027

202 23 9
                                    

Alice Veiga

Acordei com a luz do sol entrando pela janela e a sensação de um calor confortável ao meu redor. O que eu não esperava era que, ao abrir os olhos, me deparasse com Richard dormindo ao meu lado, ainda abraçado a mim. Por um instante, meu coração disparou. A noite anterior tinha sido intensa, mas eu não lembrava de ter ido tão longe a ponto de dormir daquele jeito.

Tentei me desvencilhar lentamente, não queria acordá-lo. Mas assim que movi o corpo, ele se apertou contra mim, como se estivesse tentando me manter ali. Um sorriso involuntário brotou nos meus lábios. Eu estava prestes a me perder nos meus pensamentos quando o barulho da porta se abriu e, para minha surpresa, Endrick, Gabriely, Veiga e Pamella entraram no quarto, sem saber o que estavam prestes a ver.

Assim que avistaram a cena, o clima mudou instantaneamente. Endrick parou, os olhos arregalados, enquanto Gabriely cobriu a boca com as mãos em um misto de surpresa e alegria. Veiga, sempre o mais descontraído, soltou uma risada.

— Olha só isso! Richard e Alice, quem diria! — Ele gritou, como se tivesse descoberto um grande segredo.

Nesse momento, Richard acordou abruptamente, espreguiçando-se antes de perceber que estávamos sendo observados. Ele olhou para mim e depois para o grupo, e seu rosto instantaneamente ficou vermelho.

— O que está acontecendo aqui? — ele perguntou, ainda sonolento, mas já sabendo que a situação não era das melhores.

— A gente só veio ver como vocês estavam, mas parece que a noite foi boa, né? — Endrick não parava de rir.

Pamella, que até então tinha ficado em silêncio, estava claramente incomodada. Seus olhos brilhavam, mas não de alegria. A expressão dela mudava rapidamente entre confusa e furiosa.

— Então vocês dormiram juntos? — ela disparou, com um tom de voz que poderia cortar o clima descontraído da sala.

A tensão no ar era palpável. Richard se levantou rapidamente, tentando desfazer a situação.

— Foi só um sorteio, gente. Eu e a Alice não tivemos escolha — ele explicou, mas a justificativa soou mais como uma tentativa de defesa.

Eu não sabia o que dizer. A última coisa que eu queria era criar uma confusão entre nós, especialmente na frente de todos. Me sentei, puxando a coberta para cima como se isso pudesse me proteger do olhar de Pamella.

Gabriely, sempre a diplomata do grupo, tentou quebrar o clima tenso.

— Relaxa, Pamella. Não precisa fazer drama. Eles só dormiram juntos porque o sorteio foi assim. Não tem nada demais — ela disse, mas Pamella não estava convencida.

— O que você sabe sobre isso? — Pamella retrucou, lançando um olhar cortante para Gabriely. — Você não sabe o que é gostar de alguém e vê-lo assim, com outra.

Richard, tentando desviar a atenção, se virou para mim e perguntou:

— Alice, você tá bem? Não precisa ficar assim.

Mas Pamella não deixou que a conversa seguisse. Ela se aproximou de Richard, sua expressão cheia de ciúmes.

— Olha, só porque você está se divertindo com a Alice não significa que eu não posso ficar chateada. Eu também quero passar tempo com você. — A raiva dela era evidente, e todos nós percebemos que ela estava se sentindo deslocada.

Veiga e Endrick trocaram olhares, claramente achando tudo aquilo engraçado, mas eu não consegui rir. A situação estava se desenrolando de um jeito que eu não havia previsto, e Pamella parecia cada vez mais fora de controle.

— Você não precisa ser tão possessiva, Pamella. — Endrick interveio, tentando acalmar os ânimos. — Richard é amigo de todos nós. Não tem por que ficar assim.

Mas a mágoa de Pamella só aumentou.

— E se eu quiser ser possessiva? — ela retrucou, desafiadora. — Não é da conta de vocês.

Richard, que estava claramente desconfortável, decidiu intervir.

— Olha, Pamella, não é assim que as coisas funcionam. A Alice e eu somos amigos, e só isso. Não quero que você se sinta assim. — Ele disse, com sinceridade, mas não sem um toque de firmeza.

O clima no quarto estava tenso, e eu me sentia um tanto culpada por isso. Fui a causa de uma briga que não queria. Tentei mudar o rumo da conversa.

— Vamos fazer algo divertido? Que tal um café da manhã na varanda? — sugeri, tentando apaziguar as coisas.

Mas o olhar de Pamella já dizia tudo. Ela não estava pronta para deixar aquilo pra lá. E, enquanto Endrick e Gabriely concordavam com a ideia, eu percebi que a situação tinha mudado para sempre. As coisas entre nós nunca mais seriam as mesmas.

Continua...

Lisboa, Entre Nós, Richard Rios Onde histórias criam vida. Descubra agora