Moonless Night - WinRina

19

Wonyoung não conseguia se concentrar no trabalho. Não importava os avanços na sua pesquisa: nada diminuía a irritação que sentia.

Parecia que tudo era motivo para tirá-la do sério.

Afastou-se da bancada de trabalho, e se dirigiu para as janelas fechadas do edifício espelhado onde montara sua clinica. Precisava de um pouco de ar fresco, mas não podia sair para caminhar aquela hora da noite. Tinha um trabalho a fazer.

Cruzou os braços na frente do corpo e respirou fundo.

Jimin.

Não conseguia parar de pensar nela. E cada vez que uma imagem delas juntas vinha-lhe à memória, desejava praguejar. O que era um choque. Ela era dócil e amorosa, a encarnação da perfeição e da suavidade. A ira ia totalmente contra sua natureza.

Mas, quanto mais pensava em Jimin, mais vontade tinha de socar alguma coisa.

Quanta coisa suportara! E ela sequer fazia ideia de como sua vida tinha sido difícil.

Ser a companheira da lupina mais poderosa de todos era o seu ideal. E seu fracasso como havia deixado sua autoestima no chão. O isolamento chegara ao ponto de afetar sua sanidade. Mas reconhecia que a maior culpa de tudo aquilo era dela. Tinha acreditado que permanecer ao seu lado mesmo quando deixara claro suas intenções era o correto, a única maneira de ter uma chance, a única possibilidade de compartilhar, finalmente, uma vida com ela.

Mas qual foi o resultado disso?

Ela encontrou uma meio-sangue que a interessava mais.

Meu Deus, a recompensa por todos os seus esforços era injusta e francamente cruel.

E não era a única que havia sofrido. Wooyoung se preocupara com ela durante décadas.

Jimin, por outro lado, sempre esteve bem. E não lhe restava dúvida de que agora, então, estava ótima. Naquele instante mesmo, provavelmente estava nua na cama com aquela mulher humana. Fazendo bom uso do seu corpo.

Wonyoung fechou os olhos. Não queria voltar para ela. Só o que desejava era que experimentasse a mesma dor que ela tinha suportado.

Mas, antes que pudesse seguir com aquela linha de pensamento, uma voz lhe sussurrara ao ouvido:

– Espero que não seja eu quem você está planejando matar agora.

Ela virou a cabeça, abaixando-se. Yujin estava ao lado dela, embora não a tivesse ouvido se aproximar.

– E então – queles olhos escuros apavorantes a encaravam com a mesma intensidade fria de um tubarão – Sou eu essa pessoa? Posso sair correndo com toda a força do seu laboratório. Mas lembre-se que eu desejo que venha atrás de mim.

– O que faz aqui, Yujin? – Perguntou ela ainda de braços cruzados, ignorando seu comentário. A outra lupina usava sua lábia com toda e qualquer mulher que julgasse atraente. – Algum membro da Irmandade necessita dos meus serviços?

– Não estou aqui em missão oficial – disse ela –, embora esteja de saída para uma incursão.

Repentinamente, Wonyoung soltou os braços e endireitou os ombros como se tivesse recuperado a calmaria. Avançou um pouco, com movimentos ligeiros e graciosos. Yujin manteve a boca fechada e tentou parecer menor do que era, menos ameaçadora.

– Normalmente, não é isso que vocês fazem todas as noites – disse ela.

Sim, podia imaginar os membros da Irmandade correndo pela cidade, eliminado Inquisidores ao acaso e garantindo a sobrevivência da sua espécie um dia mais.