao farfalhar das folhas das palmeiras, criando um contraste curioso com o silêncio opressivo de Nazarick. Nishikienrai e Shangri-la pararam por um momento, ambos contemplando o cenário à sua frente: o vasto último andar da Grande Tumba, onde as fronteiras entre floresta, praia e arena de treinamento se fundiam.

Shangri-la, com seu semblante sempre descontraído, passou a mão nos cabelos, que balançavam suavemente ao ritmo do vento. Seu olhar brilhava com uma mistura de entusiasmo.

“—Você quer treinar aqui na praia ou preferimos a arena?” — ele perguntou, sem muita preocupação, como se a escolha fosse irrelevante para ele.

Nishikienrai cruzou os braços e ficou em silêncio por um instante, seu olhar encoberto pela máscara fixo no horizonte. Ele não parecia interessado em discutir, mas seu jeito calmo sugeria que estava sempre atento, analisando cada detalhe ao seu redor.

“Tanto faz.” — Nishikienrai respondeu finalmente, com a voz neutra, sem demonstrar entusiasmo ou hesitação.

Shangri-la deu de ombros e soltou um leve riso nasal.

“Hah. Você nunca muda, não é?” — comentou, com um meio sorriso provocador, mas sem malícia.

O vento agitou novamente suas roupas, fazendo o tecido de seus mantos ondular como se fossem uma extensão do próprio mar. Ao longe, os ecos dos monstros que habitam o mar.

Nishikienrai desviou o olhar para a arena no topo da colina, seus pensamentos ainda vagos e desconexos. Ele sabia que, mesmo em momentos de descontração como este, a preparação nunca era apenas um detalhe. Cada treino, cada movimento ensaiado poderia significar a diferença entre a sobrevivência e o fracasso em suas futuras missões.

Shangri-la o observava com atenção, percebendo a inquietação silenciosa por trás da fachada inexpressiva de seu companheiro. Ele girou levemente os ombros, aquecendo o corpo como um predador prestes a entrar em ação.

“Certo. Vamos decidir no caminho, então.” — ele disse, dando um passo à frente e estalando os dedos com um som seco que ecoou na praia silenciosa.

Sem mais palavras, os dois avançaram pelo caminho que levava à arena. As pegadas na areia eram logo apagadas pelo vento, como se o próprio Nazarick quisesse que eles desaparecessem sem deixar rastros.

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