CAPÍTULO 10

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Quando Adrian sugeriu que passássemos um dia no parque de diversões, eu hesitei. O ambiente vibrante e caótico de um parque não combinava com a tempestade interna que frequentemente dominava meus pensamentos. No entanto, a determinação na mensagem dele contagiante a quantidade de figurinhas para me convencer também me arrancava sorrisos facilmente. Adrian acreditava fielmente que eu precisava disso, e, de alguma forma, eu também acreditei. O braille poderia esperar por uma tarde e as tormentas em minha cabeça também.

Assim que chegamos ao parque, fui envolvido por um turbilhão de sons e cores que despertaram algo adormecido dentro de mim. O barulho dos gritos de alegria das crianças e as risadas dos adultos se misturavam à música animada que emanava de alto-falantes, criando uma sinfonia vibrante que ecoava pelo ar. O aroma doce de pipoca estourando e de maçã do amor caramelizada pairava no ar, provocando uma nostalgia que eu não conseguia explicar.

À minha frente, as barracas estavam decoradas com cores vivas: vermelho, azul, amarelo e verde, todas piscando e convidativas. Os brinquedos se erguiam como torres de alegria, seus mecanismos rangendo e chiando à medida que giravam e subiam. A Montanha-Russa se contorcia como uma serpente audaciosa, suas trilhas elevadas cortando o céu e fazendo o coração acelerar só de olhar.

Adrian, ao meu lado, estava radiante. Seu sorriso iluminava seu rosto. Sorrindo timidamente, deixei que a animação dele me levasse. O calor da interação humana, o cheiro da comida frita e as risadas à distância me envolviam, e, por um momento, eu me sentia como parte daquele mundo, longe das sombras que frequentemente me seguiam.

Era como se, naquele instante, todo o meu passado doloroso fosse apenas um eco distante. Eu estava no presente, vivendo a vida que estava diante de mim. O parque era um refúgio, um espaço onde eu podia me permitir ser feliz, mesmo que apenas por um breve momento. E a presença de Adrian ao meu lado era uma âncora que me segurava firmemente naquele mar de cores e sons.

- Olha, aquele é o 'Trem Fantasma! Você está pronto para uma aventura? - Adrian exclamou, apontando para uma montanha-russa que se contorcia como uma serpente.

- Uma aventura? Eu só espero não vomitar - respondi, tentando disfarçar a ansiedade.

- Relaxe! É apenas uma montanha-russa - Adrian disse, rindo - Se você conseguiu passar por tudo que já passou, isso não vai ser nada!

Fui arrastado para a fila, cercado por famílias e grupos de amigos. A atmosfera era leve, e Adrian continuava conversando, fazendo piadas enquanto eu tentava me acostumar à ideia de estar em um lugar tão cheio de vida. Ele tinha essa capacidade de fazer o mundo parecer mais leve, de transformar qualquer situação em algo divertido.

Finalmente, chegou nossa vez. Sentamos nas cadeiras do brinquedo, e quando as seguranças se fecharam, Adrian olhou para mim com um brilho nos olhos

- Prepare-se para gritar - diz Adrian parecendo uma criança ao meu lado, enquanto eu me agarrava a barra.

E, quando o brinquedo começou a subir, meu coração batia acelerado. A descida foi abrupta e eu gritei, não de medo, mas de pura adrenalina. Ao chegarmos ao final, eu estava rindo, incapaz de conter a euforia

- Isso foi incrível! - disse, sentindo-me mais leve ao mesmo tempo que zonzo e com as pernas meio bambas , mas as moletas e o Adrian me mantinha firme.

- Eu sabia que você ia gostar! - ele respondeu, com um enorme sorriso.

Depois da montanha-russa, decidimos explorar outras atrações. Fomos ao Carrossel, onde escolhemos nossos cavalos: um branco para Adrian e um negro para mim.

- Ei! Eu gosto do preto - diz ele enquanto eu apenas continuava a sorrir e sentia que cavalos era algo que eu gostava. Nao sei se era alguma memória, mas assim que vi a tinta preta no animal, corri sem hesitar.

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