Richard Rios
Depois daquele dia na praia, percebi que algo estava mudando. Não era só o clima leve e a diversão, era algo mais profundo que eu não conseguia explicar. Alice tinha essa capacidade de transformar até os momentos mais simples em algo especial, e naquele dia, ela estava brilhando.
Enquanto caminhávamos de volta para a casa de praia ao final da tarde, com os pés ainda cheios de areia e o cheiro do mar ao redor, me peguei pensando em como aquela viagem estava sendo diferente de todas as outras. A conexão com Alice era palpável. Cada risada, cada provocação no jogo de vôlei, cada troca de olhares parecia trazer algo novo à tona entre nós.
Pamella, por outro lado, parecia cada vez mais distante. Ela não tinha mais nada comigo, mas seus ciúmes eram evidentes. Enquanto todos riam e se divertiam, eu sentia seu olhar fixo sobre mim e Alice, como se estivesse incomodada com a proximidade que estávamos desenvolvendo. Eu sabia que ela não tinha direito de se sentir assim, afinal, nunca tivemos nada além de uma amizade, mas a tensão era inegável.
Assim que chegamos à casa, todos começaram a se espalhar. Gabriely e Endrick foram para a cozinha preparar algo para o jantar, enquanto Veiga e Pamella subiram as escadas, provavelmente para tirar a areia e se arrumar. Eu e Alice ficamos ali na sala, e o silêncio entre nós não era desconfortável, pelo contrário, era quase reconfortante.
— Foi um bom dia, né? — ela disse, quebrando o silêncio com aquele sorriso que eu estava começando a gostar cada vez mais.
— Foi um dos melhores — respondi, sem nem pensar duas vezes. E era verdade. Havia algo na forma como ela estava ao meu lado que me fazia esquecer dos problemas e das confusões do dia a dia. Era simples, era leve.
Alice se espreguiçou, parecendo um pouco cansada, e eu não pude evitar observar como ela parecia ainda mais bonita com o fim de tarde iluminando seu rosto. Tentei disfarçar, mas ela percebeu e me lançou um olhar desconfiado.
— O que foi? Tá me olhando assim por quê? — ela perguntou, com aquele jeito marrento que só ela tinha.
— Nada... — eu disse, rindo. — Só tô admirando. Você tá incrível hoje.
Ela ficou vermelha na hora, e eu achei isso adorável. Alice tentava esconder a timidez com aquele jeito desafiador, mas era fácil perceber quando algo a afetava.
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ouvimos a voz de Pamella vinda das escadas. Ela descia rapidamente, com uma expressão que mostrava claramente que estava prestes a começar uma conversa.
— Richard, posso falar com você um minuto? — ela disse, sem nem olhar para Alice.
— Claro, Pamella. Vamos lá fora.
Olhei para Alice, que me deu um pequeno aceno de cabeça, como se dissesse que estava tudo bem, mas eu sabia que ela sentia o peso dessa conversa iminente. Saí com Pamella para o deck, e assim que fechamos a porta, ela começou a falar.
— Eu não queria ser essa pessoa, mas o que tá acontecendo entre você e a Alice? — Pamella perguntou de uma vez, sem rodeios. Seus olhos estavam cheios de uma mistura de ciúmes e curiosidade.
Eu suspirei, tentando manter a calma.
— Nada, Pamella. Somos só amigos. Você sabe que entre nós nunca teve nada, e não tem motivo pra você ficar assim.
— Amigos? — ela repetiu, cruzando os braços, visivelmente irritada. — Porque, sinceramente, parece que vocês tão se aproximando bem mais do que isso. Eu não tô gostando, Richard.
Tentei conter um sorriso, porque, francamente, a situação era quase cômica. Pamella, que nunca teve interesse real por mim, agora estava agindo como se estivesse com ciúmes. O problema é que, embora eu entendesse de onde vinha essa reação, não podia negar que estava me sentindo cada vez mais atraído por Alice. E a verdade é que não devia satisfação a Pamella sobre isso.
— Olha, eu entendo que você talvez esteja se sentindo deixada de lado, mas isso não tem nada a ver com você. Alice e eu somos amigos, e é isso. Se a gente se aproximou mais, foi de forma natural. E, sinceramente, você não tem por que ficar incomodada — falei, tentando ser o mais sincero possível.
Ela ficou em silêncio por um momento, parecendo considerar minhas palavras, mas eu sabia que não estava convencida.
— Tá, Richard, só... toma cuidado, tá bom? — ela disse por fim, balançando a cabeça e voltando para dentro da casa, sem me dar tempo de responder.
Voltei para dentro alguns minutos depois, e Alice já não estava mais na sala. O aperto no meu peito voltou, como se eu tivesse perdido a chance de continuar aquele momento com ela. O jantar foi tranquilo, mas a tensão entre Pamella e Alice era quase palpável. Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, precisaria enfrentar essa situação. Algo entre mim e Alice estava mudando, e, por mais que Pamella estivesse incomodada, eu não podia negar o que estava sentindo.
Enquanto a noite avançava, me peguei olhando para Alice mais uma vez, e naquele momento, percebi que as coisas nunca mais seriam as mesmas.
Continua...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lisboa, Entre Nós, Richard Rios
FanfictionAlice Veiga, aos 20 anos, retorna ao Brasil após viver nos Estados Unidos como babá. Irmã do famoso jogador Raphael Veiga, ela é uma tempestade de personalidade: destemida, marreta e sempre pronta para causar. Sua chegada promete agitar a rotina do...