Apoio em tempos difíceis

127 20 3
                                    

Ainda naquele final de tarde, Lydia terminou suas últimas tarefas no hospital, organizando os prontuários de Miguel e garantindo que todos os procedimentos estavam em ordem

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Ainda naquele final de tarde, Lydia terminou suas últimas tarefas no hospital, organizando os prontuários de Miguel e garantindo que todos os procedimentos estavam em ordem. Ela sentia o peso do dia nas costas, mas, ao mesmo tempo, uma estranha leveza tomava conta de seu coração. Havia algo a mais, além da rotina, que a mantinha naquele estado de atenção suave. Sua mente ainda estava dividida entre o profissionalismo e os laços emocionais que começavam a surgir.

João estava sentado na sala de espera, o olhar perdido em algum ponto distante. Ele parecia menos tenso do que de manhã, como se o peso que carregava tivesse sido temporariamente aliviado pelas boas notícias sobre Miguel, seu irmão mais novo. Quando Lydia terminou seu turno, se aproximou dele mais uma vez. Seus passos foram leves, mas o suficiente para que João erguesse a cabeça ao ouvir o som de seus sapatos no piso.

― Vai voltar para casa? ― perguntou ela, a voz suave, mas firme.

João balançou a cabeça. ― Não, acho que vou ficar mais um pouco. Só quero estar aqui caso ele precise de mim.

Lydia sentiu um calor no peito ao ouvir isso. João, sempre tão focado, tão preocupado com tudo e todos, parecia estar abrindo um espaço para se mostrar vulnerável.

― Você precisa descansar, João ― disse ela, seu tom delicado, mas com uma nota de preocupação. ― Se você se desgastar tanto, não vai conseguir ajudar o Miguel da forma que ele precisa.

― Eu sei, mas... ― Ele parou, como se as palavras tivessem fugido. Depois de um longo suspiro, ele olhou nos olhos dela. ― Acho que só estou com medo. Medo de perder o Miguel, assim como perdi o papai.

A menção ao pai, Eduardo Campos, que falecera há 10 anos, trouxe um peso palpável à conversa. Lydia sabia da história, da dor que João e Miguel carregavam desde a morte trágica do pai, e isso tornava o momento ainda mais delicado. João havia assumido muitas responsabilidades desde então, e agora, ver seu irmão mais novo tão frágil o fazia reviver as antigas feridas.

A sinceridade crua em sua voz tocou Lydia profundamente. Era raro ver João, o homem sempre forte e decidido, se abrir daquela forma. Ela se aproximou mais, até que estivesse ao seu lado, o silêncio pesado, mas carregado de significado. Lydia não precisou pensar muito para saber o que fazer; apenas seguiu o instinto de cuidar, não só de Miguel, mas de João também.

Ela se sentou ao lado dele, e por alguns segundos, ambos permaneceram em silêncio, apenas sentindo a presença um do outro. Lydia então tocou de leve no braço de João, o gesto carregado de uma delicada intenção. Ele virou o rosto em sua direção, os olhos refletindo uma mistura de cansaço e gratidão.

― Você não está sozinho nessa, João ― disse ela, suavemente. ― Estou aqui, e não vou a lugar nenhum.

Aquelas palavras quebraram algo dentro dele, e antes que Lydia pudesse registrar o que estava acontecendo, sentiu a mão de João deslizar gentilmente para a dela. Seus dedos se entrelaçaram, o toque leve, mas cheio de significado.

João a olhou profundamente, e o tempo pareceu parar. Lydia sentiu seu coração bater mais forte, o ambiente ao redor desaparecendo, até que fossem apenas os dois ali. O que começou como um gesto de apoio foi se transformando em algo mais. Ela sabia, naquele momento, que não era apenas a preocupação com Miguel que os conectava. Havia algo mais, algo inegável que crescia entre eles.

Antes que pudesse pensar ou hesitar, João se inclinou lentamente em sua direção. Lydia não recuou; ao contrário, sentiu-se atraída para ele como se uma força invisível os unisse. Quando seus lábios finalmente se encontraram, foi suave, delicado, como um sussurro de tudo o que não conseguiam colocar em palavras. O beijo não era apenas uma explosão de emoção, mas também um pacto silencioso, uma promessa de que, independentemente do que viesse a seguir, estariam ali um para o outro.

Quando se afastaram, seus olhos se encontraram novamente, ambos um pouco surpresos, mas nenhum dos dois arrependido. Lydia sorriu, um sorriso tímido, e João retribuiu, com aquele olhar caloroso que ela estava começando a entender tão bem.

― Acho que eu precisava disso ― ele sussurrou, sua voz ainda carregada de emoção.

― Eu também ― respondeu Lydia, sua voz suave e sincera.

O silêncio que se seguiu foi confortável, uma pausa para absorver o que acabara de acontecer. Embora nenhum dos dois soubesse exatamente o que aquilo significava para o futuro, sabiam que estavam prontos para enfrentar juntos o que viesse.

Depois de um tempo, Lydia se levantou.

― Tenhos alguns vários prontuários para preencher mais eu pvou voltar amanhã de manhã para ver como o Miguel está ― disse ela, a mão ainda tocando de leve a de João. ― E espero que você tenha conseguido descansar um pouco.

João riu suavemente. ― Prometo tentar.

Eles se despediram, e enquanto Lydia saía pelo corredor, o sorriso permanecia em seu rosto. Ela sabia que aquele beijo não resolveria todas as preocupações que cercavam João, nem garantiria a recuperação de Miguel. Mas era o começo de algo, algo que ela sabia que poderia mudar suas vidas de formas que eles ainda não compreendiam.

.•.•.••.•.••.•.•.•.•.•..••.•.•
Olá minha gatinhas, eu publiquei outra história do João no meu segundo perfil que é SunikaLee , se vocês puderem dar uma olhadinha lá 😁

Caminhos Cruzados- João Campos Onde histórias criam vida. Descubra agora