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Alice Veiga

A tempestade finalmente estava passando, mas o clima dentro da casa de praia ainda estava carregado de uma tensão estranha. Depois que Pamella saiu da sala, eu senti um alívio imediato, mas ainda estava processando tudo o que aconteceu. A forma como Richard ficou ao meu lado, ignorando completamente as tentativas exageradas dela de chamar a atenção, mexeu comigo mais do que eu gostaria de admitir.

— Tá mais tranquila agora? — Richard perguntou, olhando para mim com aquele olhar atencioso que me fazia sentir que ele realmente se importava.

— Tô sim, obrigada — respondi, tentando manter a compostura, mesmo que meu coração estivesse disparado.

Eu me levantei do sofá, sentindo que precisava de um pouco de ar. A chuva ainda caía lá fora, mas bem mais fraca, e a brisa fresca que entrava pela janela era revigorante. Caminhei até a varanda da casa, tentando esfriar a cabeça. Estar perto de Richard estava me confundindo mais do que o esperado, e a última coisa que eu queria era complicar ainda mais as coisas entre nós.

Enquanto eu olhava para o mar agitado à distância, ouvi passos atrás de mim. Não precisei me virar para saber que era Richard. Senti sua presença antes mesmo de ele falar.

— Você tá quieta... quer falar sobre o que tá te incomodando? — ele perguntou, se aproximando devagar.

Eu soltei um suspiro, ainda encarando o horizonte.

— É só... tudo, sabe? — falei, tentando organizar meus pensamentos. — Essa viagem, o clima entre o pessoal, o jeito que Pamella tá agindo... e, bom, você.

— Eu? — Richard franziu a testa, confuso.

— Sim, você — virei-me para ele, finalmente encarando seus olhos. — Desde que a gente chegou aqui, as coisas mudaram. Antes era só amizade, mas agora... parece que algo tá diferente. E isso tá me deixando confusa, Richard.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, como se estivesse processando minhas palavras. A chuva fraca caía em torno de nós, mas naquele momento, o mundo parecia mais quieto, como se estivéssemos numa bolha onde só nós dois existíamos.

— Eu sei do que você tá falando, Alice — ele finalmente disse, a voz baixa e séria. — Eu também tô sentindo que as coisas mudaram. E eu não sei exatamente como lidar com isso.

Meu coração deu um salto. Era como se, finalmente, estivéssemos colocando em palavras o que ambos sentíamos, mas tentávamos ignorar. O ar entre nós ficou mais pesado, mas de um jeito diferente, como se estivéssemos prestes a atravessar uma linha invisível.

— Então, o que a gente faz com isso? — perguntei, sem me mexer.

Richard deu um passo à frente, diminuindo a distância entre nós.

— Eu não sei, Alice. Mas eu sei que não quero fingir que nada está acontecendo.

Minha respiração ficou presa no peito. Ele estava ali, tão perto, e suas palavras ecoavam na minha mente. Antes que eu pudesse responder, um trovão distante ecoou, mas desta vez, não senti medo. O único sentimento que dominava meu corpo agora era a incerteza sobre o que viria a seguir.

— Richard... — comecei a falar, mas fui interrompida pela voz de Pamella vindo de dentro da casa.

— Richard, você tá aí? — ela chamou, e o som da porta abrindo fez com que a magia do momento se quebrasse.

Ele olhou para mim, como se estivesse decidindo o que fazer, mas antes que qualquer um de nós pudesse reagir, Pamella apareceu na varanda, com um olhar que variava entre irritado e curioso. Ela provavelmente percebeu que algo estava acontecendo.

— Ah, vocês estão aqui. — Ela disse, sua voz carregada de uma falsa surpresa. — A Gabriely e o Endrick estão chamando a gente pra ver um filme. Vão entrar?

Eu olhei para Richard, esperando sua resposta. Ele hesitou por um segundo, mas então assentiu levemente.

— Vamos. Daqui a pouco a gente vai, Pamella.

Ela pareceu satisfeita com a resposta e deu meia-volta, entrando de volta na casa sem insistir. Eu soltei um suspiro que nem sabia que estava segurando.

— Parece que a gente foi salvo pelo filme — eu disse, tentando aliviar a tensão com um sorriso.

— Só por enquanto — ele respondeu, com um meio sorriso que fez meu coração disparar de novo.

Entramos na casa juntos, mas eu sabia que aquele momento na varanda não estava terminado. Algo havia sido aberto entre nós, e mais cedo ou mais tarde, teríamos que lidar com isso.

continua.....

Vou fazer meta de comentários, quando bater 50 comentários eu solto o próximo capítulo....

Lisboa, Entre Nós, Richard Rios Onde histórias criam vida. Descubra agora