CAPÍTULO 23

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Narração;
Belial - Dorian
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Enquanto deixava a mansão, o frio da noite se dissipava à medida que eu me aproximava das fronteiras entre os mundos. Sentia o peso das sombras ao redor, ansiosas para me arrastar de volta ao Inferno. Com um último olhar para a mansão, meu disfarce humano se desfez, revelando a verdadeira forma que minha natureza demandava. A pele endureceu com detalhes negros sobre o tom pálido, meus olhos brilharam em vermelho, e chifres surgiram lentamente. As roupas humanas foram substituídas por um manto negro, caindo pesado sobre meu peito marcado, enquanto minhas mãos transformavam-se em garras. A sensação era de puro poder, lembrando-me de quem eu realmente sou.

Ao atravessar o portal, o Inferno se moldou ao meu redor: tons de vermelho e cinza dominavam o horizonte, o ar impregnado de calor abafado e lamentos ao fundo. Cada passo ecoava poder, uma lembrança de minha posição como Belial, Príncipe do Inferno. Para os humanos, sou corrupção e caos, mas para mim... sou muito mais. Sou ambição e fogo destruidor, beleza e destruição.

Pelos salões grandiosos, o som das almas atormentadas era como música de fundo. Mesmo assim, minha mente vagava, dividida. Elliot. Ele se escondia sob outra personalidade, um refúgio criado pelo trauma, que o mantinha distante do nosso pacto. Eu precisava dissolver essa barreira, trazer o verdadeiro Elliot de volta - aquele que quase despertou sob o toque da luxúria.

- Ah, finalmente de volta. - Uma voz interrompeu meus pensamentos, carregada de duplo sentido.

Virei-me para ver Lilith, emoldurada pela luz vermelha da lava. Sua silhueta era hipnótica: pele pálida, cabelos vermelhos ondulando, olhos verdes capturando tudo ao redor. Vestia um manto negro de tecido delicado e perigoso, exalando uma autoridade provocante. Pequenos chifres adornavam sua testa, e suas asas negras estavam levemente abertas, prontas para o próximo jogo de poder.

- Você parece... distraído - comentou, com um sorriso malicioso. - Distração não é algo comum em Belial.

Sorrindo, respondi: - Não negarei nada a você, Lilith.

Ela, minha aliada mais antiga, acrescentava sarcasmo a tudo, até aos momentos mais sombrios. Aproximou-se, seus olhos reluzindo em malícia.

- Ah, deve ser pelo nosso pião, o jovem humano, que tem o destino moldado pelas sombras, estou certa? - disse, com um sorriso irônico.

Sentei-me no trono, sentindo o peso da posição e da ansiedade pelo plano.

- Os anos de espera nada são para mim, mas a fome pela alma dele... me atormenta.

Lilith riu, aproximando-se ainda mais.

- Quem diria... um humano atormentando Belial - provocou. - O que houve, então?

Suspirei, massageando as têmporas, tentando dissipar o desejo que ainda ecoava de nossa última noite juntos.

- Ele recuperou as memórias, mas ainda nega nossa conexão. - Olhei para minhas mãos, lembrando do gosto do êxtase que quase nos consumiu. - Porém, a luxúria... quase o trouxe para mim.

Lilith rodeou o trono, os dedos deslizando pelas costas da cadeira.

- Os corações humanos são frágeis. Eles amam, se apaixonam, criam laços... tolices que os tornam vulneráveis - murmurou, inclinando-se para mim. - Se ele se apaixonou por você... consuma-o até que vire pó.

Endireitei-me, incomodado.

- Ele não é só uma ferramenta. Nossos planos precisam dele completo. Destruí-lo sem consciência não moldaria seu destino.

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⏰ Última atualização: 4 hours ago ⏰

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