Caminhos Cruzados- João Campos

Raizes

O dia amanheceu tranquilo, e Lydia aproveitava cada segundo de sua merecida folga. Após dias intensos no hospital, ela finalmente sentia que podia relaxar um pouco. Miguel havia recebido alta, e o alívio por vê-lo bem era imenso. A gratidão de João e de sua família pela forma como Lydia cuidou de Miguel a deixava de coração quentinho,fazendo-a perceber que, de algum modo, havia se tornado parte daquela família.

Enquanto Lydia tomava café na varanda do seu apartamento, seu celular vibrou. Era uma mensagem de Guta, esposa de Pedro, o irmão de João. As duas nunca haviam se encontrado pessoalmente, mas Lydia sabia que Guta estava nos últimos dias de gravidez e que ela e Pedro aguardavam ansiosamente a chegada de uma menina, Nina. Na mensagem, Guta convidava Lydia para uma visita, mencionando que gostaria muito de conhecê-la antes do nascimento da bebê. Lydia sorriu ao ler as palavras carinhosas de Guta e aceitou o convite com animação.

Chegando ao apartamento de Guta e Pedro, Lydia foi recebida por Guta, que, apesar de estar na reta final da gravidez, exibia uma energia calorosa e um sorriso acolhedor.

— Lydia! Que bom finalmente te conhecer! — disse Guta, enquanto a guiava até a sala. — João fala tanto de você que sinto que já somos amigas.

Lydia sorriu, sentindo-se à vontade com a simpatia de Guta. A sala estava cheia de detalhes que mostravam a espera por Nina: almofadas delicadas, uma poltrona de amamentação e um bercinho cuidadosamente preparado.

— Uau, Guta, tudo aqui está lindo! Dá para sentir o carinho que vocês colocaram em cada detalhe — comentou Lydia, admirando o ambiente.

Guta riu, acariciando a barriga, enquanto se sentavam no sofá.

— Obrigada! Pedro e eu estamos muito animados, embora seja uma loucura pensar que em breve teremos uma bebê em casa. Ele anda contando os dias para conhecer a Nina.

As duas riram, e a conversa logo tomou um rumo mais pessoal. Elas falaram sobre as expectativas da maternidade, os desafios e as alegrias que uma nova vida traria.

— Às vezes penso que não estou preparada, sabe? — confessou Guta, com um olhar sincero. — Mas o Pedro é incrível e tem sido meu apoio em tudo. Ele já faz planos para cada detalhe, desde o primeiro passeio até o futuro dela.

Lydia sentiu o carinho nas palavras de Guta e sorriu, pensando na família que a acolhia de braços abertos.

— Tenho certeza de que você e o Pedro vão ser pais maravilhosos. Só de ver a dedicação de vocês já dá para sentir o quanto a Nina é amada.

A tarde passou em uma conversa leve e divertida, onde Lydia e Guta compartilharam histórias de infância, planos para o futuro e até algumas histórias engraçadas de família. No meio da conversa, Guta mencionou algo que fez Lydia corar de leve:

— Lydia, você sabe que desde que João te conheceu, ele tem estado diferente, né? Mais leve, mais feliz. Ele parece ter encontrado em você uma parceria que não esperava.

Lydia desviou o olhar, sentindo as bochechas esquentarem. Sabia que ela e João estavam construindo algo especial, mas ouvir isso de Guta a deixou surpresa e feliz.

— Ele é alguém incrível, Guta. Acho que, sem querer, ele também trouxe um novo sentido para a minha vida aqui em Recife.

Ao fim da visita, Lydia e Guta se despediram com a promessa de se verem novamente após o nascimento de Nina. Lydia saiu de lá sentindo-se conectada não apenas a João, mas à família dele. Era uma sensação nova e reconfortante.

Mais tarde, ao anoitecer, Lydia encontrou-se com João em um restaurante acolhedor que ele havia escolhido. Ele a recebeu com um sorriso e um abraço caloroso, que fez Lydia esquecer qualquer preocupação do dia. Sentaram-se em uma mesa perto da janela, de onde podiam ver as luzes da cidade refletindo nas ruas molhadas pela chuva da tarde.

— É tão bom te ver, Lydia. Tenho pensado muito nesses dias e na sorte que tenho de ter você por perto — disse João, pegando a mão dela sobre a mesa. — Não sei o que faríamos sem o seu apoio.

Lydia sorriu, tocada pela gratidão e sinceridade em seu olhar.

— Eu fico feliz de estar aqui, João. A verdade é que, de certa forma, estar com vocês me fez encontrar um novo sentido para minha vida também.

O jantar seguiu leve e descontraído, enquanto conversavam sobre a recuperação de Miguel e os próximos projetos que João tinha para a cidade. Lydia se sentia envolvida por aquele mundo que antes parecia distante e sabia que havia algo especial entre ela e João que ia além da amizade.

Após o jantar, eles decidiram caminhar pela praia. A noite estava fresca, e o som das ondas trazia uma tranquilidade que Lydia adorava. João a puxou para mais perto enquanto andavam, e ambos se deixaram levar pela serenidade do momento.

— Você acredita em destino, Lydia? — perguntou João de repente, interrompendo o silêncio.

Lydia riu, surpresa com a pergunta, e respondeu após alguns instantes de reflexão.

— Acho que sim... mas também acredito que somos responsáveis pelo que fazemos com o que o destino nos traz. E, agora, tenho a sensação de que não estou sozinha nisso.

João sorriu e a olhou com carinho. Ele segurou seu rosto entre as mãos e, com delicadeza, se inclinou para beijá-la. O mundo ao redor pareceu desaparecer, e Lydia se entregou ao momento, sentindo que aquele beijo era a resposta para todas as perguntas que ela guardava. Era uma promessa, uma entrega silenciosa de que estavam prontos para o que viesse.

Depois do beijo, continuaram de mãos dadas, caminhando em silêncio e observando as estrelas refletidas no mar. Lydia encostou a cabeça no ombro dele, sentindo-se segura e completa.

— Sabe, João, acho que finalmente encontrei meu lugar aqui. Mais do que esperava encontrar quando vim para Recife.

Ele sorriu, acariciando o cabelo dela.

— Então, fica, Lydia. Minha vida é mais completa com você aqui — respondeu ele, com um tom que era ao mesmo tempo sério e carinhoso.

Por fim, voltaram para o carro, e João a levou até em casa. Antes de se despedirem, ficaram ainda por alguns minutos sentados, apenas olhando um para o outro. Lydia sabia que sua vida estava mudando e que essa mudança não era apenas por causa do trabalho ou da cidade nova, mas porque ao lado de João, ela havia encontrado algo precioso.

Quando finalmente entrou no apartamento, Lydia sentia-se em paz. A conexão que ela havia encontrado em João era mais profunda do que qualquer expectativa que tivesse quando chegou a Recife. Ela se deitou, olhando para o teto e lembrando do beijo, do carinho e das palavras de João.

Naquela noite, antes de dormir, Lydia soube que seu lar não era uma cidade ou um lugar específico, mas sim o abraço de alguém que estava ao seu lado, pronto para construir uma história ao seu lado.

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Olá minhas gatas, estou aqui para dizer que por um momento, pensei em desistir dessa história... Muitas das vezes eu escrevia e batia um bloqueio criativo ou não parecia que estava do jeito que eu queria. Mas foi graças a vocês, leitores, eu me vi cada dia mais animada a escrever. Cada comentário de vocês me lembra o quanto vale a pena continuar. Obrigada por estarem sempre aqui.