O Sussurro Do Silêncio

CAPÍTULO 06

A viagem de volta à mansão foi feita em um silêncio ensurdecedor. O interior do carro estava escuro, iluminado apenas pelo brilho intermitente dos postes de luz do lado de fora que passavam em flashes rápidos, refletindo meu estado de espírito caótico. Eu me mantinha de costas viradas para Dorian, meus olhos fixos na paisagem, tentando evitar qualquer contato visual. Podia senti-lo me observando, como se estivesse saboreando a vitória amarga do poder que exercia sobre mim.

No entanto, a dor em minha mão — do tapa lhe havia lhe dado —   era um lembrete de que de alguma forma, eu ainda podia resistir. Mas até quando? Dorian era calculista , implacável e isso era o que me perturbava. Eu sentia que ele sempre sabia mais do que eu, sobre qualquer coisa da minha vida e me deixava em uma posição de submissão. Em um jogo em que eu sequer sabia as regras.

Quando o carro finalmente chegou à entrada da mansão, a noite havia se fechado por completo e a neve caía , deixando o frio predominar. Até mesmo era possível notar uma leve névoa. Dorian me ajudou a sair do seu carro, que não era adaptado para mim e senti seu toque, me deixando desconfortável com a presença tão intensa, que envolvia todo meu corpo, até finalmente eu ser colocado na cadeira de rodas.

— A senhora James já arrumou seu quarto e o jantar está a sua espera na sala — Diz ele quebrando o silêncio enquanto me empurrava até entrar na mansão, onde já estava mais quente e iluminado.

— Estou sem fome…

— Então, apenas durma por hoje

Não digo mais nenhuma palavra, apenas sigo em direção ao quarto. Ao chegar ao ambiente tão conhecido, parecia mais uma cela de confinamento. Eu tinha a sensação de que estava  sendo constantemente observado, controlado e que a liberdade que experimentei na cidade, mesmo que brevemente, seria algo ainda mais difícil de conseguir outra vez.         

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Sonhos...
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Eu estava na mansão dos Hawthorne, mas havia algo de muito errado, afinal nunca vi essa mansão,  nunca fui, mas neste sonho estava claro e eu reconheci… As paredes pareciam se aproximar, pulsando com um som monótono e sufocante, como se a casa estivesse viva. Eu estava preso em um labirinto de corredores intermináveis, cada curva me levando a outra porta trancada, cada porta revelando apenas escuridão. Uma presença me seguia, uma sombra indistinta que se movia rapidamente pelas paredes, sussurrando meu nome. "Elliot... Elliot…”

Eu tentei correr, mas minhas pernas pareciam pesadas. O medo me paralisava. Quando finalmente consegui me mover, as sombras se tornaram mais densas, envolvendo-me em um manto de desespero. Ao olhar para trás, vi um par de olhos brilhantes me observando, uma figura familiar e aterradora ao mesmo tempo.

“Você precisa lembrar”, a voz ecoa pelo labirinto, cada palavra um punhal em meu peito. Eu queria gritar, mas minha voz estava presa em minha garganta, sufocando sob o peso do terror. A sensação de impotência era esmagadora, como se eu estivesse sendo arrastado para longe de tudo que conhecia, para um lugar sem saída.

Então, de repente, eu estava em uma sala, o ambiente estava saturado de uma luz vermelha, como se estivéssemos dentro de uma fornalha. Vejo a figura de um homem à minha frente, uma silhueta indistinta, mas que exalava uma aura de poder. O homem se virou lentamente, e eu reconheci o rosto de Victor Hawthorne. Seu olhar era vazio, quase zombeteiro, como se soubesse de um segredo que eu não podia entender.

“O tempo está passando e sua mente não vai aguentar por tanto tempo,” Victor murmurou, sua voz um sussurro cortante que se arrastava por minha mente. “Você precisa lembrar, Elliot”