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Alice Veiga

Depois do jogo, não havia dúvida de que a festa seria épica. O Palmeiras era campeão, e nós tínhamos muito a comemorar. Como era de se esperar, a comemoração foi marcada para a casa do Piquerez. Ele sempre foi o cara que adorava reunir a galera, e agora, com o título nas mãos, a casa dele seria o palco da nossa celebração.

Eu e Gabriely chegamos um pouco depois dos jogadores, mas já dava para ouvir a música alta e as risadas vindo lá de dentro. O clima estava incrível, e eu sabia que essa noite seria inesquecível.

— Alice, essa festa vai ser histórica! — Gabriely disse, animada, enquanto descíamos do carro.

Ao entrarmos, fomos recebidas pelo próprio Piquerez, que parecia radiante. Ele estava em todos os cantos, falando com todo mundo, agradecendo e, claro, celebrando como se não houvesse amanhã. Na sala, os troféus e medalhas brilhavam sobre uma mesa, como um lembrete constante do que o time tinha conquistado.

Endrick foi o primeiro a nos ver e logo nos puxou para a roda onde estavam Richard, Raphael Veiga e outros jogadores. Eles estavam com sorrisos enormes no rosto, cheios de energia, como se o jogo não tivesse drenado nenhuma força.

— E aí, Alice! Vocês chegaram bem na hora da festa! — Endrick disse, rindo, já com um copo na mão.

— A gente não ia perder isso por nada! — respondi, abraçando Gabriely ao meu lado.

Richard, que estava mais tranquilo, me olhou com aquele sorriso travesso de sempre.

— E aí, Alice, preparada pra me ver dançar? — ele brincou, me fazendo rir.

— Você dançar? Isso eu preciso ver! — provoquei, já imaginando o quão engraçado isso poderia ser.

Mas antes que a gente pudesse continuar, meu irmão, sempre mais sério, veio falar com a gente, segurando uma taça de champanhe.

— Isso aqui é pra comemorar o que a gente construiu juntos. Cada um de nós tem uma parte nisso. — Ele falou de forma calma, mas com aquela sinceridade que só o Veiga tem.

Brindamos, e eu senti uma onda de emoção ao olhar ao redor. Tudo parecia tão certo, tão perfeito. Estar ali, com eles, depois de uma temporada cheia de desafios, era um privilégio. Sabíamos que essa amizade era nossa base, e cada um ali tinha seu papel nessa jornada.

Conforme a noite avançava, a festa ficou ainda mais animada. A música ficou mais alta, e, claro, as dancinhas começaram. Piquerez, Endrick e Raphael lideraram o ritmo, mas o que ninguém esperava era Richard começar a dançar do jeito mais desengonçado possível. Todos caíram na risada.

— Meu Deus, Richard! — Gabriely riu, segurando a barriga de tanto rir. — Como é que você consegue ser tão bom em campo e tão ruim na pista?

— Ah, eu só queria deixar vocês com mais motivos pra me zoar — ele respondeu, fingindo uma dança ainda mais desajeitada.

Aquela leveza, a descontração, me fizeram perceber o quanto todos ali estavam bem. Era como se os pesos dos últimos meses tivessem desaparecido, e agora só havia espaço para felicidade. Várias pessoas passaram por nós, jogadores, amigos, familiares, e cada abraço, cada palavra, parecia uma reafirmação do que tínhamos conquistado juntos.

Mais tarde, quando a festa já estava mais tranquila, me sentei em um canto da sala, observando tudo. Endrick estava do outro lado, ainda rindo de algo que Raphael Veiga disse. Piquerez, claro, estava servindo mais bebidas, e Gabriely estava conversando com alguns dos outros amigos. Richard se sentou ao meu lado, respirando fundo depois de tanta dança.

— Cansou? — perguntei, rindo.

— Um pouco, mas faz parte — ele respondeu, sorrindo de volta.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, apenas observando o resto da festa. Era engraçado como, depois de toda a confusão, tudo parecia ter se ajeitado. Olhei para Richard e me peguei pensando em como ele tinha mudado nos últimos tempos. Talvez a maior mudança tivesse sido nele.

— Sabe, Alice, você tava certa — ele disse de repente, me pegando de surpresa.

— Certa sobre o quê?

— Sobre viver o momento. Sobre deixar as coisas acontecerem. Acho que, pela primeira vez em muito tempo, eu tô realmente feliz.

Eu sorri, e por um instante, as palavras não vieram. Talvez porque, no fundo, eu soubesse que ele precisava passar por tudo isso para chegar a essa conclusão por conta própria. E ver ele assim, leve, aproveitando cada momento, me deu uma paz que eu nem sabia que procurava.

A festa seguiu até tarde, com mais risadas, brindes e, claro, dancinhas constrangedoras. Mas no final da noite, quando já estávamos nos preparando para ir embora, olhei para cada um dos meus amigos e soube que aquela noite tinha sido mais do que uma comemoração de um título.

Era a celebração da nossa amizade, das nossas histórias, e da certeza de que, independentemente do que o futuro trouxesse, nós estaríamos sempre juntos. O Palmeiras foi campeão, mas naquela noite, todos nós ganhamos algo muito maior: a certeza de que, com essas pessoas ao meu lado, eu estava exatamente onde deveria estar.

Lisboa, Entre Nós, Richard Rios Onde histórias criam vida. Descubra agora