Entre dúvidas e incertezas

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Lydia saiu do hospital no início da manhã, o ar fresco de Recife contrastando com o turbilhão de pensamentos que ocupava sua mente

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Lydia saiu do hospital no início da manhã, o ar fresco de Recife contrastando com o turbilhão de pensamentos que ocupava sua mente. O beijo que trocara com João na noite anterior ainda pairava em sua memória, como uma promessa não dita. Ela estava tentando processar o que aquilo significava para eles dois. Seria apenas um momento de emoção? Ou algo mais profundo, algo que poderia alterar o rumo de sua vida em Recife?

Enquanto caminhava pela orla, seu celular vibrou. Era uma mensagem de Lara, perguntando se ela estaria livre para um café mais tarde. A amizade que se formara entre elas era um dos poucos refúgios de paz que Lydia encontrava no meio do caos emocional em que estava imersa. Ela respondeu que sim, precisando de alguém com quem pudesse conversar, mesmo que não estivesse pronta para compartilhar tudo.

Lydia se lembrava de uma conversa anterior com Lara, quando a engenheira mencionou, quase casualmente, que conhecia João de eventos sociais na cidade. Lara sempre falava dele com uma admiração discreta, mas Lydia percebia que havia mais na história. Isso a deixava inquieta, sem entender completamente o porquê. Talvez fosse o fato de que João parecia ser uma figura de muitas camadas, com facetas que ela ainda estava apenas começando a desvendar.

Ao longo do dia, Lydia tentava se concentrar no trabalho, mas era impossível não pensar no que acontecera. Cada vez que parava para respirar, seus pensamentos a levavam de volta ao toque de João, ao modo como seus olhares se encontraram, carregados de significados que eles ainda não haviam discutido. O desafio agora não era apenas decidir sobre a proposta profissional que ele fizera, mas também lidar com a crescente tensão emocional entre eles.

No final da tarde, como combinado, Lydia encontrou Lara em um café à beira-mar. A conversa fluiu leve no início, falando sobre o trabalho e a rotina, mas Lydia sabia que, em algum momento, Lara perguntaria sobre João. E não demorou.

— Como estão as coisas com o prefeito? — perguntou Lara com um sorriso, segurando a xícara de café. — Parece que vocês têm passado bastante tempo juntos, não?

Lydia sentiu um leve desconforto, não por Lara, mas pela complexidade da situação. Ela hesitou, tomando um gole de seu próprio café antes de responder.

— Estamos começando a trabalhar juntos em alguns projetos, sim — respondeu, mantendo o tom neutro. — Ele me fez uma proposta interessante, mas... tem sido difícil separar as coisas.

Lara inclinou-se ligeiramente para frente, o olhar curioso.

— Separar o quê, exatamente?

Lydia suspirou. Era uma pergunta justa, mas difícil de responder. Como explicar que sua relação com João não era apenas sobre trabalho, mas também sobre algo mais profundo e indefinido, algo que ela mesma ainda estava tentando entender?

— Acho que tem mais em jogo do que apenas o lado profissional — admitiu Lydia, olhando para o horizonte. — E isso me deixa... confusa.

Lara a observou por um momento, como se processasse a informação, antes de sorrir com empatia.

— João é um homem complicado, mas também muito apaixonado pelo que faz. Se ele está se aproximando de você de outra forma, é porque vê algo especial — disse Lara, sua voz suave, mas firme. — Mas você também precisa se perguntar o que está buscando aqui. Não apenas em Recife, mas para sua vida.

Aquelas palavras ressoaram profundamente em Lydia. De fato, o que ela estava buscando? Por que João mexia tanto com ela? Seria apenas a novidade, a atração de estar perto de alguém tão influente e determinado? Ou havia algo mais, algo que ela nunca havia permitido sentir antes?

Naquela noite, de volta ao seu apartamento, Lydia se sentou à janela, olhando para as luzes da cidade. Recife era um lugar cheio de oportunidades, mas também de incertezas. E agora, mais do que nunca, ela sabia que precisaria tomar uma decisão. Não apenas sobre a proposta de João, mas sobre o que estava disposta a arriscar — e ganhar — em termos emocionais.

Seu celular vibrou novamente. Era João, enviando uma mensagem simples, mas que trazia consigo todo o peso do que vinha a seguir:

"Podemos nos ver amanhã? Acho que precisamos conversar."

Lydia respirou fundo antes de responder. Ela sabia que, quando o encontrasse, as palavras precisariam ser claras, os sentimentos, definidos. Estava diante de um novo começo, e o que quer que decidisse, iria moldar não apenas seu futuro profissional, mas também sua vida pessoal.

Caminhos Cruzados- João Campos Onde histórias criam vida. Descubra agora