Dia 11 de Nazarick no Novo Mundo
Na capital da Teocracia Slane, o Salão dos Cardeais estava envolto em uma atmosfera de tensão palpável. As pesadas portas de carvalho maciço foram fechadas, isolando qualquer som vindo do exterior. No centro da sala, os seis cardeais se sentavam em pé de frente ao um homem ajuelado, suas feições sérias refletidas nas paredes adornadas por tapeçarias que representavam os Seis Grandes Deuses.
Berenice Nagua Santini, a Cardeal do Fogo, é uma mulher idosa com seu rosto bem alimentado ostentando um sorriso maternal, que deixa todos que olham para ela à vontade. Ela tem mais de 50 anos e é um pouco gordinha, possivelmente devido à sua idade. Seu olhar fulminava de determinação, os olhos queimando com uma intensidade que rivalizava com o fogo que simbolizava seu posto. Cada músculo de seu corpo estava tenso, como se a qualquer momento ela estivesse pronta para lançar-se à ação. Ela era conhecida por sua impaciência, e hoje não era diferente.
Zinedine Delan Guelfi, o Cardeal da Água, estava ao seu lado, com uma expressão contrastante de serenidade. Seus cabelos prateados caíam suavemente sobre seus ombros, e seus olhos azul-profundo, que costumavam refletir uma calma quase sobrenatural, agora tinham um brilho vigilante. Era como o mar calmo que esconde sua verdadeira força nas profundezas. Zinedine raramente falava, mas quando o fazia, suas palavras carregavam o peso de alguém que já havia contemplado a destruição em primeira mão.
Dominic Ihre Partouche, o Cardeal do Vento, estava recostado em sua cadeira, os braços cruzados, como se estivesse à espera de um espetáculo. Seus olhos brilhantes percorriam a sala com um interesse quase jovial, mas aqueles que o conheciam bem sabiam que sua postura relaxada era enganosa. O vento que ele representava podia ser imprevisível, mudando de brisa suave a furacão num piscar de olhos.
Raymond Zarg Lauransan, o Cardeal da Terra e comandante das Seis Escrituras, permanecia imóvel, sua figura robusta e sólida como uma montanha inabalável. Seus cabelos castanhos e sua expressão grave refletiam uma liderança austera e segura. Ele ergueu o olhar, varrendo a sala com olhos que pareciam ver além do presente, como se pudesse prever os desdobramentos de cada ação. Sua postura firme deixava claro que ele não toleraria falhas.
Yvon Jasna Delacroix, o Cardeal da Luz, estava ao lado de Raymond, irradiando uma aura de tranquilidade e pureza. Seus cabelos loiros brilhavam suavemente sob a luz, e ele mantinha uma expressão serena. Seu papel era de guia espiritual, a luz que deveria orientar o grupo mesmo nos momentos mais sombrios. Ele raramente mostrava emoções extremas, mas aqueles que observassem com atenção veriam que seu semblante calmo escondia uma tensão crescente.
Maximilian Oreio Lagier, o Cardeal das Trevas, permanecia em silêncio, seus olhos vermelhos brilhando como brasas na escuridão. Seu cabelo negro como a noite caía desordenadamente sobre o rosto, e sua expressão era fria, calculista. Ele observava a todos com um olhar penetrante, como um predador estudando suas presas. Maximilian raramente falava, mas suas ações sempre deixavam uma marca indelével.
Raymond quebrou o silêncio com uma voz firme. “Vocês entenderam?” perguntou, sua voz ecoando pelas paredes de mármore da sala. Seus olhos castanhos fixaram-se no Capitão da Escritura Negra, esperando uma resposta sem hesitação.
O Capitão da Escritura Negra, Trawy Tugiii, levantou sua cabeça. Seu porte rígido refletia uma disciplina quase inumana, seus olhos verdes fixos em Raymond com uma concentração feroz. “Sim, senhor. Nossa missão é escoltá-lo em segurança até a capital real do Reino de Re-Estize. Quando chegarmos à cidade de E-Rantel, parte de nós eliminará o Lorde Dragão da Catástrofe.”
Raymond assentiu, satisfeito, mas sua expressão não perdeu a severidade. “Lembrem-se,” ele continuou, suas palavras carregadas de gravidade, “o motivo de nossa viagem noturna é evitar chamar atenção. Nosso objetivo é conversar com o Rei Ramposa III sem causar alarde. Precisamos descobrir o que ele sabe sobre os ‘Supremos’.”
Os outros cardeais mantiveram-se em silêncio, cada um absorvendo as palavras de Raymond com diferentes graus de preocupação. A menção dos “‘Supremos’” fez com que uma tensão adicional pairasse sobre o grupo. Eles sabiam que estavam lidando com algo muito além das suas capacidades normais.
Raymond voltou-se para o grupo mais uma vez, sua voz ecoando pela sala. “O plano é simples. Seremos escoltados por toda a Escritura Negra até os arredores de E-Rantel. A partir daí, nos dividiremos. Um grupo seguirá para a Floresta de Tob para eliminar o Dragão Lorde da Catástrofe que despertou, enquanto o outro continuará para a capital.”
Ele ergueu a mão em um gesto solene. “Que os Seis Grandes Deuses nos conduzam pelo caminho certo.”
“Que os Seis Grandes Deuses nos conduzam pelo caminho certo,” repetiram os membros da Escritura Negra, suas vozes ressoando em uníssono, como uma oração silenciosa antes de enfrentar o desconhecido.
A sala voltou ao silêncio, mas a tensão, agora misturada com a determinação, permaneceu no ar como uma espada pendendo sobre suas cabeças. Cada um dos cardeais sabia que o sucesso dessa missão poderia muito bem determinar o futuro da Teocracia.
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À Noite caía sobre a cidade de E-Rantel como um manto de sombras, as luzes das casas e tavernas esmaecendo com o avançar das horas. Na casa alugada, de e seu grupo Shizyu, um grupo estava reunido em meio a um ambiente de tranquilidade momentânea.
Wen-Mon, sempre imponente com sua voz carregada de autoridade, olhava fixamente para Lycan Thropius, com os olhos semicerrados, como se medisse a capacidade do guardião de cumprir sua tarefa. Ao seu lado, Jo¥bro, Temperance, Tepas e Touch-me permaneciam em silêncio, cada um com suas próprias reflexões sobre a missão.
“E então, Lycan, você já está com a localização dos bandidos,” disse Wen-Mon, com um leve aceno de cabeça. Sua voz cortou o silêncio com um tom direto e definitivo. “Vá e capture-os.”
As palavras de Wen-Mon eram mais uma ordem do que um pedido. O peso de sua autoridade era inegável, e ninguém na sala ousaria questioná-lo. Ele virou-se para os outros membros da guilda. “Vamos, pessoal,” completou, gesticulando para que o seguissem.
Sem mais uma palavra, os membros da guilda deixaram o local, cada um movendo-se com uma determinação silenciosa. A porta se fechou suavemente atrás deles, e Lycan Thropius ficou sozinho.
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Lycan Thropius, o guardião da área dos três primeiros andares de Nazarick, era um ser marcado pela selvageria. Conhecido por sua personalidade rude e atitude lasciva, ele frequentemente referia-se a Lupusregina como “‘pet-chan’”, um apelido que revelava seu desprezo sutil, além de sua natureza imprudente. O lobisomem tinha uma aparência imponente e feroz: seus cabelos brancos caíam desordenadamente sobre o rosto marcado por cicatrizes e tatuagens tribais, suas orelhas de lobo pontiagudas e seus olhos vermelhos brilhavam com uma malícia inata. Ele se destacava entre os outros, não apenas por sua força, mas pela aura selvagem que o cercava.
Contudo, em sua forma de lobisomem, essa ferocidade era levada ao extremo. Seus músculos tornavam-se ainda mais proeminentes, o pelo preto e cinza cobrindo sua pele já endurecida pela batalha. Seus olhos, agora azuis como o gelo, brilhavam com uma intensidade animalesca, refletindo o predador que ele era por dentro.
O silêncio na sala era quebrado apenas pelo som da respiração controlada de Lycan. Ele olhou pela janela, seus olhos vermelhos fixos no horizonte distante, onde a escuridão se misturava com as luzes tênues da cidade humana. As presas dele não estavam em E-Rantel; estavam nas sombras além das muralhas.
“Hoje, finalmente, farei minha caçada,” murmurou ele para si mesmo, os dentes revelando um sorriso predatório. “Serei o primeiro guardião de área a fazer uma missão tão importante!”
A excitação corria em suas veias como um veneno. Lycan Thropius sentia sua sede de sangue crescer, o desejo de provar sua força avassaladora. Ele não tinha nenhum grande objetivo além de satisfazer seu ego; queria apenas ser visto como o mais forte. Sua necessidade de afirmação era exacerbada pelo ódio que nutria por aqueles que ousavam zombar dele ou tratá-lo como inferior. Mas, ao mesmo tempo, havia o medo sutil daqueles mais poderosos — os Guardiões de Andar e os Seres Supremos, diante dos quais ele se curvava com relutância.
Lycan ajustou seu moletom preto com detalhes em vermelho, revelando os braços musculosos, cobertos de tatuagens. Ele verificou suas garras, afiadas como lâminas, e passou a língua sobre os dentes, ansioso para usá-los em combate. Era uma sensação que fazia seu corpo inteiro formigar de expectativa.
Ele sabia que a noite seria sua aliada, um véu que esconderia suas ações enquanto se movia com a agilidade de um verdadeiro predador.
Com um último olhar pela janela, ele virou-se e saiu, movendo-se como uma sombra, silencioso e letal, em direção aos arredores da cidade. Cada passo era calculado, cada movimento meticulosamente sincronizado com os ritmos noturnos que ele conhecia tão bem. A caçada estava prestes a começar.
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Não muito longe dos arredores de E-Rantel, os bandidos estavam reunidos ao redor de uma fogueira, a chama dançante lançando sombras grotescas sobre seus rostos. Eram dez homens, suas expressões relaxadas, a confiança estampada em cada sorriso malicioso.
“Espero que consigamos roubar alguém nessa noite!” exclamou um deles, inclinando-se para frente, os olhos brilhando com cobiça.
“Claro!” respondeu outro, com uma risada áspera. “Vamos esperar até que um viajante passe por essas redondezas. Fácil como roubar doce de criança.”
As risadas e a conversa continuavam, seus planos de pilhagem sendo discutidos como se o mundo fosse deles para dominar. A arrogância deles era palpável, e nenhum deles suspeitava que, naquele momento, o verdadeiro caçador já estava à espreita.
Eles não sabiam, mas o predador estava chegando. A noite estava para mudar, e o riso seria substituído pelo som de garras cortando a carne e ossos quebrando.
A lua cheia iluminava a clareira com uma luz espectral, refletindo-se nos olhos brilhantes e vermelho de Lycan Thropius, que rosnou baixo, sua voz grave reverberando como o eco de um trovão distante.
“Hahaha… E que a diversão comece,” disse ele, um tom de excitação bestial em suas palavras, que pareciam vibrar no ar.
Em sua forma de lobisomem, Lycan era uma visão aterradora. Seus músculos, volumosos e definidos, eram cobertos por pelos preto e cinza que se eriçavam em antecipação. As garras afiadas, brilhando sob a luz da lua, estavam prontas para o abate. Ele era, em todos os aspectos, o predador perfeito, uma força da natureza pronta para se soltar sobre as presas.
Os bandidos, que até então riam e discutiam seus planos, pararam abruptamente. Suas risadas morreram em suas gargantas quando se depararam com a visão do lobisomem. Eles se levantaram apressadamente, o medo estampado em seus rostos.
“Mas que merda é essa?” gritou um dos bandidos, a voz traindo seu pavor, enquanto ele tropeçava para trás, os olhos arregalados em terror.
Lycan Thropius sorriu, revelando os dentes afiados. Seu olhar transbordava com a promessa de morte, e ele lambeu os lábios lentamente, saboreando o cheiro do medo que emanava deles.
“Vocês são minha presa desta noite,” disse ele com uma calma ameaçadora, sua voz agora baixa, mas carregada de intenção predatória.
Os bandidos, apesar do medo paralisante, tentaram recuperar parte de sua bravura. Desesperados, sacaram suas armas improvisadas, espadas mal afiadas e facas enferrujadas, como se esses pedaços de metal pudessem deter a fera diante deles. Mas a força brutal de Lycan estava além de qualquer coisa que eles pudessem enfrentar.
Com um rugido que estremeceu a própria terra sob seus pés, Lycan Thropius avançou com uma velocidade devastadora. Suas garras cortaram o ar com precisão mortal. Em um instante, ele estava sobre eles, e o primeiro dos bandidos nem teve tempo de gritar antes de ser dilacerado, suas entranhas espalhadas pelo chão. O brilho da lua capturava as gotas de sangue que voavam pelo ar, criando uma cena de violência pura e selvagem.
“O-o quê?!” balbuciou um segundo bandido, os olhos fixos no corpo mutilado de seu companheiro. Ele ergueu sua espada, mas foi tarde demais. As garras de Lycan cortaram sua carne como se fosse papel, abrindo seu peito com um som grotesco de ossos partindo.
Os gritos de agonia ecoaram pela clareira enquanto um por um os bandidos caíam sob o ataque implacável de Lycan. Seus movimentos eram brutais, porém calculados, sua fúria canalizada em cada golpe. Ele esmagava crânios e dilacerava membros com uma ferocidade que só um verdadeiro predador poderia demonstrar.
Em meio ao massacre, o cheiro de sangue fresco se intensificava, atiçando ainda mais os instintos de Lycan. Seus olhos brilhavam intensamente, e sua mente estava tomada pela fome insaciável. A clareira era agora um campo de carnificina, e o som de espadas caindo no chão substituía os últimos suspiros dos bandidos.
Quando o último grito cessou, Lycan Thropius ficou parado no meio dos corpos destroçados. O brilho intenso em seus olhos começou a se apagar, e seu sorriso predatório desapareceu gradualmente, substituído por uma expressão de descontentamento.
“... Merda…” murmurou ele, passando as garras pelo rosto, seus dedos sujos de sangue fresco. A euforia da batalha começava a dissipar-se, dando lugar a um sentimento de frustração crescente. Ele olhou para os corpos mutilados ao seu redor, os pedaços de carne e ossos espalhados como restos de uma festa macabra.
Ele se agachou ao lado de um dos bandidos caídos, virando o corpo com um gesto casual. Não havia mais vida em nenhum deles. O erro que havia cometido era evidente. Agira por impulso, guiado pela emoção do momento, e não havia deixado ninguém vivo para questionar ou avaliar.
“Idiota,” disse ele para si mesmo, sua voz baixa, mas cheia de autocrítica. “Matei todos antes de ver se algum deles sabia usar artes marciais.”
Seu momento de triunfo foi efêmero, eclipsado pela amarga realização de que agira com descuido. Ele sabia que não poderia reverter suas ações agora, mas o arrependimento mordia seus calcanhares.
Ele se levantou, afastando-se dos cadáveres, seus olhos percorrendo a clareira devastada. “Não dá para fazer mais nada,” murmurou com resignação, limpando as mãos ensanguentadas nas calças, as manchas vermelhas se misturando com o tecido escuro.
Com um gesto prático e frio, Lycan Thropius retirou o item de teleporte que havia recebido de Tabula. Ele o segurou por um breve momento antes de ativá-lo, observando o portal se abrir diante de si, um vórtice negro e pulsante que emanava uma energia inquietante.
Ele olhou uma última vez para os corpos dos bandidos, agora prontos para serem levados a Nazarick. A caçada havia sido bem-sucedida, ainda que marcada por sua própria impetuosidade. Com um suspiro baixo, ele começou a transportar os corpos um a um.
“[Matilha]” disse ele, e vários pequenos lobos aparecerão. “Levem esses corpos para Shalltear-sama.”
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Lycan Thropius caminhava pela floresta como um predador em seu habitat natural. Seus sentidos aguçados captavam cada som, cada movimento, mas foi o cheiro — um odor característico de suor e medo — que o fez parar de repente. Ele farejou o ar, uma onda de antecipação crescendo dentro dele. O cheiro vinha de um novo esconderijo, um túnel obscuro cravado na lateral de uma colina coberta por árvores densas.
“Novas presas,” murmurou ele com um sorriso cruel, seus olhos brilhando à luz fraca da lua que espreitava por entre as copas das árvores. Sem pressa, mas com a confiança de um caçador supremo, ele avançou em direção ao esconderijo.
Assim que os primeiros bandidos dentro do túnel o avistaram, o pânico se instalou. Eles tentaram fugir, mas a velocidade de Lycan era insuperável. Ele moveu-se como um borrão de músculos e ferocidade, seus golpes rápidos e precisos derrubando os inimigos antes mesmo que pudessem reagir adequadamente. O lobisomem, desta vez, controlava sua sede de sangue. Sua força brutal era suficiente para neutralizá-los sem matá-los imediatamente.
Os bandidos, percebendo a futilidade de sua resistência, logo caíram de joelhos, tremendo e suplicando por suas vidas. A clareira logo estava tomada por gritos de desespero, misturados com o som abafado das respirações pesadas de Lycan.
“Vocês são capazes de utilizar artes marciais?” perguntou Lycan, sua voz baixa e carregada de ameaça, enquanto observava os homens rendidos diante dele.
Um dos bandidos, com o rosto pálido e os olhos arregalados de medo, tentou falar, mas sua voz vacilava: “N-não... por favor, não...”
Ele não teve tempo de terminar sua súplica. Num único movimento, rápido e brutal, Lycan dilacerou todos os bandidos com suas garras. O cheiro metálico de sangue fresco encheu o ar, e os corpos mutilados caíram ao chão como sacos de carne.
“Espero que dentro desse túnel tenha alguém capaz de utilizar artes marciais,” murmurou ele, mais para si mesmo do que para os bandidos mortos aos seus pés. Seus passos eram silenciosos enquanto avançava pelo túnel sombrio, os olhos brilhando na escuridão, adaptados à pouca luz que havia ali. O cheiro de sangue e suor impregnava o ar, indicando que ainda mais inimigos o aguardavam à frente.
Conforme caminhava, o som de murmúrios e passos apressados começou a ecoar pelos corredores da caverna. Lycan estreitou os olhos, sua mente já se preparando para o confronto iminente. Ele podia sentir a ansiedade dos inimigos crescendo, e isso o excitava ainda mais. Ele estava pronto para devorar qualquer um que ousasse desafiá-lo.
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No fundo do túnel, Brain Unglaus estava descansando, seus pensamentos vagando por batalhas passadas e futuras. Ele era um guerreiro nato, e o som da luta, que de repente começou a ecoar pelo túnel, rapidamente o tirou de seu estado de tranquilidade. Seus sentidos aguçaram-se automaticamente, sua mão já movendo-se em direção à empunhadura de sua espada. Um leve sorriso curvou seus lábios enquanto ouvia os sons do confronto à distância.
“Oh, parece que alguém está lutando. Espero que seja um oponente bom,” disse Brain, a excitação crescendo em sua voz. Com movimentos calculados, ele se levantou, ajustando sua postura antes de começar a caminhar em direção aos gritos e o caos.
Antes de chegar à entrada do túnel, um homem surgiu apressado da direção oposta. Ele ofegava, a expressão no rosto distorcida pelo medo, o suor escorrendo por sua testa. Brain o reconheceu como um dos mercenários da Brigada.
Quando o mercenário viu Brain, uma mistura de alívio e triunfo apareceu em sua expressão. Ele parecia quase pronto para comemorar sua sobrevivência.
“Brain-san, tão atacando a gente!” o mercenário gritou, sua voz tingida de pânico.
Brain, com um sorriso amargo e um tom de desaprovação, respondeu: “Isso eu já percebi. O que eu quero saber é quantos estão lá? Quem são?”
O mercenário engoliu em seco, tentando controlar a respiração. “Ah, claro! Há um lobisomem!”
“Um lobisomem, é…” Brain inclinou a cabeça ligeiramente, pensativo, seus olhos se estreitando. A perspectiva de enfrentar uma criatura dessas despertava seu interesse. Ele balançou a cabeça, como se estivesse esclarecendo sua mente, e então olhou em direção à entrada da caverna, de onde o som da batalha ecoava.
“Hm, não precisa vir junto. Apenas vá e trate de proteger bem o interior,” disse Brain, dispensando o mercenário com um gesto casual.
Sem mais palavras, Brain seguiu em frente, caminhando calmamente em direção à ameaça desconhecida, mas poderosa. O som de seus passos era deliberado, ecoando pelo túnel enquanto ele avançava. Sua excitação crescia a cada segundo, seus músculos se preparando para o embate iminente.
Brain Unglaus avançava pela escuridão do túnel, seus sentidos aguçados acompanhando cada som, cada eco. Ele já estava familiarizado com o som de carne sendo dilacerada e ossos quebrados. No entanto, desta vez, havia algo diferente — o som era mais... animalesco. Conforme se aproximava do epicentro da luta, os grunhidos e estalos dos corpos mutilados diminuíam, como se o predador estivesse saciado. Brain sentiu um estranho calafrio percorrer sua espinha, mas, ao invés de hesitar, seu corpo reagiu de forma contrária, cheio de antecipação.
Ao chegar ao local, a cena que se desdobrava diante dele era grotesca. Sangue espalhado pelas paredes, pedaços de carne e ossos misturados em poças de sangue, corpos retorcidos de seus antigos companheiros. O cheiro metálico da carnificina enchia o ar, mas Brain não parecia perturbado. Pelo contrário, ele apenas soltou um leve suspiro, como se a visão fosse uma irritação menor.
“Nossa, você fez uma bagunça, monstro,” disse Brain com sua habitual expressão indiferente, como se estivesse comentando sobre um trabalho malfeito.
Lycan Thropius, seu corpo robusto coberto de sangue e restos mortais, ergueu os olhos em direção ao homem que ousava se dirigir a ele sem medo. Seus olhos brilhavam em um tom predatório enquanto um sorriso cruel se formava em seu rosto. “Hahaha... Mais um. Espero que você tenha habilidades de artes marciais, ou vai acabar como esses idiotas,” respondeu Lycan, apontando para os corpos mutilados aos seus pés.
O olhar de Brain percorreu o cenário macabro com a mesma calma de antes. Ele então soltou um suspiro leve, como se tudo aquilo fosse um incômodo passageiro. “Parece que você já se divertiu muito por aqui. Espero que ainda reste um pouco de diversão para mim,” disse, sua voz baixa e relaxada, enquanto assumia uma postura de combate, seus músculos se retesando em antecipação.
Lycan estreitou os olhos, seu sorriso se ampliando ainda mais. Havia algo intrigante na falta de temor daquele humano. “É bom ver alguém que não foge do perigo. Vamos ver do que você é capaz, humano. Mas antes de eu te matar, quero saber se você possui artes marciais.”
Brain, de forma quase desdenhosa, deu de ombros. “Artes marciais? Quem disse que eu preciso de artes marciais pra dar conta de uma besta? Meu nome e Brain Unglaus.”
Ele não teve resposta.
“... Então, não vai dizer seu nome?” Ele se posicionou de forma mais firme, os dedos se fechando ao redor da empunhadura de sua katana.
Lycan Thropius, surpreso pela resposta desdenhosa, olhou para Brain com olhos afiados, mas logo sua expressão suavizou para um sorriso divertido. “Não vejo sentido em dizer meu nome,” respondeu ele, uma aura de desprezo emanando de suas palavras. “Mostre-me todas as suas habilidades,” concluiu, avançando em direção a Brain com uma calma perturbadora, seus passos reverberando nas paredes do túnel, como o tamborilar constante da morte se aproximando.
Brain Unglaus se preparou para o confronto, sua mente focada e seu corpo pronto para o combate. Ele assumiu uma postura firme e concentrou sua energia, preparando-se para mostrar todas as suas habilidades em artes marciais. Ele ativou sua arte marcial [Campo], foi uma das Artes Marciais originais que ele criou. Seu alcance não era grande, apenas cerca de três metros de raio, mas a Arte Marcial lhe permitia perceber tudo dentro desse raio. Talvez seja mais fácil explicar isso como um aumento de precisão e evasão enquanto estiver nessa área. Combinado com o corpo aprimorado de Brain, essa Arte Marcial possuía um poder extraordinário. Ele estava confiante de que poderia sair ileso sob uma chuva de flechas. Além disso, sua precisão era tal que ele podia dividir até um pequeno grão de trigo em dois. —Em adição. Todas as coisas vivas morrem quando as armas atingem seus pontos vitais. Assim, tudo o que era preciso fazer era dominar técnicas que pudessem atingir com precisão os referidos sinais vitais. Em vez de aprender uma ampla gama de técnicas, ele havia se concentrado em um único objetivo. Seu objetivo era atacar mais rápido que seu oponente, acertar com precisão um único golpe fatal e, no curso de seus estudos, ele havia mestrado uma segunda Arte Marcial única — [Lampejo Instantâneo]. Esse golpe de alta velocidade era rápido o suficiente para ser inesquivável, mas ele não parou por aí. Seu treinamento depois disso foi extraordinário, sempre em busca do auge da excelência. Ele deve ter praticado centenas de milhares, não, milhões de vezes. Seu uso incessante do ‹Lampejo Instantâneo› fez com que os calos crescessem nas palmas das mãos, a ponto de fazerem o formato do punho da espada. Ele se tornou um especialista na técnica. Em sua busca incessante pela perfeição, ele mais uma vez deu origem a uma nova téc- nica. Ele poderia cortar seu inimigo tão rapidamente que o sangue não iria nem grudar na lâmina. Sentindo que ele havia alcançado o reino dos deuses, ele chamou essa técnicaaprimorada de [Lampejo de Deus]. Com esse movimento, seus oponentes nem perceberiam a dor do golpe. Uma vez que ele combinasse essas duas Artes Marciais, [Campo] que garantia o acerto e [Lampejo de Deus] que atingia a velocidade divina, não havia como alguém conseguir evitar ser morto em um só golpe. Seus ataques sempre eram direcionados aos pontos vitais de seus oponentes; especificamente, seus pescoços. Ele costumava chamar essa junção de [Vento Uivante]. Foi nomeado assim dado ao som que o sangue de seu oponente fazia enquanto espirrava dos pescoços decepados. Como se tratava de um lobisomen, provavelmente não haveria spray de sangue, mas ser capaz de cortar o pescoço de seu inimigo provavelmente contava como uma vitória.
Brain, sem hesitar, ativou seu [Campo] — uma habilidade que ampliava sua percepção e o envolvia em uma aura que alertava para qualquer movimento dentro de seu alcance de 3 metros. Uma luz suave irradiou do chão ao redor dele, marcando a extensão do campo.
Lycan, ao ver a luz surgir ao redor de Brain, ergueu uma sobrancelha com desdém. “Só isso? Essa sua arte marcial é defensiva? Não importa de qualquer maneira.” Ele continuou avançando com a mesma confiança implacável, o chão rangendo sob o peso de seus passos poderosos.
Brain, completamente focado, manteve-se imóvel, seus olhos seguindo os movimentos de Lycan. Ele estava esperando. Quando o lobisomem entrou no alcance de seu campo, Brain desferiu um golpe rápido e preciso com sua katana, movendo-se com uma velocidade impossível de acompanhar a olho nu. A lâmina brilhou ao cortar o ar, potencializada por várias técnicas de aumento de habilidade. O golpe era preciso e devastador, concentrando todas as forças de Brain em um único movimento.
O impacto foi ensurdecedor. O som da lâmina chocando-se contra o corpo de Lycan ressoou pelo túnel, seguido por uma breve explosão de luz. Por um momento, Brain acreditou que havia conseguido cortar o lobisomem. O golpe tinha sido perfeito, a técnica infalível.
Mas quando a luz desapareceu, a realidade chocante se revelou.
Lycan Thropius estava lá, parado, sem um único arranhão. Sua pele, tão dura quanto adamantite—Superior, havia resistido ao ataque de Brain como se fosse uma leve brisa.
Ele olhou para Brain, seus olhos brilhando com diversão selvagem. “Kuffff,” a risada gutural do lobisomem ecoou pelas paredes da caverna. “Não foi ruim. Senti um formigamento,” disse ele, zombando do ataque de Brain.
Brain Unglaus congelou. Ele olhou para sua katana, cujas lâminas estavam pressionadas contra o pescoço de Lycan, mas... não haviam cortado. Sua mente se recusava a aceitar o que via. Aquele era um golpe aprimorado, um golpe que deveria ter cortado qualquer material existente, até mesmo o mais resistente dos metais. E, no entanto, a pele de Lycan era impenetrável.
“In-impossível...” murmurou Brain, sua voz pouco mais que um sussurro. O choque o dominava completamente, cada respiração sua sendo acompanhada por palavras quase inaudíveis.
O corpo de Brain começou a tremer involuntariamente. Ele, um guerreiro de renome, conhecido por sua maestria, nunca havia experimentado tal sensação de impotência. A realidade brutal de sua situação caía sobre ele com o peso de uma montanha. O lobisomem à sua frente não era apenas forte — ele estava em um nível incompreensível. Algo além da lógica e das artes marciais. O golpe de Brain, que deveria ser imbatível, havia falhado.
Lycan Thropius sorriu com uma satisfação cruel, observando Brain Unglaus lutar para compreender a situação em que se encontrava. O som metálico da katana de Brain reverberava, tremendo em sua mão. A mente do guerreiro girava, tentando encontrar sentido no que acabara de acontecer. Ele já havia enfrentado monstros antes, mas algo como aquilo estava além de sua compreensão.
“Entende agora?” disse Lycan, sua voz carregada de escárnio. “Você não pode me vencer sem usar artes marciais. Então, use-as. Não se contenha. Já não passou da hora de vir com tudo?”
As palavras atingiram Brain como um golpe direto no estômago, afundando ainda mais o sentimento de impotência que começava a se formar. Suas mãos se apertaram ao redor da empunhadura da katana enquanto a raiva e a frustração surgiam.
“Seu monstro maldito—!” amaldiçoou Brain, tentando mascarar o medo que começava a se infiltrar em seu coração.
Lycan Thropius, porém, sorriu como se tivesse ouvido uma piada particularmente agradável. Um sorriso inocente, contrastando com a carnificina ao redor, se abriu em seu rosto, radiante como uma flor que desabrocha ao sol. “Jura? Só agora que percebeu? Eu sou frio, sarcástico, cruel — criado por um Ser Supremo.”
Com um movimento gracioso e rápido como o vento, Lycan saltou de volta para sua posição original, a precisão de seus movimentos quase sobrenatural. A katana de Brain estremeceu em sua mão, como se soubesse que havia falhado, como se sentisse a impotência de seu portador.
“Será que... você não pode usar artes marciais?” A voz de Lycan estava tingida de pena, mas havia um brilho de diversão maliciosa em seus olhos. Ele estava se divertindo com a luta, ou melhor, com a falta dela. “Sério, você não tem nada melhor? Me desaponte ainda mais, humano.”
As palavras cortaram fundo, ecoando na mente de Brain. Ele sentiu o peito apertar e o ar se tornou pesado. Sua respiração parou por um instante. Ele queria responder, queria dizer algo. Talvez uma piada, algo para mascarar o terror crescente. ‘Ah, eu acabei de usar, mas você as derrotou como se fosse nada.’ Mas as palavras não vieram.
Em vez disso, ele mordeu o lábio inferior, sentindo o gosto metálico do sangue. Recuperou sua katana, tentando reunir forças, mas a confiança que costumava impulsioná-lo estava se esvaindo.
“...Será que você não é tão forte assim?” Lycan provocou, sua voz agora mais fria. “Eu pensei que fosse mais forte do que aqueles sujeitos na entrada...” O lobisomem parecia genuinamente desapontado, como se esperasse uma diversão muito maior daquele combate.
Brain deu um passo atrás, seus olhos ainda fixos na criatura, seu corpo se recusando a relaxar, mesmo que sua mente começasse a ceder. Ele tentou processar as palavras de Lycan, mas a verdade se insinuava lentamente. Ele estava em uma luta que não poderia vencer.
“Você... é imune aos meus golpes?” Brain perguntou, sua voz tão fraca que parecia mais um sussurro.
A resposta de Lycan foi uma gargalhada alta e sinistra, ecoando pelo túnel e se misturando com os sons da morte que ainda pairavam no ar. “Hahahaha... De fato, meu caro. Sou imune a danos de nível inferior a 40. Parece que você terá que usar algo mais poderoso do que isso para me ferir.”
A mente de Brain tropeçou no conceito. “Nível?” O que isso significava? Ele não compreendia completamente, mas era óbvio o suficiente: ele estava enfrentando algo que superava tudo o que já havia conhecido. Algo que estava além da lógica de batalhas convencionais, além da lógica do treinamento humano. Toda a sua vida, suas batalhas, seus sacrifícios — tudo isso parecia ridiculamente insignificante agora.
Lycan observava a expressão de Brain com fascínio, como um predador assistindo a presa perceber que a fuga não era mais uma opção. “Você é tão fraco quanto aqueles que já matei,” disse Lycan, lambendo os lábios enquanto saboreava o momento de completa desesperança.
A mente de Brain estava mergulhada em um turbilhão de emoções — desespero, raiva, e a dolorosa compreensão de que tudo pelo que lutou não significava nada contra uma criatura daquele calibre. O que ele deveria fazer? Fugir? Mas isso seria ainda mais humilhante. Ele sempre acreditou que poderia se levantar, não importa quantas vezes fosse derrotado. Mas ali, naquele momento, frente a frente com aquele ser monstruoso, tudo o que restava era a incerteza. A força que ele pensava ter... era uma piada.
Lycan Thropius, vendo a indecisão em seus olhos, deu mais um passo à frente, aproximando-se lentamente de Brain. “Se isso é o máximo que você pode oferecer, talvez seja melhor simplesmente acabar logo com isso.”
Brain sentiu o peso daquelas palavras, um veredicto final. A morte pairava sobre ele como uma sombra inevitável. Ele sabia que a fuga não era uma opção, e lutar parecia ainda mais tolo. Cada batida de seu coração era como uma contagem regressiva, cada respiração um esforço para prolongar o inevitável.
E então, sem aviso, Lycan avançou.
Lycan Thropius continuava observando, seu sorriso perverso nunca vacilando, enquanto Brain lutava internamente. O guerreiro sentia algo errado. Seus instintos gritavam, sua mente se contorcia. Algo o atormentava profundamente.
‘Tem algo errado. Desde sempre eu mato monstros que desprezaram e zombaram de mim, não importa o quanto são fortes— eu sempre os mato, então por quê...?’
Esses pensamentos surgiram como uma onda, quase o derrubando. Brain lutou para dissipá-los, para focar. Em vez disso, lançou um grito primal, tentando suprimir o terror crescente.
“AAAAAHHHHH!” Com um rugido que reverberava pelos corredores, Brain avançou. A fúria em seus olhos era inconfundível, e sua katana brilhava enquanto ele realizava um ataque giratório contra Lycan. Para sua surpresa, a criatura o observava com um olhar de leve perplexidade, como se estivesse assistindo a um espetáculo insignificante. A força de Brain foi canalizada para aquele ataque, cada músculo do seu corpo sendo utilizado ao extremo. Aquele golpe seria suficiente para cortar qualquer ser humano ao meio, armadurado ou não.
Lycan Thropius não fez nenhum movimento para se esquivar. O lobisomem ficou parado, assistindo enquanto o arco brilhante da espada de Brain se aproximava. Por um breve momento, Brain acreditou que poderia acertá-lo. Que finalmente poderia causar algum dano.
Mas a realidade era cruel.
No instante seguinte, seus maiores medos foram confirmados. Um zumbido cortou o ar. Brain não podia acreditar no que via.
Nenhum de seus golpes sequer arranhava o lobisomem.
“WAAWAW—” Um som estranho saiu da garganta de Brain. Não era um rugido de raiva, mas um grito de puro desespero.
Golpe horizontal — bloqueado.
Golpe diagonal — aparado.
Golpe frontal — aparado.
Corte diagonal — aparado.
Corte vertical — aparado.
Corte horizontal — aparado.
Cada movimento que Brain fazia era inútil. Não importava o ângulo, não importava a força, nenhum golpe sequer arranhava o oponente. Era como tentar cortar uma montanha com uma lâmina de papel.
Lycan Thropius manteve sua postura relaxada, observando com uma mistura de tédio e leve diversão enquanto bloqueava os ataques frenéticos de Brain. “Está cansado? Eu ainda tô esperando que você use suas artes marciais.”
Aquelas palavras caíram sobre Brain como uma sentença de morte. Sua katana parou no ar, o peso do desespero finalmente o alcançando.
‘Poderia eu cortar uma montanha com essa katana?’ Ele refletiu brevemente, o peso da realidade esmagando suas esperanças. ‘Isso é impossível; até uma criança sabe disso. Então... poderia eu cortar Lycan?’
A resposta era evidente. Nenhum guerreiro comum poderia enfrentar uma entidade como **Lycan Thropius**. Ela estava além de qualquer coisa que **Brain** já tivesse encontrado. Ele, que estava no auge da capacidade humana, ainda era apenas um humano. E humanos... humanos não podiam derrotar monstros que transcendiam a própria lógica da existência.
“...Eu... treinei tanto...” Brain sussurrou, a voz quebrada pela frustração.
Lycan inclinou a cabeça, fingindo curiosidade. “Treinou!? Que declaração patética. Eu fui criada para ser forte. Jamais precisei treinar para alcançar nada.”
Brain riu amargamente ao ouvir isso. “Eu me esforcei. Eu treinei por tanto tempo, e não serviu pra nada. Como eu fui egoísta... Pensar que eu me achava um gênio...” Sua risada era o som de uma alma quebrada, uma pessoa que finalmente compreendeu sua total irrelevância.
Suas pernas, outrora firmes e decididas, agora pareciam pesadas, como se estivessem presas sob o peso de pedras gigantescas. Ele estava preso, esmagado pelo próprio desespero.
“...? Ahahahaha, por que está chorando?” Lycan perguntou, sua risada ecoando nas paredes do túnel. Era um som alegre, como se estivesse se divertindo com a ruína de Brain.
Ele entendeu o que Lycan Thropius estava dizendo, mas suas palavras pareciam distantes, abafadas, como se viessem de uma realidade diferente. Brain estava se afogando em seus próprios pensamentos, no oceano de desespero que ele mesmo havia criado.
‘Todo esse tempo manejando pesadas barras de ferro até dar bolhas nas mãos, para estourá-las e continuar treinando ainda mais, tudo isso não fazia sentido. Vestir armaduras pesadas e correr longas distâncias, tudo era inútil. Derrotar monstros por mim mesmo também não tinha significado.’ Tudo o que Brain achava importante antes agora parecia tão insignificante. Tão patético.
E com isso, ele percebeu a verdade. A vida de Brain Unglaus era sem sentido.
Ele estava diante de um ser que transcendeu o treinamento, que transcendeu o esforço humano. E ele... ele era apenas um homem balançando uma espada contra uma entidade inatingível.
E, então, Brain parou. Seu corpo, sua alma, sua vontade.
Brain Unglaus sempre zombou daqueles que julgava fracos, sempre se considerou superior. Agora, diante de uma verdadeira monstruosidade, ele não era nada. Brain mal conseguia conter o desespero que corroía sua mente.
“Eu sou um idiota...” Sua voz saiu baixa, quase inaudível, mas carregada com todo o peso da autocompreensão amarga.
O grito que ele soltou a seguir não era o brado de guerra de um guerreiro, mas sim o lamento de uma criança. Um som de puro terror e desespero, vindo de alguém que percebeu o quão insignificante realmente era.
Sem pensar, **Brain** virou as costas para **Lycan Thropius** e correu. Não havia estratégia, não havia plano — apenas o puro instinto de sobrevivência. Suas pernas moviam-se descontroladamente, quase tropeçando nos próprios pés, enquanto ele corria para o fundo da caverna. Sua mente sabia que era inútil. Ele já havia testemunhado a velocidade sobre-humana de Lycan. Sabia que ela o alcançaria em um instante.
Mas, neste momento, Brain não se importava. Ou melhor, ele não tinha energia para se importar. O peso da derrota, do fracasso, esmagava seu espírito, deixando-o incapaz de processar qualquer coisa além do desejo primitivo de escapar.
Seu rosto estava uma confusão de lágrimas e sujeira, enquanto seu corpo corria desajeitadamente, indefeso, completamente exposto. A única coisa que ecoava em sua mente era a verdade cruel de sua própria impotência.
Lycan Thropius, que até então rira alegremente, agora parara, observando a cena patética com olhos cheios de raiva e desprezo. “Uhh, ele está fugindo de mim?” A voz dela estava carregada de desprezo e irritação. “Mas que ousadia. Ele acha que consegue fugir?”
A raiva em Lycan aumentava a cada segundo. Seu corpo começou a emanar uma aura assustadora, uma pressão esmagadora que fazia o ar ao redor parecer mais denso. A aura de um verdadeiro predador, um monstro que não tinha paciência para seres que ousavam mostrar suas costas.
O sorriso brincalhão que outrora adornava seu rosto havia sumido. Agora, apenas o desprezo frio permanecia. “Parece que vou ter que mostrar a ele o que acontece quando subestimam um monstro.”
Lycan começou a caminhar em direção a Brain, seus movimentos eram lentos, calculados, como se quisesse prolongar o momento antes de encerrar sua caçada. O som de suas garras arranhando o chão ecoava pela caverna, enviando arrepios pela espinha de Brain. Ela não precisava correr. Ele era sua presa — e uma presa que já havia desistido da luta.
Enquanto Brain continuava correndo desesperadamente, ele pôde sentir a sede de sangue crescente atrás dele. Cada passo que dava parecia mais pesado, mais sufocante. Ele sabia que o fim estava próximo, mas seu corpo, movido apenas pelo desespero, não conseguia parar.
—Corria como um animal acuado. O pânico e o desespero dançavam em seus olhos enquanto ele tentava desesperadamente escapar da monstruosidade que o perseguia. Cada passo que dava ecoava pela escuridão, como se o próprio destino estivesse zombando de sua futilidade.
O suor escorria por seu rosto, misturado às lágrimas que ele nem mais tentava conter. Seu corpo, outrora vigoroso, agora estava à beira da exaustão total. Mas Brain sabia que parar significava a morte certa.
As palavras do lobisomem ressoavam em sua mente como um eco aterrador. “Eu fui criada para ser forte, jamais precisei treinar para alcançar nada.” As palavras eram um lembrete cruel de sua própria impotência.
Ele havia passado toda a sua vida acreditando que, através de treino e esforço, poderia superar qualquer adversidade. Mas a realidade era muito mais cruel do que ele jamais poderia imaginar. Brain não era páreo para o monstro que o caçava.
A dor física era quase insuportável, seus músculos ardiam, seus pulmões queimavam. Mas era o desespero que o consumia. O conhecimento de que, não importava o quanto corresse, ele estava destinado a falhar.
Lycan Thropius o observava de longe, sua expressão endurecida pela raiva. Para ela, essa perseguição era apenas uma diversão temporária. Ela sabia que, eventualmente, o destino os uniria novamente — e naquele momento, Brain não teria mais para onde fugir.
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Overlord•Overlord-73
Fiksi Penggemar["Tudo tem um começo e um final, mas para AINZ OOAL GOWN, só tem começo eterno"]