No sétimo andar de Nazarick, a atmosfera era pesada com a presença de poderosos seres demoníacos. Olbaid Ooal Gown, anteriormente conhecido como Diablo, observava em silêncio. Ele tinha a aparência de um ‘homem’ com cabelos brancos e olhos pretos afiados, marcados por tatuagens pretas azuladas que desciam da testa até as bochechas. A habilidade [A Coroa Distorcida] criava a ilusão de dois chifres em sua cabeça, aumentando ainda mais sua aparência demoníaca. Vestido com roupas negras como a escuridão da meia-noite, ele usava um manto majestoso chamado [A Cortina de Nuvens Negras] sobre as costas, e seu corpo, embora belo, transbordava um charme áspero. Quando seu corpo se tensionava, sua pele escurecia, tornando-se resistente.
Olbaid permaneceu quieto, seus olhos fixos em Ulbert Ooal Gown, um ser heteromorfo com a aparência de uma cabra cinza humanoide, coroada com chifres dourados que se curvavam perversamente. Ulbert vestia um terno preto elegante e uma capa de veludo, com uma rosa presa ao ombro esquerdo. Um chapéu estava sobre sua cabeça, enquanto o lado direito de seu rosto estava coberto por uma máscara dourada. Olbaid observava cada movimento de Ulbert com atenção, notando a precisão e o poder com que ele invocava um novo lote de demônios. A sala estava impregnada de uma energia densa e opressiva, refletindo o poder sombrio que Ulbert manipulava com maestria.
Olbaid, com sua aparência intimidadora, manteve-se em silêncio, mas por dentro, sentia uma mistura de admiração e inveja. Ele ressentia-se da facilidade com que Ulbert se destacava em qualquer situação, sempre demonstrando uma confiança inabalável. Olbaid tentou esconder suas emoções, mas a frustração que crescia dentro dele era difícil de conter.
“Você parece sempre tão imperturbável, Ulbert,” disse Olbaid, sua voz firme e indiferente. “Invocar tantos demônios de baixo nível... Isso não é um desperdício de mana? Porque você não invoca logo um de nível alto?”
Ulbert parou por um momento, seus olhos afiados fixando-se em Olbaid. “É desnecessário ter um nível alto nesse momento, por enquanto estou apenas realizando testes de invocação,” respondeu ele com um sorriso cruel. Sua voz era carregada de uma confiança quase arrogante, característica inconfundível de sua personalidade.
Olbaid sentiu uma pontada de frustração atravessar seu ser. “Você sempre foi assim, não é? Sempre se achando superior,” murmurou ele, embora baixo o suficiente para que Ulbert não ouvisse. Estar ao lado do ‘Demônio do Grande Desastre’ fazia-o sentir-se pequeno, uma sensação que ele lutava para suprimir.
“Olbaid,” chamou Ulbert, sua voz ecoando pela sala. “Você está preocupado com algo? Sua aura está inquieta.”
Olbaid estremeceu levemente, mas rapidamente recuperou sua postura. “Eu só estava pensando... Sobre como todos nós estamos nos preparando para o que está por vir,” respondeu ele, tentando desviar a atenção de seus sentimentos. Sua voz traiu um pouco da insegurança que ele tentava esconder.
Ulbert soltou uma risada sombria. “Você deveria parar de se preocupar tanto. Nós somos os seres mais poderosos deste mundo. Nada pode nos deter.” Seus olhos brilharam com um fogo maligno, refletindo a confiança que ele tinha em suas habilidades.
Olbaid não pôde evitar sentir uma onda de ciúmes atravessá-lo. Ele desejava ter a mesma confiança de Ulbert, mas a insegurança sempre corroía sua alma. Desde que assumira o corpo de seu avatar, essa insegurança havia diminuído, mas ainda persistia, assombrando-o em momentos como este. “Claro... Nada pode nos deter,” repetiu ele, tentando convencer a si mesmo tanto quanto a Ulbert.
Ulbert voltou sua atenção para os demônios que estava invocando, ignorando completamente a luta interna de Olbaid. Com um movimento suave de sua mão, ele pronunciou palavras de poder que ecoaram pela sala, fazendo as sombras ao redor se agitarem e ganharem forma. Demônios sombrios emergiram, curvando-se diante de seu invocador com uma obediência cega e imediata.
Olbaid observava, tentando esconder o ressentimento que crescia dentro de si. A inveja que sentia pelo talento natural e confiança de Ulbert parecia uma faca em sua mente, perfurando-o a cada novo demônio invocado. Ele apertou os punhos com força, sentindo o couro das luvas ranger sob a pressão. “Um dia, serei tão confiante quanto você, Ulbert,” pensou ele, determinado a não deixar essa sensação corroer sua força de vontade.
Ulbert, por outro lado, estava completamente alheio às turbulências internas de Olbaid. Seus olhos estavam fixos nos demônios, e sua mente, inteiramente absorvida por seus próprios objetivos. Ele estava em uma busca incessante por poder, uma busca que não permitia distrações. A sala pulsava com uma energia densa e maligna, uma manifestação física do poder crescente que ele manipulava com tanta facilidade.
Decidindo que precisava de tempo para processar seus pensamentos, Olbaid deu um passo para trás. Ele sentiu a necessidade urgente de ficar sozinho, longe dos olhos penetrantes de Ulbert e da energia opressiva que dominava a sala. Com um último olhar para os demônios que se formavam sob o comando de Ulbert, Olbaid virou-se e deixou a sala, caminhando pelos corredores intricados de Nazarick. Enquanto avançava pelos corredores escuros, ele fez uma promessa silenciosa a si mesmo: superaria suas inseguranças e se tornaria tão poderoso e confiante quanto os outros Seres Supremos.
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Assim que Olbaid se foi, Ulbert continuou com sua tarefa, invocando demônios cada vez mais sinistros e poderosos. Seus olhos brilharam com uma luz cruel, refletindo a satisfação intensa que sentia ao manipular tais forças sombrias. Em sua mente, Ulbert estava determinado a se tornar o ser mais temido deste mundo, um objetivo que ele perseguiria a qualquer custo.
Em um momento de pausa, a porta da sala se abriu, revelando Demiurge, o demônio de sorriso sagaz, acompanhado por um dos 17 Filósofos da Impureza – Abaddon. Abaddon tinha a forma de um adolescente, com um corpo completamente branco, sem rosto, seus membros longos e esguios. Suas vestes lembravam as de um mago, mas contrastavam com sua verdadeira natureza de combatente. Sem proferir uma única palavra, ambos se ajoelharam diante de Ulbert, seus movimentos meticulosamente coordenados.
Demiurge levantou a cabeça, seu olhar astuto varrendo a sala. “Meu senhor, onde está o Supremo Olbaid-sama?” perguntou ele, sua voz carregada com a usual reverência.
“Ele foi embora,” respondeu Ulbert sem desviar os olhos de seus demônios, sua voz era firme e indiferente.
“Embora!?” A palavra escapou dos lábios de Demiurge, revelando uma leve inquietação que ele rapidamente reprimiu. A palavra “embora” carregava consigo ecos de memórias indesejadas, mas Demiurge se conteve. “Entendo...”
Ulbert, no entanto, ignorou completamente a reação de Demiurge, mergulhando de volta em sua tarefa. A razão por trás de sua concentração era clara: ele sabia que Nazarick eventualmente precisaria de uma rede extensa de inteligência. E mesmo que invocação não fosse seu campo de especialidade, ele ainda possuía um feitiço de sétimo nível, [Invocação de Demônios em Massa], que ele podia lançar 33 vezes até que sua mana acabasse. Sua energia restaurava-se naturalmente, permitindo-lhe manter um fluxo constante de novos servos.
Nas primeiras invocações, ele trouxe hordas de demônios das sombras. Cada feitiço conjurado produzia cerca de cem dessas criaturas. Os demônios das sombras eram unidades de reconhecimento de nível 35, com pouca capacidade de combate. Sua verdadeira força estava em sua habilidade de se misturar às sombras, tornando-se quase indetectáveis. Ulbert planejava pacientemente espalhar seus olhos e ouvidos por todo o mundo, criando uma vasta rede de espiões sombrios que reportariam diretamente a ele. Acumular esses servos era uma tarefa crucial para garantir o controle absoluto que ele almejava.
‘Esses demônios são apenas o começo,’ Ulbert murmurou para si mesmo, um sorriso cruel surgindo em seus lábios. ‘Com o tempo, serei capaz de ver e ouvir tudo o que acontece neste mundo. E quando chegar a hora, o nome de Ulbert Ooal Gown será temido por todos.’
Ulbert, era o portador do Item Mundial [Infernum Legione], sentia uma irritação crescente ao lembrar de como Traumarei havia usurpado para si todos os Itens Mundiais da guilda. Se não fosse por essa ação, ele seria capaz de invocar legiões intermináveis de demônios de alto nível, devastando qualquer exército que ousasse se opor a Nazarick. ‘Se o desgraçado de Traumarei não tivesse tirado ele da minha mão, eu teria a capacidade de invocar vários demônios da sombra ou até mesmo os Ucutui. Enviaria eles para todas as nações, coletando informações rapidamente...’ Ulbert refletia, o rosto contorcido em uma expressão de desagrado.
Enquanto isso, Demiurge, observando a eficiência e precisão de Ulbert na invocação de demônios, não pôde deixar de sentir um profundo respeito por seu criador. “Meu senhor, sua habilidade em invocar e controlar esses demônios é verdadeiramente impressionante. Nazarick estará bem protegida e informada sob sua vigilância.” Suas palavras eram cheias de reverência, como sempre, mas havia uma sinceridade inabalável em seu tom.
Ulbert apenas sorriu satisfeito, sem responder de imediato. Seu olhar permaneceu fixo nos demônios recém-invocados, mantendo o foco em sua missão. Ele sabia que os demônios das sombras eram apenas o começo; seus planos para o futuro de Nazarick iam muito além do que qualquer um poderia imaginar.
Abaddon, o silencioso Filósofo da Impureza, observava a cena com olhos invisíveis. Sua lealdade era inquestionável, e ele permanecia em silêncio, aguardando ordens. Sua presença, mesmo que quieta, era uma constante lembrança do poder absoluto que Ulbert detinha sobre seus servos.
Demiurge levantou-se com elegância, ainda admirando a maestria de seu senhor. “Se precisar de qualquer coisa, meu senhor, estou à sua disposição. Vamos garantir que Nazarick permaneça invencível e sempre um passo à frente de nossos inimigos.” Suas palavras carregavam uma confiança inabalável, como se a vitória já estivesse garantida apenas pela presença de Ulbert.
“Sim, Demiurge,” respondeu Ulbert, finalmente desviando o olhar de seus demônios para seu subordinado fiel. “Estamos apenas começando. O mundo ainda não viu nada do que somos capazes.” Suas palavras eram cheias de convicção, cada sílaba carregada de uma promessa de destruição.
No entanto, havia um obstáculo em seus planos. Nazarick possuía apenas cerca de 15mil doppelgangers de vários níveis, insuficientes para as operações de espionagem em larga escala que Ulbert planejava. Claro, ele poderia utilizar os pergaminhos de invocação para suprir essa necessidade, mas cada um deles tinha um custo, e mesmo com os vastos recursos da guilda, Ulbert sabia que precisava ser estratégico. A biblioteca de Nazarick estava repleta de pergaminhos de invocação, desde simples goblins até entidades poderosas como Overlords, Dragões, e Demônios devastadores. Além disso, o tesouro de Nazarick continha recursos mais que suficientes para cobrir o custo desses pergaminhos. Ainda assim, sabendo o quão mesquinho Riot poderia ser, Ulbert decidiu não utilizá-los a menos que fosse absolutamente necessário.
Por ora, ele precisava de um substituto adequado. Demônios súcubos e íncubos seriam perfeitos para essa função. Com habilidades básicas de mudança de forma, eles poderiam ser usados para infiltração. Além disso, sua natureza os tornava ideais para sedução e chantagem de figuras políticas importantes. E, é claro, Ulbert não era do tipo que se privava dos prazeres que a vida lhe oferecia.
Com esses pensamentos, Ulbert se dirigiu à plataforma de invocação de demônios localizada no sétimo andar de Nazarick. Demiurge e Abaddon seguiram-no em silêncio, observando atentamente enquanto ele realizava a invocação em massa. A magia de Ulbert era capaz de invocar um exército de demônios aleatórios ou um número específico de demônios conforme sua vontade. Optando pela segunda opção, ele invocou 81 demônios, uma mistura de súcubos e íncubos. Todos, exceto um, se ajoelharam imediatamente.
No momento em que a súcubo falou com Ulbert de maneira casual, todos os olhares na sala se voltaram para ela. Os demônios presentes, que conheciam bem o peso de uma ofensa ao Supremo, instintivamente estremeceram. A atmosfera, já carregada com a presença de Ulbert, Demiurge e Abaddon, tornou-se quase sufocante. Demiurge, movendo-se com a rapidez de um predador, agarrou a súcubo pelo pescoço, erguendo-a no ar sem esforço, enquanto Abaddon, silencioso, liberava uma vontade assassina que permeava cada canto do local, subjugando todos os presentes.
**“Você ousa falar com um Supremo de maneira tão desrespeitosa!”** Demiurge rosnou, sua voz ressoando como um trovão dentro da sala. Seus olhos brilhavam com uma fúria quase palpável, refletindo a raiva que sentia por ver seu criador sendo tratado com tão pouco respeito. A súcubo, que até então mantinha uma atitude despreocupada, agora estava imobilizada, seus olhos arregalados de puro terror, sua boca se movendo em um esforço fútil para buscar ar.
Ulbert, observando a cena, manteve sua expressão impassível, mas seus olhos avaliavam cada detalhe com precisão calculada. Ele levantou uma mão levemente, sua voz fria cortando o ambiente. “Demiurge, deixe que eu a questione. Não há necessidade de agir tão precipitadamente. Além disso, ela não lhe parece familiar?”
Demiurge, ainda dominado pela raiva, hesitou por um momento, mas a obediência ao Supremo foi mais forte. Ele soltou a súcubo, que caiu de joelhos no chão, arfando, enquanto lágrimas silenciosas corriam por suas bochechas. Mesmo em sua fraqueza, ela tentava desesperadamente recuperar a compostura, seus braços tremendo enquanto apoiava o corpo, lutando para não colapsar completamente sob o peso do medo.
Demiurge, agora mais controlado, olhou mais atentamente para a súcubo, e então percebeu o que Ulbert havia sugerido. Os olhos da súcubo, amarelos como os de um gato, os chifres elegantes que adornavam sua cabeça, e os longos cabelos negros que caíam sobre seus ombros; tudo lembrava Albedo. No entanto, havia uma maturidade na súcubo que diferenciava as duas. Esta, Mariposa Liyth, parecia mais velha, com feições que sugeriam algo além da beleza jovial e imaculada de Albedo—uma profundidade que só a experiência poderia conferir.
Ulbert, sem pressa, se dirigiu a Abaddon com um gesto de mão. “Abaddon, leve aqueles três súcubos para os meus aposentos.” Ele indicou com um movimento breve três súcubos que haviam captado sua atenção. “Envie as fêmeas restantes para Wen-Mon, que ele escolha as que desejar. Quanto aos machos, mande-os de volta para os outros Filósofos para que recebam mais instruções.”
Abaddon inclinou-se em um gesto respeitoso antes de guiar os demônios para fora. Sua presença era um lembrete constante do poder que Ulbert exercia sobre seus subordinados, cada um deles perfeitamente sincronizado com a vontade do Supremo.
Com a sala agora quase vazia, Ulbert se voltou para a súcubo ajoelhada, seu olhar perscrutando cada detalhe, cada tremor de seus músculos. Ele finalmente falou, sua voz carregada de uma autoridade inquestionável. “Diga-me, súcubo, qual é o seu nome?”
A súcubo, ainda tremendo, ergueu a cabeça o suficiente para encontrar os olhos de Ulbert, sua voz saindo em um sussurro vacilante. “Meu nome é Mariposa Liyth, L-Lorde Ulbert.”
A menção de seu nome provocou uma faísca de memória em Ulbert. Ele se lembrou de uma conversa antiga com Tabula Smaragdina, quando este havia mencionado sua inspiração para a criação de Albedo. Tabula havia falado de sua ‘esposa espiritual’, Mariposa Liyth, que ele afirmava ser uma súcubo do reino astral. Na época, Ulbert descartou a história como mais uma das excentricidades de Tabula, mas agora, ao olhar para a figura tremendo à sua frente, a realidade parecia se encaixar de forma perturbadora.
*“Interessante.”* Ulbert murmurou para si mesmo, seus olhos brilhando com uma nova compreensão. “Levante-se, Mariposa Liyth. Temos muito a discutir.”
A súcubo obedeceu, ainda trêmula, mas agora movida por algo além do medo—uma mistura de respeito e a possibilidade de uma conexão profunda com o Supremo. Ela sabia que, a partir daquele momento, sua existência estava irrevogavelmente ligada à vontade de Ulbert.
Enquanto isso, Demiurge observava em silêncio, sua mente já trabalhando em como utilizar aquela nova súcubo para os propósitos de Nazarick, enquanto Abaddon, sempre leal, permanecia alerta, pronto para agir a qualquer momento que Ulbert desejasse.
Assim, os planos de Ulbert continuavam a se desenrolar, com novas peças sendo adicionadas ao tabuleiro de um jogo que apenas ele parecia entender completamente.
Ulbert Ooal Gown observou a súcubo ajoelhada à sua frente com um sorriso que exalava uma sensação perturbadora, algo que se poderia chamar de inumanamente assustador. Mariposa Liyth, tremendo de pânico, sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao perceber o erro que havia cometido ao dirigir-se de forma tão casual a um Supremo de Nazarick. O clima ao seu redor era pesado, carregado de uma tensão opressora.
{Ei, Tabula, você me deve uma!} A voz de Ulbert soou em sua mente, carregada com uma mistura de ironia e alerta.
{Ulbert, do que você está falando?} Tabula respondeu, sua voz ressoando com um tom de confusão.
{Acabei de chamar sua esposa por acidente.} A resposta foi concisa, mas o suficiente para fazer com que Tabula compreendesse a gravidade da situação.
Não houve uma resposta imediata. Menos de um segundo depois, Tabula Smaragdina apareceu ao lado de Ulbert, seu corpo materializando-se através de um portal cintilante. Seus olhos, que antes estavam cheios de sua habitual calma analítica, arregalaram-se ao ver Mariposa. Sem hesitar, ele a puxou para um abraço protetor.
“Mari, você me encontrou!” As palavras de Tabula eram carregadas de um alívio palpável, sua voz soando suave, mas com um toque de preocupação. Mariposa se agarrou a ele, tremendo levemente, mas com um visível sentimento de segurança.
Por um momento, os dois ficaram assim, abraçados, como se o tempo tivesse parado ao redor deles. Porém, quando Tabula finalmente soltou Mariposa, seu semblante mudou drasticamente. Ele se virou para Ulbert, sua aura mal contida emanando uma ameaça velada. “O que você fez com ela?”
Ulbert, mantendo sua calma usual, ergueu uma sobrancelha de maneira quase despreocupada. “Eu não fiz nada. Na verdade, eu a reconheci quase imediatamente. Demiurge ficou um pouco… zeloso quando ela se dirigiu a mim de maneira casual demais para o gosto dele.”
A tensão na sala cresceu por um breve momento, até que Demiurge, que até então observava a situação com uma postura tensa, ajoelhou-se profundamente diante de Tabula e Mariposa. Sua voz, antes cheia de autoridade, agora refletia arrependimento genuíno. “Senhor Tabula-sama, Lady Mariposa, minhas mais sinceras desculpas pelos problemas que causei.”
Tabula suspirou, sua expressão suavizando-se enquanto processava o que havia ocorrido. Ele já havia adivinhado o que tinha acontecido e estava aliviado que Ulbert, apesar de sua natureza impiedosa, havia resolvido a situação sem que Mariposa fosse ferida. No entanto, antes que ele pudesse responder, Mariposa, ainda com a cabeça abaixada, falou de forma humilde.
“Não, não, foi inteiramente minha culpa. Fui eu quem não se dirigiu a Lord Ulbert adequadamente.” Ela respirou fundo, claramente abalada pela experiência. A reação agressiva de Demiurge a fez compreender de forma muito clara o tipo de seres que habitavam Nazarick. A última coisa que desejava era incitar hostilidade contra si mesma, especialmente sabendo da imensa diferença de poder entre ela e um Guardião de Andar.
Ulbert, observando a súcubo e o modo como ela falava, manteve sua expressão imperturbável. “Tabula, por precaução, resolva esta situação rapidamente. Informe os outros.” Sua voz era controlada, carregando um tom de autoridade que não permitia questionamentos.
Tabula assentiu, ainda segurando Mariposa de maneira protetora. “Sim, eu farei isso. Obrigado, Ulbert, por sua compreensão. E Demiurge,” ele se virou para o demônio ainda ajoelhado, sua voz adquirindo um tom mais severo, “lembre-se de moderar sua resposta inicial. Não queremos causar mais problemas do que resolver.”
“Entendido, Senhor Tabula-sama,” respondeu Demiurge com firmeza, aceitando a reprimenda com uma seriedade implacável. Sua postura, ainda que submissa, carregava a dignidade de um Guardião.
Com isso, Tabula conduziu Mariposa para fora, deixando Ulbert, Demiurge e Abaddon sozinhos na grande sala. O clima ainda era denso, mas agora mais controlado, enquanto Ulbert observava a porta pela qual Tabula havia saído.
“Abaddon,” a voz de Ulbert ecoou na sala, e o grande demônio se aproximou em silêncio, aguardando as próximas instruções. “Continue com as tarefas. Ainda temos muito a fazer.”
“Sim, Lord Ulbert,” respondeu Abaddon, sua voz baixa e reverente. Ele se retirou para cumprir as ordens, deixando Ulbert e Demiurge para trás, ambos voltando a seus respectivos pensamentos e responsabilidades.
A ordem havia sido restaurada, mas a súbita aparição de Mariposa Liyth não seria esquecida tão cedo.
Tabula e Mariposa se afastaram da sala, e a expressão de preocupação de Tabula era evidente. “Você está bem? Eles te machucaram?” Sua voz carregava uma mistura de ansiedade e alívio.
Mariposa sacudiu a cabeça, sua voz baixa e trêmula. “Não, Lorde Ulbert parou seu servo antes que ele pudesse me machucar.” O medo ainda estava visível em seus olhos, e o formalismo na sua voz era um reflexo claro de sua apreensão.
Tabula notou a mudança na formalidade e levantou uma sobrancelha. “Você já está o chamando de senhor.”
Mariposa hesitou antes de responder, seu tom carregado de incerteza. “Não deveria? Estarei segura se me dirigir a você de maneira inadequada na frente deles?” O terror em seus olhos não passava despercebido para Tabula.
Ele suspirou, sua expressão suavizando. “Acho que é mais seguro usar todos os honoríficos por enquanto. Deixe-me explicar a hierarquia aqui.”
Durante a visita a Nazarick, Tabula entrou em contato com Ainz e Traumarei, explicando a situação com a preocupação de garantir que tudo fosse resolvido da melhor maneira possível. Ele então guiou Mariposa pelos vários locais, detalhando a estrutura de poder e as normas de reverência. Mariposa ouvia com atenção, seu medo de cometer um erro evidente em cada movimento. Tabula, absorvido em suas explicações, não respondia às saudações dos outros, o que não passou despercebido por Mariposa. Na esperança de se adaptar e ser aceita, ela rapidamente assumiu o papel de assistente de Tabula.
Após uma hora de caminhada, chegaram ao escritório de Ainz. Ainz, Traumarei e Albedo estavam aguardando-os. Quando Mariposa entrou, ajoelhou-se imediatamente, sua voz tensa e cheia de respeito ao se dirigir a Ainz. A presença de Albedo, que ela percebia como uma figura quase paternal, só aumentava seu nervosismo.
“Sobrerano Ainz Ooal Gown, é uma honra conhecê-lo. Desejo me desculpar pelo incidente que causei com minha invocação.” Sua voz estava carregada de um respeito quase palpável.
Ainz, com seu olhar frio e impassível, fez um gesto amigável. “Levante-se. Não há necessidade de se prostrar na presença de um amigo querido. Dou-lhe as boas-vindas a Nazarick e me chame de Ainz.”
Mariposa se levantou, uma mistura de alívio e nervosismo ainda evidente em seu rosto. “Obrigada, Lorde Ainz.” A imagem de Momonga, ou agora Ainz, sempre amigável e atencioso durante os tempos de YGGDRASIL, ainda estava gravada em sua mente. Ele era um dos poucos que realmente ouvia os longos discursos de Tabula com paciência.
Tabula então se dirigiu a Ainz e Albedo com um tom mais sério. “Não viemos aqui apenas para apresentações. Eu também queria pedir a você e a Albedo que encontrassem um lugar para minha esposa em Nazarick.”
Albedo, que até então permanecia em silêncio, inclinou-se levemente, seus olhos brilhando com uma luz de consideração. “Claro, pai. Depois de alguma discussão com meu ser... Lorde Ainz, decidimos conceder a ela o mesmo status de guardiã de área. Isso será suficiente?”
Antes que Tabula pudesse responder, Traumarei o abraçou com um braço de forma forçada. “Não, ela estará abaixo dos Membros e acima dos servos. Esposa do meu amigo,” declarou ele, misturando formalidade e informalidade. “Que tal, meu amigo? Isso é do seu agrado?”
Tabula acenou com a cabeça em concordância. “Pode ser.” Ele sabia que quando Traumarei agia assim, havia uma intenção subjacente. *‘Ele nem se dá ao trabalho de disfarçar...’* Ele se virou para Albedo e acrescentou: “Albedo, minha filha, você deve saber que eu não criei você e suas irmãs sozinho. Como sou seu pai, Mariposa é sua mãe na mesma medida. Eu acho que você pode ver a semelhança entre vocês.”
“Mãe!?” O rosto de Albedo se contorceu brevemente em desgosto antes de retornar ao seu sorriso habitual. “Com todo o respeito, Pai, vou tratá-la como sua esposa, mas não há conexão entre ela e eu.”
“…Não há conexão? Quem tem o direito de dizer o que você deve fazer ou não somos somente nós. Ou você está indo contra a vontade de seu criador?” Traumarei disse isso com uma energia perigosa subjacente, apesar da sua voz manter um tom controlado.
Os olhos de Albedo piscaram com pavor. Ela se ajoelhou abruptamente. “Não… Claro que não… Se é a vontade do meu Pai que eu a honre como sua esposa, é isso que eu farei.” Ela tremia visivelmente, seu corpo curvado em submissão.
Ainz observou a cena em silêncio por um momento antes de falar, sua voz firme, mas calma. “Albedo, todos aqui são parte de Nazarick. Devemos trabalhar juntos e respeitar uns aos outros. Mariposa é parte de nossa família agora. Certamente você pode encontrar uma maneira de aceitá-la.”
Mariposa, testemunhando a submissão de Albedo, sentiu um misto de alívio e desconforto. Ela sabia que a aceitação não seria imediata, mas também não queria causar divisão ou tensão. “Albedo,” ela começou suavemente, “não quero causar problemas. Só quero ajudar onde puder e aprender sobre este lugar incrível.”
Albedo levantou a cabeça lentamente, ainda tremendo, mas tentando recuperar sua compostura. “Claro, Lady Mariposa. Se essa é a vontade dos Supremos, farei o meu melhor para honrá-la e trabalhar ao seu lado.”
Tabula observou a interação com satisfação, embora ciente das emoções conflitantes presentes. Ele sabia que o caminho para a adaptação de Mariposa seria desafiador, mas estava determinado a ajudá-la a encontrar seu lugar. Ele se virou para Ainz e Traumarei. “Obrigado por seu apoio e compreensão. Com o tempo, tenho certeza de que Mariposa se tornará uma valiosa adição a Nazarick.”
Ainz assentiu, seu olhar suavizando ligeiramente. “Estamos todos aqui para apoiar uns aos outros. Se precisar de qualquer coisa, não hesite em pedir.”
Com a tensão um pouco aliviada, Mariposa sentiu-se um pouco mais segura. Ela sabia que teria que provar seu valor, mas com Tabula ao seu lado e o apoio de Ainz, sentia que poderia superar qualquer desafio. Ela olhou para Tabula, um sorriso tímido se formando em seus lábios. “Obrigada, Tabula. Vamos fazer isso juntos.”
Tabula sorriu de volta, sua determinação evidente. “Sim, juntos.”
Albedo acompanhou Tabula e Mariposa pelos corredores de Nazarick, sua expressão composta, mas com uma tensão perceptível em sua postura. Enquanto isso, Traumarei e Ainz permaneceram na sala.
“A cada dia, este lugar fica mais estranho,” murmurou Traumarei para si mesmo, cruzando os braços e observando o vazio da sala.
Ainz balançou a cabeça em concordância. “É... Aliás, você não acha que foi um pouco duro com Albedo?”
“Você acha? Devemos corrigir qualquer NPC para que não se esqueçam de quem realmente dá as ordens. Bem, com isso resolvido, vou dar uma olhada na equipe de Nishikenrai,” respondeu Traumarei, dando de ombros e saindo da sala com determinação.
Ainz permaneceu pensativo por um momento antes de voltar sua atenção para os assuntos urgentes de Nazarick.
Enquanto isso, Tabula e Mariposa caminhavam em silêncio pelos corredores de Nazarick, com Albedo seguindo de perto. Tabula sentia que era o momento de quebrar o gelo.
“Albedo, gostaria que você ajudasse Mariposa a se ambientar. Mostre a ela onde ficará e qualquer coisa que ela precise saber sobre a rotina em Nazarick.”
Albedo assentiu, embora com uma relutância visível. “Sim, Pai. Lady Mariposa, por favor, siga-me. Vou levá-la aos seus aposentos e explicar tudo o que precisar.”
Mariposa, tentando esconder seu nervosismo, ofereceu um pequeno sorriso. “Obrigada, Albedo. Sua ajuda será muito valiosa para mim.”
Enquanto seguiam pelo corredor, Albedo começou a explicar as diferentes áreas de Nazarick, suas funções e quem as ocupava. Mariposa ouviu atentamente, absorvendo cada detalhe com um olhar concentrado.
Tabula observava de perto, determinado a garantir que Mariposa se sentisse o mais confortável possível em seu novo ambiente. Ele sabia que o processo de adaptação levaria tempo, mas estava decidido a ajudar sua esposa a encontrar seu lugar.
Ao chegarem aos aposentos designados para Mariposa, Albedo abriu a porta e entrou, mostrando a Mariposa as várias comodidades e explicando a rotina diária.
“Se precisar de algo, estarei por perto,” disse Albedo, tentando manter um tom o mais neutro possível, embora sua tensão fosse perceptível.
“Obrigada, Albedo. Eu realmente aprecio sua ajuda,” respondeu Mariposa sinceramente, com um olhar de gratidão.
Com um último aceno, Albedo se retirou, deixando Tabula e Mariposa sozinhos.
Tabula se virou para Mariposa, um sorriso encorajador no rosto. “Então, o que você acha até agora?”
“É... impressionante e um pouco assustador,” admitiu Mariposa, seu olhar refletindo a magnitude do ambiente. “Mas vou me ajustar. Obrigada por estar ao meu lado.”
“Estamos nisso juntos,” disse Tabula, pegando a mão de Mariposa com um gesto reconfortante. “Vamos fazer isso funcionar, eu prometo.”
Mariposa apertou a mão de Tabula, sentindo-se um pouco mais aliviada pela presença dele. “Eu acredito em você. Vamos enfrentar isso juntos.”
Com a promessa de apoio mútuo, eles começaram a explorar mais a fundo o que seria seu novo lar, com a esperança de que a adaptação de Mariposa a Nazarick fosse um sucesso.
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No nono andar de Nazarick, o quarto de um dos Membros da Guilda estava envolto em uma aura de divina serenidade. Werdna Ooal Gown, um dos Quartos [Desastre Mundial] da Guilda, estava presente, seu aspecto humanoide com quatro grandes asas brancas refletia um poder celestial. Vestia uma armadura dourada ornamentada com detalhes florais que cobria seus ombros e torso. Seu capacete dourado, com uma aparência humanoide, era adornado com flores vermelhas no topo. Abaixo da armadura, uma longa túnica branca desdobrava-se em camadas decoradas com pétalas vermelhas.
“Isjsjjj...” O som estranho que ressoava não vinha de Werdna, mas sim de sua irmã.
Yelhsa, com sua aparência humanoide e quatro grandes asas cinzas, estava visivelmente irritada. Sua armadura vermelha com detalhes dourados cobria a maior parte de seu corpo, incluindo um capacete que ocultava seu rosto e possuía dois chifres grandes e curvados. Sob a armadura, um manto dividido em camadas predominava em tons marrons e cinza.
— Yelhsa estava resmungando incessantemente, demonstrando um tédio profundo e irritação.
“Para! Já está me irritando também!” Werdna exclamou, sua expressão contorcida pela frustração. Seus olhos brilhavam com um misto de raiva e exasperação enquanto ele tentava controlar a situação.
“Ahhhhh~. Wer, como não ficar irritada com isso! Aquele!...” Ela se conteve para não usar um palavrão, sua voz se elevando em um tom exasperado. “Médico-nhio não tem o direito de nos dar ordens! Temos um mundo completamente diferente onde podemos fazer o que quisermos, e ele nos obriga a ficar presos nessa tumba! Eu sei que Nazarick é maravilhoso e tal, mas eu quero ver um céu que não seja poluído pelo—”
“Já chega! Aff...” Werdna cortou sua fala, o rosto distorcido em um misto de raiva e desespero. Seus olhos, normalmente serenos, mostravam uma profundidade de frustração enquanto ele tentava manter a paciência diante da persistente irritação de Yelhsa.
Yelhsa resmungava incessantemente, seu tom de voz carregado de irritação enquanto o barulho do seu descontentamento preenchia o quarto. Werdna Ooal Gown, com suas grandes asas brancas e armadura dourada, estava visivelmente frustrado. Ele não suportava mais o barulho da irmã e respondeu com um tom firme.
“Não grita comigo,” ela mandou, socando levemente o ombro dele.
“Aí...” Werdna massageou o local onde havia sido atingido, uma expressão de dor e frustração cruzando seu rosto. Seus olhos estavam cerrados em um misto de irritação e exasperação.
Yelhsa olhou para ele com uma mistura de diversão e desprezo, sabendo exatamente como provocar o irmão. Seu sorriso, embora divertido, tinha uma sombra de crueldade. “Wer, você fica tão fofo quando está bravo. Talvez eu deva reclamar mais, só para ver essa sua carinha adorável.”
Werdna bufou, virando-se de costas para a irmã, seu rosto mostrando uma exasperação profunda. “Você é insuportável. Não sei por que ainda tento argumentar com você.” Sua voz estava carregada de frustração, e suas mãos tremiam levemente, os dedos brancos de tanta pressão.
“Porque, meu querido irmão, você sabe que não pode viver sem mim,” respondeu Yelhsa, sua voz doce como mel, mas carregada de uma ameaça velada. Seus olhos fixos nele tinham um brilho perigoso, uma mistura de diversão e domínio.
Ele fechou os olhos e respirou fundo, tentando se acalmar. O controle sobre suas emoções era um desafio constante, especialmente com a provocação de Yelhsa. Seus punhos estavam cerrados com força, seus dedos brancos e tensos.
“Vai ser foda. Nós vamos sair daqui,” disse ele finalmente, sua voz mais controlada, mas ainda tremendo levemente. “Vamos para a superfície. Talvez um pouco de ar fresco nos faça bem.”
Yelhsa sorriu, um sorriso que não alcançava seus olhos. “Agora você está falando a minha língua, Wer. Vamos ver o que esse novo mundo tem a nos oferecer. Esse episódio vai se chamar ‘Wer e Yel e a fuga para a exploração!’.” Sua expressão era de puro entusiasmo, mas havia um brilho de malícia em seus olhos.
Ela caminhou em direção à porta do quarto, mas Werdna a impediu, agarrando seu braço com força e pressionando-a contra a parede. Seus olhos, antes irritados, agora estavam cheios de uma determinação fria e calculista. A aura tenebrosa ao seu redor fazia a atmosfera parecer pesada e carregada.
“Não esqueça. Será do meu jeito,” disse Werdna, sua voz cortante e intensa, seu rosto a poucos centímetros do dela. Seus olhos brilhavam com uma intensidade assustadora.
“...Tá. —Mas isso não vai me impedir de reclamar,” respondeu Yelhsa, seu sorriso desaparecendo enquanto ela o encarava. A tensão entre os dois era palpável, uma batalha silenciosa de vontades. Embora irritada, Yelhsa sabia que não podia desafiar a autoridade de Werdna naquele momento.
A respiração de ambos estava carregada com o peso de sua relação complexa e tóxica. Finalmente, Werdna a soltou, e Yelhsa ajeitou suas roupas, ainda mantendo um olhar desafiador, mas com um toque de relutante submissão.
Yelhsa revirou os olhos, um gesto claro de desdém pela cautela excessiva do irmão, mas assentiu. “Tá bom, tá bom. Seu jeito então. Mas se você demorar demais, eu mesma vou dar um jeito.”
Werdna deu um meio sorriso, aquele sorriso que ela sabia ser uma mistura de paciência forçada e exasperação. “Vamos ver se isso será necessário.”
“Então, gênio, qual é a ideia?” perguntou Yelhsa, aproximando-se mais do que o necessário, sua proximidade intencionalmente desconfortável. Sua expressão mudava, suas asas balançando levemente, demonstrando impaciência e excitação. Havia um brilho predatório em seus olhos, o mesmo que surgia antes de seus atos mais violentos.
“Dsh. Não se aproxime tanto de mim,” Werdna afastou-a com um leve empurrão, o rosto contorcido em uma expressão de desgosto. A proximidade dela sempre o perturbava de maneiras que ele preferia não examinar. “O jeito mais seguro, que não nos coloque em risco, é pedir a Traumarei alguma missão de exploração. Não tem jeito.”
Yelhsa revirou os olhos novamente, mas a diversão em sua expressão não desapareceu. “Sério? Vamos pedir permissão como bons meninos? Que chato.”
Werdna fechou os olhos por um momento, tentando manter a calma que sempre lhe escapava ao lidar com Yelhsa. “Se tentarmos sair sem autorização, podemos acabar desencadeando problemas maiores. Não estamos no jogo mais, Yelhsa. Precisamos ser inteligentes.”
Ela bufou, a frustração clara em seus olhos azuis brilhantes. “Você sabe que odeio quando você tem razão.”
“Sim, eu sei,” Werdna respondeu, um sorriso cínico surgindo em seus lábios. “Mas, por mais que eu deteste admitir, é a única opção viável. Não podemos agir impulsivamente aqui.”
Yelhsa descruzou os braços, sua expressão ainda carregada de irritação, mas agora um tanto resignada. “Tá bom. Então, qual é o plano? Como vamos convencer Traumerei a nos deixar sair?”
Werdna franziu a testa, seus olhos fixos no chão enquanto suas sobrancelhas arqueavam em concentração. Sua expressão era uma mistura de pensamento profundo e determinação. “Vamos argumentar que explorar o novo mundo pode trazer benefícios para nós. Precisamos descobrir mais sobre esse lugar, entender suas ameaças e oportunidades. E ninguém melhor do que nós dois para essa missão.”
Yelhsa levantou uma sobrancelha, sua expressão um misto de curiosidade e ceticismo. “Você realmente acha que ele vai comprar essa?”
“Ele não tem muitas escolhas,” disse Werdna, sua confiança começando a brilhar. Suas asas brancas se moviam suavemente atrás dele, como se acompanhando seu estado de espírito. “Somos alguns dos mais poderosos aqui. Ele sabe disso. E também sabe que manter-nos presos só vai causar mais problemas no longo prazo.”
Yelhsa finalmente sorriu, seus olhos brilhando com um toque de desafio. “Ok, gênio. Vamos ver se seu plano funciona. Mas se não funcionar, vou fazer do meu jeito.”
Werdna balançou a cabeça, seu olhar demonstrando uma combinação de exasperação e admiração. “Espero que não precise chegar a isso.”
Ela deu um passo para trás, ajustando suas asas com um movimento gracioso e decidido. “Vamos ver então, Wer. E não me faça esperar demais. Você sabe como fico quando estou entediada.”
“Eu sei,” ele murmurou, um calafrio percorrendo sua espinha ao lembrar das consequências do tédio de Yelhsa. Ele se virou, começando a caminhar em direção à câmara de Traumerei com uma determinação renovada. Por mais que detestasse admitir, precisava manter Yelhsa ocupada e sob controle.
Enquanto caminhavam pelos corredores do nono andar, o silêncio entre eles era pesado, carregado de tensão e expectativas. Werdna refletia sobre como haviam chegado a esse ponto, presos em um ciclo de manipulação e violência, incapazes de se libertar um do outro. Mas agora, no novo mundo, talvez houvesse uma chance de mudar isso. Ele só precisava encontrar a maneira certa de fazer isso sem desencadear o lado mais sombrio de Yelhsa.
O peso da responsabilidade e a constante tensão entre os dois eram evidentes enquanto avançavam. Werdna respirou fundo, preparando-se para a conversa crucial que definiria seu próximo passo. Yelhsa ao seu lado, com um sorriso de antecipação cruel, era um lembrete constante de que falhar não era uma opção.
Andando pelos corredores luxuosos do 9° andar, Yelhsa e Werdna discutiam em voz baixa seus planos para conseguir permissão de Traumerei quando uma figura apareceu abruptamente na frente deles.
“O que vocês dois estão pensando?” perguntou Bros Warner, o Ladino, um coelho humanoide, surgindo de repente com um sorriso travesso e um brilho malicioso nos olhos.
Yelhsa parou abruptamente, surpresa por sua súbita aparição, e olhou para ele com uma mistura de irritação e desconfiança. Seus olhos então se moveram rapidamente, notando outras figuras se aproximando por trás. “De onde vocês surgiram?” perguntou ela, avistando Maquiavel, junto com Armstrong e Kinky, se aproximando lentamente.
“Ué? Você não é uma Paladina, Yelhsa? Não é possível que você não tenha ao menos uma habilidade de detecção,” Bros Warner respondeu com um sorriso sarcástico, enquanto seus olhos continuavam a brilhar com diversão. Havia algo quase provocador em sua expressão, como se ele estivesse se divertindo com a situação.
“Se eu não estiver enganado, nem ela nem seu irmão têm habilidades de detecção,” comentou Maquiavel, o Batedor, enquanto ajustava seu cabelo com um gesto cuidadoso, seu tom monótono contrastando com a leve zombaria em suas palavras.
“Sério? Até eu, que sou um guerreiro puro, tenho algumas habilidades raciais básicas de detecção,” Kinky estava surpreso, franzindo a testa enquanto cruzava os braços, seu olhar fixo nos irmãos como se estivesse tentando entender sua estratégia.
“Isso é o que dá em maximizar habilidades somente para o combate,” comentou Armstrong com um tom casual, dando de ombros como se a situação fosse apenas mais uma curiosidade para ele.
Yelhsa estreitou os olhos, claramente irritada, seu corpo ficando mais tenso. “O que vocês querem?” A hostilidade em sua voz era inconfundível, mas não parecia intimidar Bros Warner, que manteve seu sorriso travesso.
“Calma aí, paladina furiosa,” disse Bros Warner, levantando as mãos em um gesto pacificador, embora o sorriso nunca desaparecesse de seu rosto. “Estamos curiosos sobre o que vocês dois estão planejando.”
“Bicho mentiroso. Nós só estávamos andando até encontrar eles, você decidiu falar com eles,” disse Kinky, sem desviar o olhar de Bros Warner, seu tom direto e despreocupado, mas sem esconder o quanto achava a situação desnecessária.
Werdna observava a troca de palavras em silêncio, seus olhos fixos em cada um dos membros do grupo, analisando as intenções por trás das palavras e expressões. Seus punhos se apertaram levemente, mas ele manteve a calma exterior. Ele sabia que qualquer deslize poderia complicar ainda mais seus planos. A tensão no corredor era palpável, e a aura carregada de manipulação, desconfiança e sutil antagonismo parecia envolver todos ali.
Werdna suspirou, cruzando os braços e endireitando a postura. “Estamos indo falar com Traumerei. Precisamos de uma missão de exploração.”
Maquiavel, com sua expressão fria e calculista, observou os dois por um momento antes de falar, seu olhar penetrante buscando algum sinal de incerteza. “Vocês acham que ele vai permitir isso?” Sua voz era baixa, quase um sussurro, carregada de uma curiosidade disfarçada de indiferença.
“Vamos argumentar que é para o bem de Nazarick,” respondeu Werdna com uma calma deliberada, escondendo qualquer resquício de dúvida. “Precisamos entender mais sobre esse novo mundo.” Ele manteve seu olhar fixo em Maquiavel, tentando transmitir uma confiança inabalável.
Bros Warner, que estava inclinando ligeiramente a cabeça com um sorriso que sugeria tanto interesse quanto ceticismo, arqueou uma sobrancelha. “E você realmente acha que ele vai cair nessa?”
“Não temos muitas opções,” Werdna respondeu, lançando um olhar rápido e significativo para Yelhsa. Ela bufou, claramente irritada, mas não contradisse o irmão. “E sinceramente, acho que ele também está curioso sobre o que está lá fora.” A convicção em sua voz era uma tentativa de convencer tanto os outros quanto a si mesmo.
“Lógico. Todos nós estamos.” Kinky deu de ombros, despreocupado, mas seus olhos mostravam que ele estava avaliando a situação com mais seriedade do que deixava transparecer.
Maquiavel ficou em silêncio por um momento, perdido em pensamentos, seu olhar distante sugerindo que estava calculando as possíveis consequências. “Faz sentido. Nós precisamos de informações. E vocês dois são... relativamente capazes.” As palavras saíram com uma mistura de reconhecimento e crítica, como se ele estivesse testando a reação dos irmãos.
“Relativamente?” Yelhsa repetiu, sua voz tingida de ofensa, seu rosto se contorcendo em uma expressão de desprezo. Seus olhos lançavam faíscas em direção a Maquiavel, mas ele permaneceu impassível.
“Relativamente? Haha...” Kinky soltou uma risada despreocupada, e o som ecoou pelo corredor. Ele ignorou os olhares sombrios que Yelhsa e Werdna lançaram em sua direção, como se não se importasse com o que pensavam. “... Rapaz, eu dei uma risada sincera... Esses dois são iguais a eu, só têm capacidade de lutar. Traumerei só vai enviar eles caso precise de capacidade de combate.”
Yelhsa e Werdna mostraram uma expressão de desgosto, suas faces se fechando em uma máscara de irritação contida, mas Kinky evitou olhá-los diretamente, preferindo manter sua atenção em algo invisível à frente.
Bros Warner riu também, mas de forma mais controlada, seu sorriso transformando-se em algo mais cúmplice. “Bem, se vocês realmente quiserem sair, precisarão de uma equipe bem informada. Uma Paladina e um Feiticeiro voltado somente para o combate não é muito versátil, né? Por isso, eu, como seu Ladino, Maquiavel como nosso Assassino Batedor, Armstrong como nosso Bruxo Ilusionista com magias versáteis e Kinky como nosso Guerreiro.” Ele enumerou suas funções com uma naturalidade casual, como se já estivesse planejando isso há algum tempo.
“Nh?” Kinky olhou para Bros Warner, sua expressão de repente desconfiada. “Eu não vou, não sei porque tá todo mundo agoniado para sair. Nós só estamos aqui faz uns cinco ou seis dias—”
Werdna deu de ombros, como se a questão fosse de pouca importância para ele. “—Para mim tanto faz. Só não atrapalhem.” Seu tom era direto, sem espaço para discussões, deixando claro que ele estava focado em um único objetivo.
A tensão no grupo era palpável, mas havia uma estranha harmonia na discórdia, como se todos soubessem que, no final, seus interesses estavam alinhados, mesmo que seus métodos fossem diferentes. O ar estava carregado de expectativas.
Maquiavel suspirou profundamente, cruzando os braços sobre o peito e exibindo uma expressão de resignação. “Infelizmente, eu não vou poder sair. Ainda tenho algumas coisas para resolver.”
Bros Warner arqueou uma sobrancelha, seu olhar demonstrando desgosto e leve irritação. “Então vamos.”
Sem perder tempo, Werdna liderou o grupo, avançando sem Kinky e Maquiavel, que permaneceram para trás com expressões de desdém contido. Eles seguiram em direção à sala de Ainz, determinados a descobrir o paradeiro de Traumerei.
“Ainz-sama, os Seres Supremos Werdna-sama, Yelhsa-sama, Bros Warner-sama e Armstrong-sama gostariam de conversar com o senhor,” anunciou a empregada, inclinando-se respeitosamente. Seus olhos refletiam uma mistura de reverência e curiosidade, enquanto sua postura rígida indicava a importância do momento.
“... Eles?” pensou Ainz, interrompendo a leitura de um relatório que estava em suas mãos. Seus olhos se levantaram, encontrando os dos visitantes com surpresa contida. ”Deixe-os entrarem,” disse ele para a empregada, sua voz revelando uma curiosidade genuína.
As portas se abriram silenciosamente, e o grupo entrou na sala com passos firmes. Ainz observou cada um deles atentamente, sua expressão uma mistura de curiosidade e cautela, tentando discernir as intenções por trás dos olhares e gestos.
“Meus amigos, o que traz vocês aqui?” perguntou Ainz, sua voz calma tentando esconder a surpresa evidente em seus olhos.
“Nada de mais. Só queremos saber onde está Traumerei,” respondeu Werdna diretamente, sua expressão séria e seus olhos fixos em Ainz, como se buscasse uma resposta imediata e honesta.
“Ah... Bem, Traumerei acabou de sair e—”
“—QUE?” interrompeu Yelhsa abruptamente, sua voz carregada de irritação e sua expressão endurecida em fúria. Suas asas, normalmente retraídas, agora balançavam violentamente, refletindo a intensidade de sua raiva. “Ele sai e nos deixa aqui presos!” Sua frustração era palpável, e sua postura tensa sugeria que ela estava à beira de um colapso emocional.
Ainz congelou por um momento, levantando as mãos em um gesto pacificador, tentando acalmar a situação. “Traumerei foi resolver uma coisa fora de Nazarick e—”
“—Isso aí é sacanagem. Ainz, nós também precisamos dar uma volta lá fora para respirar,” interrompeu Bros Warner, sua expressão demonstrando frustração e descontentamento. Seus olhos faiscavam com um brilho de desafio, e seu corpo mostrava sinais de impaciência crescente.
Ainz suspirou, percebendo a seriedade da situação e a necessidade de abordar as preocupações do grupo. “Entendo a frustração de vocês. No entanto, Traumerei saiu em uma missão importante, e eu não tenho autoridade para permitir a saída de vocês sem a sua permissão.”
A tensão na sala era palpável, cada membro do grupo absorvendo as palavras de Ainz com diferentes reações estampadas em seus rostos. Enquanto alguns demonstravam compreensão relutante, outros, como Yelhsa e Bros Warner, lutavam para conter seu descontentamento. A atmosfera estava carregada de expectativas, e o silêncio que se seguiu foi preenchido apenas pela respiração pesada e os olhares carregados de pensamentos não ditos.
Werdna avançou um passo, sua expressão mostrando uma mistura de determinação e cautela. “Ainz, estamos apenas pedindo uma oportunidade de explorar. Podemos trazer informações valiosas sobre o novo mundo. Será benéfico para Nazarick.” Sua voz ressoava com firmeza, mas também com um respeito inegável pela figura à sua frente.
Ainz, por sua vez, ficou em silêncio por alguns instantes, observando a expressão decidida de Werdna. Seus olhos vazios, mas intensos, refletiam uma profunda consideração. “Eu entendo a urgência que vocês sentem,” Ainz começou, sua voz calma e ponderada, “mas as chances de cometer erros são altas, como os que eu mesmo já cometi. Traumerei teme que algo aconteça como resultado disso.”
Armstrong, até então em silêncio, deu um passo à frente. “Estamos cientes dos riscos,” disse ele, sua voz monotônica escondendo uma firmeza inabalável. Seus olhos penetrantes fixaram-se em Ainz, avaliando sua reação – embora, claro, ler a expressão de um esqueleto fosse uma tarefa inútil. “E estamos preparados para enfrentá-los.”
Ainz permitiu que seu olhar vagasse por cada um dos presentes, notando a firmeza nos olhos de Werdna, o controle severo que Yelhsa tentava manter, a determinação inflexível de Armstrong, e o sorriso travesso de Bros Warner. “Muito bem,” ele finalmente disse, sua voz carregada de uma mistura de resignação e responsabilidade. “Mas preciso discutir isso com Traumerei. Por enquanto, aguardem.”
Yelhsa, apesar de sua tentativa de manter a compostura, não conseguiu esconder sua insatisfação. Seus braços cruzados e as asas tensas eram um reflexo claro de sua frustração contida. “Tudo bem, Ainz. Mas não vamos esperar para sempre.” Sua voz era dura, e seus olhos brilhavam com raiva e impaciência.
Bros Warner, sempre o sarcástico, deu um sorriso enquanto comentava: “Isso mesmo. Não queremos apodrecer aqui dentro enquanto Traumerei se diverte lá fora.” Suas palavras foram acompanhadas de um brilho travesso nos olhos, mas havia uma sinceridade implícita em seu tom.
Ainz acenou com a cabeça, compreendendo a urgência que permeava o grupo. “Entendido. Farei o possível para acelerar as coisas, mas lembrem-se, eu não faço milagres.” Sua voz era firme, mas também tinha uma leveza, como se tentasse acalmar o grupo sem prometer demais.
Os quatro assentiram, embora Yelhsa ainda parecesse à beira de uma explosão. Werdna, em um gesto final, lançou um olhar firme para Ainz, como se quisesse gravar em sua memória a seriedade de seu pedido. Quando saíram da sala, deixando Ainz para ponderar sobre suas palavras, Maquiavel invisível, observando à distância, continuou a analisar calmamente a situação, como uma peça invisível no tabuleiro de Nazarick.
Enquanto aguardavam, Yelhsa começou a caminhar de um lado para o outro, suas asas inquietas balançando com o movimento constante de frustração. “Isso vai demorar uma eternidade,” murmurou ela, sua voz carregada de impaciência e suas asas se contraindo levemente.
Bros Warner, sempre pronto para provocar, disse com um sorriso travesso: “Você vai acabar desgastando o chão, Yelhsa. Por que não se senta e relaxa um pouco?” Ele falou com um tom despreocupado, mas havia uma tentativa clara de aliviar a tensão crescente no ar.
Yelhsa, sem desacelerar seu ritmo, lançou um olhar afiado para Bros Warner. “Se não conseguirmos a permissão logo, eu mesma vou encontrar uma maneira de sair,” disse ela, sua voz carregada de uma determinação feroz e uma raiva subjacente que parecia prestes a transbordar. Seus olhos brilhavam com uma fúria contida, e cada movimento de suas asas reforçava a seriedade de suas palavras.
Werdna, percebendo o perigo de suas intenções, respondeu com calma, mas sua voz era inegavelmente firme. “Não seja impulsiva, Yelhsa.” Suas palavras eram um aviso, e seus olhos encontraram os dela com uma seriedade que não podia ser ignorada. “Precisamos ser estratégicos sobre isso. Se agirmos de maneira precipitada, podemos causar mais problemas do que resolver.”
Por um momento, Yelhsa parou, bufando em frustração, mas sem responder. Bros Warner, observando a tensão, deu um tapinha no ombro de Werdna, um gesto amigável, mas com um toque de humor. “Você tem uma tarefa difícil, amigo. Manter essa força da natureza sob controle não é para qualquer um.”
Werdna sorriu levemente, mas era um sorriso cansado, suas asas caindo suavemente em um movimento de resignação. “Tenha um pouco de paciência,” disse ele, colocando uma mão tranquilizadora no ombro de Yelhsa. “Vamos conseguir sair daqui. É só uma questão de tempo.” Seus olhos, embora cansados, ainda carregavam uma confiança silenciosa, um desejo de manter o grupo unido e focado em seus objetivos.
A tensão no ambiente era evidente, mas havia um fio de compreensão que começava a surgir, uma aceitação relutante das palavras de Werdna. Mesmo com a frustração fervendo sob a superfície, o grupo sabia que, por enquanto, paciência era a única estratégia viável. E assim, eles aguardaram, enquanto o peso da incerteza pairava sobre eles como uma sombra silenciosa.
“Espero que você esteja certo,” respondeu Yelhsa, seus olhos ardendo com uma mistura de raiva e esperança. A intensidade em sua voz revelava o conflito interno entre a impaciência e o desejo de acreditar em Werdna.
Enquanto o silêncio pairava no ar, Maquiavel emergiu das sombras, desativando sua habilidade de furtividade. “Então vocês não conseguiram?” perguntou ele, sua voz suave, mas carregada de um tom levemente inquisitivo.
Bros Warner, sem se surpreender, já que havia sentido a presença de Maquiavel, deu um leve tapa em suas costas. “E aí, cara de filósofo, como você acha que isso vai acabar?” A provocação em sua voz era evidente, mas havia também um leve toque de camaradagem.
Maquiavel apenas deu de ombros, sua expressão permanecendo impassível e calculista. “Depende de muitos fatores. Mas, com a determinação que vocês têm, acho que conseguiremos.” Sua voz era neutra, como se analisasse todas as possibilidades em um tabuleiro de xadrez invisível.
Armstrong, que havia se mantido em silêncio até então, olhou para o grupo com um olhar calmo e ponderado. “Precisamos manter a cabeça fria e esperar a resposta.” Sua voz era monótona, mas havia uma firmeza subjacente que indicava sua experiência em lidar com situações difíceis.
Yelhsa, finalmente se cansando de andar de um lado para o outro, parou abruptamente. Suas asas, antes inquietas, começaram a se acalmar, refletindo seu esforço em controlar a frustração. Ela lançou um olhar para seus companheiros, vendo a mesma determinação nos olhos deles. “Tudo bem. Vamos esperar... por enquanto.” Sua voz ainda carregava um traço de impaciência, mas ela parecia mais contida, resignada à necessidade de paciência.
Maquiavel, sempre atento, percebeu uma presença se aproximando. Virando-se em direção ao corredor, viu Kinky e Dyna caminhando em sua direção. Seus olhos, embora calmos, estavam atentos a cada movimento.
“Ei... E como foi?” perguntou Kinky, tentando quebrar o gelo com o grupo, mas sua hesitação era clara. Ele parecia desconfortável, sem saber exatamente como iniciar a conversa.
“Uma perda de tempo,” respondeu Yelhsa imediatamente, sua voz carregada de desgosto e frustração. Ela cruzou os braços com força, suas asas ainda balançando levemente, como se refletissem a tempestade interna que sentia.
Werdna, lutando contra o impulso de gritar, colocou a mão no rosto e respirou fundo. Ele exalou lentamente, tentando manter a calma e a compostura. Seus olhos fecharam por um breve momento, buscando paciência nas profundezas de sua mente.
“Entendi... Bem, eu trouxe a guerreira para o seu grupo, caso vocês acabem saindo,” disse Kinky, tentando desviar a conversa para algo mais produtivo, enquanto apontava para Dyna ao seu lado.
Dyna, sempre confiante, olhou diretamente para seus companheiros de guilda. Seus olhos brilhavam com uma determinação feroz, e sua postura firme indicava sua prontidão para qualquer desafio. A mão descansando na empunhadura da foice em suas costas era um lembrete silencioso de sua capacidade de combate.
“Acho que posso ser útil,” disse Dyna, sua voz firme e decidida, carregada de uma confiança inabalável. “Estou pronta para qualquer coisa.” Ela olhou para cada um dos presentes, seu olhar transmitindo a promessa de que, quando o momento chegasse, ela estaria na linha de frente, lutando ao lado deles.
O grupo permaneceu em silêncio por um momento, absorvendo as palavras de Dyna e a realidade da situação. Havia uma tensão no ar, mas também uma sensação de unidade, um entendimento mútuo de que, apesar das dificuldades, estavam todos juntos nessa jornada.
Bros Warner esboçou um sorriso irônico, seus olhos estreitados como se estivesse sempre pronto para uma piada mordaz. “Bem, pelo menos temos alguém disposto a lutar,” disse ele, lançando um olhar de soslaio para Yelhsa. “Quem sabe isso não melhora o humor de alguns de nós.”
Yelhsa bufou, cruzando os braços com um gesto impaciente, mas não pôde evitar que um leve sorriso se formasse em seus lábios, por mais que tentasse escondê-lo. “Vamos ver,” murmurou ela, sua voz carregada de uma frustração que mascarava um interesse genuíno pela situação.
Werdna, sempre o mediador, aproximou-se de Kinky e Dyna. Sua expressão, antes carregada de tensão, agora estava mais relaxada, quase serena. “Agradeço a ajuda, Kinky. E Dyna, sua presença será bem-vinda. Precisamos de toda a força possível.”
Maquiavel, como de costume, permaneceu em silêncio, observando a interação com olhos calculistas. Analisava cada expressão, cada movimento, como se estivesse decifrando um enigma complexo. “Dyna, você está ciente dos riscos envolvidos?” Sua voz era calma, mas o tom de seriedade era inconfundível.
“Claro que sim,” respondeu Dyna, seu sorriso confiante revelando uma autossuficiência inabalável. “Não sou de fugir de um desafio.” Havia um brilho nos olhos dela que sugeria uma ânsia por ação, por provar seu valor.
Armstrong, sempre imperturbável, voltou seus olhos calmos para Dyna e Kinky. “Será bom ter você conosco, Dyna. Precisamos de guerreiros que não recuam.” Sua voz, ainda que monótona, carregava uma aprovação sutil, um raro reconhecimento de que Dyna seria um ativo valioso para o grupo.
Dyna assentiu, firme em sua resolução. “Não se preocupem. Estarei ao lado de vocês, pronta para enfrentar qualquer coisa.” A confiança em sua voz era quase palpável, um juramento silencioso de lealdade e força.
Com a chegada de Dyna, a atmosfera entre eles começou a mudar. A tensão que antes pairava no ar como uma nuvem escura começou a dissipar, substituída por um senso renovado de camaradagem e propósito. Werdna observou atentamente cada um de seus companheiros, vendo a determinação firmemente gravada em seus rostos. “Vamos manter a calma e esperar a resposta de Ainz. Se formos autorizados a sair, estaremos prontos.” Sua voz, agora mais firme, refletia a renovada confiança no grupo.
Kinky, deu um passo para trás, satisfeito ao ver a nova dinâmica entre eles. “Boa sorte, pessoal. Espero que consigam o que querem.” Havia um tom de despedida em sua voz, como se ele já estivesse se preparando para o pior.
Dyna, observando seus novos companheiros de equipe, sentiu uma mistura de excitação e determinação fervilhando em seu interior. “Vamos mostrar ao mundo do que somos capazes,” disse ela, sua voz carregada de uma confiança feroz, quase desafiadora.
Enquanto aguardavam, o peso da incerteza gradualmente diminuía, dando lugar a uma crescente sensação de unidade e expectativa. Eles sabiam que, independentemente do que viesse a seguir, estariam prontos para enfrentar juntos o que quer que fosse.
Kinky, entretanto, ao se afastar do grupo, lançou um último olhar por cima do ombro, seus pensamentos cheios de cautela. ‘Mostrar ao mundo do que somos capazes?... Vocês vão arrumar problema, isso sim,’ pensou ele, preferindo manter uma distância segura de uma situação que, a qualquer momento, poderia se transformar em uma tempestade incontrolável.
“Então, enquanto esperamos, o que vamos fazer?” perguntou Dyna, seus olhos brilhando com determinação enquanto ajustava a empunhadura de sua foice. A postura firme da guerreira transmitia uma impaciência controlada, ansiosa para começar logo os preparativos.
“Primeiro, vocês precisa garantir que temos todos os equipamentos e itens necessários,” disse Maquiavel, mantendo sua expressão habitual de serenidade e calculismo. Seus olhos, sempre atentos a cada detalhe, varreram o grupo com um brilho analítico. “Depois, revisar suas habilidades e criar algumas estratégias. Afinal não sabemos o que vamos encontrar lá fora, então precisamos estar prontos para qualquer coisa. E precisamos também pensar em um plano de contingência. Se algo der errado, precisamos ter uma forma de voltar rapidamente.”
Werdna, sempre atento à lógica e à prudência, assentiu com um aceno firme. “Concordo. Precisamos estar preparados para qualquer eventualidade,” disse ele, sua voz carregada de seriedade enquanto seus olhos passavam de um companheiro ao outro, medindo suas reações. “Vamos fazer uma lista de tudo o que precisaremos e verificar nossos equipamentos.”
Bros Warner, sempre pronto para uma boa provocação, esboçou um sorriso astuto. “Eu posso ajudar com isso. Afinal, um ladino sabe exatamente o que é necessário para sobreviver em território desconhecido.” Seus olhos brilhavam com uma combinação de entusiasmo e malícia enquanto ajustava suas armas, verificando cada detalhe de seu equipamento com um brilho travesso no olhar, quase como se estivesse se preparando para uma nova e emocionante travessura.
Yelhsa, embora ainda visivelmente irritada, não conseguia esconder completamente sua inquietação. Cruzou os braços, suas asas balançando suavemente como se refletissem seu estado mental agitado. O pensamento de explorar um novo mundo ao lado de seu irmão era tentador, mas a espera estava corroendo sua paciência. “Por que não saímos logo e fazemos alguma coisa útil?” murmurou, mais para si mesma do que para os outros.
Dyna assentiu, a determinação clara em sua expressão. “Estou pronta para qualquer coisa. Vou verificar meu equipamento e garantir que estou preparada.” Seu sorriso confiante refletia sua prontidão para o combate, enquanto sua armadura de ossos e carapaças reluzia levemente sob a luz, emitindo uma aura ameaçadora.
Armstrong, sempre o estrategista calmo e sereno, falou em um tom tranquilo, mas com a firmeza de quem sabe exatamente o que está em jogo. “Eu posso criar ilusões para nos ajudar em situações difíceis. Isso pode nos dar uma vantagem tática significativa.” Ele mantinha a postura relaxada, mas os olhos, sempre atentos, revelavam o pensamento constante em como antecipar as jogadas dos inimigos.
Maquiavel fez uma rápida anotação mental, estruturando as próximas etapas com precisão. “Precisamos dividir as tarefas. Bros Warner, você verifica os equipamentos e itens necessários. Dyna, você pode coordenar a revisão das habilidades de combate. Armstrong, Werdna e eu vamos revisar juntos nossos planos de contingência. Yelhsa... Você poderia descansar um pouco.”
“Qu—”
“—Ele tem razão. Vai dormir, Yelhsa,” interrompeu Werdna, seu olhar firme deixando claro que não haveria discussão.
“Idiota. Eu sou uma porra de uma anja! Eu não tenho necessidade de dormir,” resmungou ela, cruzando os braços com força e lançando um olhar mortal para Werdna.
Werdna, no entanto, não recuou, mantendo seu olhar afiado sobre ela até que, relutante, Yelhsa finalmente cedeu e se retirou, ainda murmurando em frustração. Seus passos, inicialmente firmes, foram se tornando mais suaves enquanto ela se afastava, sua irritação evidente em cada movimento de suas asas, que agitavam o ar em pequenos surtos de raiva contida.
Maquiavel, observando a dinâmica entre os amigos, fez novas anotações mentais. Ele sabia que, apesar das tensões que surgiam entre eles, o grupo era sólido, unido por uma determinação compartilhada. Cada um tinha um papel crucial a desempenhar, e juntos, estavam prontos para enfrentar qualquer desafio que viesse.
“Vamos lá, temos trabalho a fazer,” disse Werdna, assumindo a liderança com uma confiança renovada. Seus olhos, brilhando com a convicção de alguém que conhecia o peso de suas responsabilidades, varreram o grupo enquanto todos se preparavam para suas respectivas tarefas.
Dyna, Bros Warner, Armstrong e Maquiavel seguiram seus caminhos designados, imersos em seus preparativos, enquanto Yelhsa, sozinha em seu quarto, lutava contra a frustração crescente. Ela sabia que, no fundo, Werdna estava certo, mas a espera era insuportável. Mesmo assim, quando a hora chegasse, eles estariam prontos para enfrentar o que quer que os aguardasse lá fora. E, como sempre, estariam juntos, prontos para provar sua força ao mundo... ou destruí-lo.
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Overlord•Overlord-73
Hayran Kurgu["Tudo tem um começo e um final, mas para AINZ OOAL GOWN, só tem começo eterno"]