Lar

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11/10/24

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11/10/24

A rotina intensa do hospital começava a deixar Lydia exausta, e as pausas eram quase inexistentes nos últimos dias. O peso de seu novo papel na cidade, o envolvimento cada vez mais profundo com João e as responsabilidades no trabalho tornavam seus dias uma sucessão de compromissos. Em uma tarde abafada, ela finalmente se permitiu um pouco de descanso e, ao chegar em casa, tudo o que pensava era em deitar-se por alguns minutos. Mas ao abrir a porta, foi recebida por uma explosão de vozes familiares.

— Surpresa! — gritaram todos ao mesmo tempo, enchendo o pequeno apartamento com suas risadas. Antes mesmo de absorver a cena, Lydia já estava nos braços de sua mãe, que a envolvia num abraço apertado e afetuoso.

— Mãe! Pai! — Lydia exclamou, rindo em meio à surpresa e ao choque. — O que vocês estão fazendo aqui? Eu não sabia que viriam!

— E nem era para saber mesmo, minha filha! — respondeu a mãe Glória,com aquele brilho nos olhos que Lydia tanto conhecia e que tanto havia sentido falta. — A gente queria te ver, ver o seu mundo aqui. Sua vida nova em Recife!

Com os olhos cheios de lágrimas, Lydia abraçou um a um. Seu pai Geraldo,sempre discreto, deu-lhe um tapinha no ombro, um gesto que, para ele, significava todo o orgulho que sentia. Seus irmãos mais novos logo se apoderaram do sofá, esparramando-se enquanto enchiam Lydia de perguntas.

— Recife é quente, né? Não tem nem brisa! — reclamou Pedro, o mais novo, abanando-se com uma das almofadas. — Mas essa cidade é linda! A gente passou ali no Marco Zero, e o pai tirou umas fotos.

— Também achei linda! Só fiquei assustada com o tanto de carro! — emendou sua irmã, Bia, rindo. — Você é corajosa por viver aqui, Lydia!

— Pois é, corajosa mesmo — falou Glória , brincando. — Eu achava que sabia o que era movimento lá em Minas, mas aqui é outro mundo!

- Vocês são exageradas viu, nunca viram um carro não foi?- Lydia fala em tom engraçado

Eles riram, e ela começou a lhes contar mais sobre o que era viver numa cidade grande, sobre a rotina acelerada do hospital, o trânsito frenético e o calor constante. Para eles, acostumados com a calma das montanhas e o frescor da brisa mineira, Recife era um lugar novo e fascinante, mas também um pouco assustador.

A mãe de Lydia olhou em volta, observando cada detalhe do pequeno apartamento que a filha agora chamava de lar. Os móveis simples, as caixas ainda empilhadas, e o cheiro de café forte, que ela própria havia preparado naquela manhã antes de sair para o trabalho.

— Querida, cadê aquele café que você sempre diz que aprendeu a fazer? Tô sentindo falta de um sabor mineiro aqui — comentou a mãe, piscando. Lydia, rindo, foi para a cozinha, aquecer a água e preparar o café.

Enquanto o cheiro da bebida se espalhava pelo apartamento, todos se acomodaram, e a conversa começou a girar em torno de João, o "tal prefeito" que ela mencionava com frequência nas mensagens. Seu Geraldo olhava com curiosidade, claramente interessado em saber mais.

— Esse João, filha... Ele é mesmo importante como você fala? — questionou, arqueando uma sobrancelha com um ar curioso.

Lydia sentiu as bochechas corarem levemente. Não era muito de falar sobre os sentimentos para a família, mas o jeito como João entrara em sua vida a fazia querer compartilhar algo.

— É, pai... Ele é importante, sim. E não só para mim, mas para Recife também. Ele tem muitos projetos para melhorar a cidade, para ajudar quem mais precisa. — E, sem perceber, o tom de voz de Lydia ficou mais suave, revelando mais do que ela queria sobre o que João realmente significava para ela.

— Hum... Parece que minha filha está com o coração ocupado! — provocou a mãe, sorrindo e dando um leve toque no braço dela. — Mas me diz, minha filha: ele te trata bem? É um bom rapaz?

Lydia sorriu e assentiu, sentindo um calor no peito.

— Ele é, mãe. Muito bom. Tem o coração no lugar certo. Acho que é por isso que acabei me envolvendo com ele... — Ao dizer isso, Lydia percebeu o quanto aqueles sentimentos realmente eram profundos, como se apenas verbalizá-los fizesse tudo parecer mais real.

As horas foram passando, e Lydia aproveitou para levá-los a conhecer um pouco da cidade. Primeiro, caminharam até a orla, onde o vento suave do mar aliviava um pouco do calor. Eles pararam numa barraquinha para tomar água de coco, e a família parecia maravilhada com a imensidão do oceano, algo tão distante da realidade das montanhas de Minas.

— Você se adaptou bem aqui, filha? — perguntou o pai, observando-a com um olhar de preocupação misturado com orgulho. Ele sabia o quanto Lydia havia se sacrificado para estar ali, para conquistar seu espaço e perseguir seus sonhos.

— Acho que sim, pai. No começo foi difícil, a cidade é muito diferente, mas estou aprendendo a me adaptar. O hospital é um lugar onde sinto que posso fazer a diferença, e conhecer pessoas como o João me faz acreditar que escolhi o caminho certo.

— A gente sente muito orgulho de você, minha filha — respondeu a mãe, emocionada. — Mesmo que seja longe, você nunca vai estar sozinha, tá? A gente está aqui pra tudo.

Em meio a essas conversas sinceras, Lydia sentiu uma onda de gratidão e saudade ao mesmo tempo. Ver seus pais, seus irmãos, ali, conhecendo seu novo lar, era algo que jamais esperava. E, naquele instante, ela sabia que Recife não só a transformava como lhe devolvia suas raízes.

Mais tarde, já de volta ao apartamento, a mãe dela trouxe uma surpresa: uma caixa de biscoitos caseiros que ela havia preparado especialmente para a filha.

— Trouxe um pouco de casa para você, Lydia — disse a mãe, entregando-lhe a caixa com um sorriso suave.

Lydia abraçou a caixa, sentindo o aroma familiar dos biscoitos de polvilho e do pão de queijo. Era como um pedaço de Minas, ali em suas mãos, e isso a fez se sentir mais próxima de casa.

— Obrigada, mãe. De verdade. Vocês não têm ideia do quanto isso significa para mim.

Quando a noite caiu, eles se despediram, e Lydia ficou à porta, acenando até vê-los desaparecer. Sozinha, voltou para dentro e se sentou, abraçando a caixa de biscoitos, sentindo o cheiro e o peso das lembranças. Ela sabia que, apesar da saudade, aquele capítulo em Recife era importante demais para ser interrompido. Estava mais confiante de que, mesmo longe de casa, não estava sozinha.

Ao deitar-se, Lydia pensou nas palavras da mãe e nas risadas dos irmãos. Ela sabia que sua família estava com ela, e que mesmo em uma cidade tão distante, ela sempre teria um lar para onde retornar.

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Olá leitoras, infelizmente minha outra história do João, da minha conta secundária SunikaLee acabou não chegando as notificações, então se vocês puderem dar uma passada lá para ver o capítulo, eu vou ficar imensamente feliz.

Caminhos Cruzados- João Campos Onde histórias criam vida. Descubra agora