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Faltavam apenas duas semanas para as eleições, e a campanha de reeleição de João estava a todo vapor

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Faltavam apenas duas semanas para as eleições, e a campanha de reeleição de João estava a todo vapor. Recife parecia vibrar ao ritmo do movimento político, com carros de som, banners e faixas nas ruas, enchendo a cidade com a imagem de João e slogans sobre continuidade e esperança. Lydia percebia o peso da responsabilidade que João carregava e, ao mesmo tempo, a sua paixão genuína pela cidade e pelo que ainda queria conquistar para a população.

No hospital, a rotina de Lydia seguia intensa, mas seus pensamentos frequentemente desviavam para João. Nos últimos dias, ele estava em uma agenda frenética, pulando de reuniões para eventos de campanha, sem tempo para descanso adequado. Era como se o João que ela conhecia estivesse desaparecendo aos poucos, tomado pelo papel de prefeito e candidato, se dedicando com intensidade até o limite.

No fim de um plantão longo, ela pegou o celular e digitou uma mensagem breve: "Você descansou hoje? Preciso te ver, nem que seja para garantir que ainda se lembra de dormir."

Não demorou para que João respondesse com uma foto tirada em meio a uma reunião. Ele segurava uma xícara de café, o sorriso tentando esconder o cansaço evidente no olhar. "Prometo descansar logo. Só mais duas semanas para virarmos esse jogo."

Naquela noite, Lydia decidiu passar na sede da campanha para vê-lo. Quando chegou, o ambiente estava repleto de energia; jovens voluntários distribuíam materiais de campanha, coordenadores faziam ligações, e os assessores discutiam estratégias. Ao avistar João, Lydia viu que ele estava em uma conversa séria com alguns de seus colaboradores mais próximos. A expressão dele estava focada, quase exausta, mas quando seus olhos cruzaram os dela, seu rosto suavizou, revelando o João que ela conhecia além do papel de prefeito.

Ele se aproximou, despedindo-se brevemente dos assessores, e a puxou para um abraço longo, como se precisasse daquele momento para se reconectar com algo mais leve e verdadeiro. "Obrigado por vir," ele murmurou, encostando o rosto no dela. "É bom lembrar que eu ainda tenho uma vida fora daqui."

Ela sorriu, tentando disfarçar a preocupação. "Bom lembrar ou ser lembrado?" brincou, mas em seu olhar, ele percebeu o quanto ela estava preocupada. "João, você precisa estar em forma para as próximas semanas. Tem muita coisa em jogo, e você não vai conseguir se doar tanto se não cuidar de si."

Ele suspirou, os olhos encontrando os dela. "Eu sei... e é por isso que você é essencial para mim, Lyd. Não é só por conta da campanha. Você me lembra de que, depois de tudo isso, ainda existe algo além do trabalho."

A sinceridade dele fez o coração dela acelerar. Saber que ele valorizava o que tinham, mesmo em meio à tempestade da reeleição, trazia uma paz que ela não esperava.

No entanto, uma das assessoras se aproximou para lembrá-lo do próximo compromisso. João lançou um olhar rápido para Lydia, quase como se pedisse desculpas por não poder ficar. "Tenho mais algumas reuniões hoje. Mas, se você puder, me espere. Vou te levar para casa."

Ela assentiu, entendendo o papel que ele precisava cumprir, e se despediu com um leve toque no braço dele. "Vai lá, prefeito. Vou esperar, mas cuide-se."

Lydia se sentou em uma poltrona no canto da sala de reuniões improvisada, observando a movimentação da equipe de campanha. Aquele mundo era novo para ela, e ela admirava a energia com que todos se dedicavam a manter a candidatura de João forte. Não demorou muito até que Maisa, uma jovem assessora da comunicação, se aproximasse com um sorriso simpático.

"Você deve ser a Lydia, certo?" perguntou uma mulher com com uma presença marcante. "Sou Maisa, a assessora do João. Ele mencionou que você talvez passasse por aqui hoje."

Lydia sorriu, acenando positivamente. "Sim, sou eu. Estava curiosa para ver como estava o clima por aqui... e, claro, dar um suporte moral para o João," respondeu, tentando soar casual, embora soubesse que seu envolvimento ia muito além disso.

Maisa assentiu, os olhos brilhando de entusiasmo. "Acho incrível como ele se dedica a essa campanha, mas sei que é importante ter alguém ao lado dele que o lembre de relaxar também. Aqui, todos fazemos o possível para apoiar, mas... é diferente quando vem de alguém que realmente o conhece."

A conversa com Maisa fez Lydia se sentir parte daquele esforço coletivo de maneira ainda mais próxima, como se fosse mais uma peça que ajudava João a seguir em frente, mesmo quando ele mal tinha tempo para respirar.

Pouco depois, João apareceu novamente, avisando que estava pronto para ir. Ao saírem juntos, Lydia podia ver o quanto ele estava desgastado. Ele a levou até o carro, e, enquanto dirigiam, o silêncio entre eles parecia tão confortável quanto as conversas.

"Me desculpa por hoje," ele disse, depois de alguns minutos. "Eu queria poder dividir mais tempo contigo, mas essa reta final é exaustiva."

Ela colocou a mão sobre a dele, que segurava o volante, e sorriu. "Eu entendo, João. Mas você sabe que se esforçar tanto sem cuidar de si pode prejudicar a campanha, né?"

Ele riu, um riso leve, mas sincero. "Sim, senhora. Vou me esforçar para dormir pelo menos um pouco todas as noites."

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Nos dias que se seguiram, a campanha de João só aumentava em intensidade. Lydia o via menos do que gostaria, mas sabia que isso fazia parte do momento. Ela o acompanhava de longe, assistindo às entrevistas na televisão e vendo os comentários na internet sobre a corrida eleitoral, o que a fazia sentir-se mais próxima daquele universo político, apesar de tudo.

Numa dessas noites, ela estava em casa assistindo a uma das entrevistas de João quando o celular vibrou. Era uma mensagem dele, acompanhada de uma selfie rápida nos bastidores da emissora. "O que está achando? Vou sobreviver?" Ela sorriu e respondeu rapidamente: "Está ótimo! Você nasceu para isso."

O apoio dela, mesmo à distância, parecia dar a João um fôlego novo. Ele lhe respondia entre um compromisso e outro, sempre expressando o quanto suas palavras eram importantes. A conexão deles era sutil, mas intensa, e cada mensagem trocada fazia Lydia se sentir ainda mais integrada àquela nova vida.

Finalmente, na véspera da última semana de campanha, João conseguiu tirar uma noite para se encontrar com Lydia. Eles escolheram um restaurante discreto, longe das câmeras e dos olhares curiosos. Enquanto jantavam, ele parecia mais relaxado do que nas últimas semanas, e ela ficou feliz em vê-lo assim.

"Obrigada por estar ao meu lado em tudo isso," ele disse, segurando a mão dela sobre a mesa. "Essas semanas têm sido uma loucura, mas saber que você está aqui... que você entende... isso me dá forças."

Ela o olhou, percebendo a vulnerabilidade em seu rosto, e soube que ali estava o João que ela amava, não apenas o prefeito em campanha. "Estou aqui, João. Independentemente do resultado, eu estarei ao seu lado."

Ele sorriu, um sorriso carregado de gratidão e afeto, e juntos, passaram o resto da noite falando sobre a vida, sobre o que sonhavam para o futuro, e sobre como aquela fase intensa logo chegaria ao fim.

As próximas semanas seriam decisivas, e ambos sabiam que o desfecho da campanha influenciaria suas vidas em muitos aspectos. Mas, naquela noite, apenas o presente importava. E, entre palavras de carinho e olhares sinceros, Lydia e João reafirmaram o compromisso de enfrentarem juntos o que viesse, com a certeza de que o apoio mútuo seria a base para tudo o que o futuro lhes reservava.

Caminhos Cruzados- João Campos Onde histórias criam vida. Descubra agora