CAPÍTULO 08

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Naquela manhã minha mente estava cheia de lembranças sombrias da noite anterior. Ainda sentia o eco do choro que ouvira nos corredores da mansão, como se estivesse gravado em minha memória. Passei os dedos sobre as páginas do caderno que aimda estava comigo, desde o primeiro dia que voltei a mansão e escrevi hesitante. Anotei um breve resumo do que escutei. Alguma parte de mim sabia que, se eu quisesse entender os segredos daquele lugar, teria que me lembrar de tudo - até dos detalhes mais sombrios.

Era hora de ir para minha sessão de terapia no hospital. Esse compromisso semanal tinha se tornado uma espécie de rotina, algo que, de certo modo, me ajudava a manter os pés no chão. Hoje, no entanto, estava decidido a fazer algo diferente. Esperava encontrar o Dr. Adrian para finalmente perguntar o que ele poderia me dizer sobre o acidente dos meus pais, Hellen Mozov e Victor Hawthorne, famílias diferentes, mais com finais trágicos e arquivados. Isso me dava uma sensação de resposta sobre mim , que queria desvendar. Meu maio passado é o acidente dos meus pais. Preciso começar por ai. Pego o celular que Dorian havia me dado dias atrás e havia recusado, hesitei por um momento. Usar algo que ele havia tocado me incomodava; era como carregar um pedaço dele comigo. Mas... não tem mais como voltar atrás. Coloco no bolso e sigo para o carro com as moletas como meu novo e confortável apoio. Me sentia mais perto de andar.

Quando cheguei ao hospital, o ambiente branco e asséptico do lugar me proporcionou uma certa calma, como se estivesse me afastando, ainda que temporariamente, do peso que a mansão exercia sobre mim. Minha psicóloga, a Dra. Cass, era uma presença reconfortante, e sempre me incentivava a desabafar, embora eu evitasse falar demais sobre o que realmente acontecia na mansão, mas meus sonhos estavam sempre na conversa, mostrando o quanto minha mente quer mostrar o que as consequências do acidente me impede... o que assustava, porque ja sonhei com o senhor Victor e sua casa... foi terrivel.

Terminada a sessão, fui até o refeitório com a esperança de encontrar o Dr. Adrian. Assim que o vi, uma onda de alívio percorreu meu corpo. Ele estava sentado em uma mesa próxima à janela, com a luz suave da manhã delineando seu perfil. Um homem alto e elegante, seu porte impecável e a postura tranquila transmitiam uma calma quase magnética. Tinha ombros largos que lhe conferiam uma presença forte e protetora, e seu jaleco aberto sobre a camisa casual acrescentava um toque de gentileza acessível, algo que parecia raro em meio ao ambiente clínico do hospital.

Enquanto tomava um café e folheava alguns papéis, Adrian parecia imerso nos próprios pensamentos, mas ao mesmo tempo emanava uma serenidade que tornava difícil desviar os olhos dele. Seus cabelos loiros, bem arrumados, caíam suavemente sobre a testa, conferindo um toque despreocupado ao visual.
Respirei fundo e me aproximei, uma leve ansiedade apertando meu peito. Ao notar minha presença, Adrian ergueu o olhar, com aquelas órbitas verdes conhecida, cheias de vida e empatia.

Um sorriso caloroso iluminou seu rosto, revelando um contraste marcante com o ar frio do hospital. Era um sorriso acolhedor, que convidava, sem pressa, como se me dissesse que eu poderia relaxar ali.

- Elliot, que bom te ver. Ja fazem semanas que lhe vi, ja esta ate de moletas - disse ele, com um sorriso caloroso

- Estou bem feliz com elas, também comecei academia para fortelecer os músculos. Estou muito animado

- Fico feliz em ouvir isso. Vou pedir algo para você comer

- Não precisa - Afirmo sem jeito, mas sem demora ele faz um pedido breve ao balcão.

- Sem comida, músculos não crescem!

- Certo, estou a sua disposição - Sorri.

- E veio ao refeitório, me procurar por saudade... ou

- Queria lhe ver sim, mas também gostaria de fazer umas perguntas

- Perguntas? Sobre seus pais? - Adrian toma um gole breve do café.

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