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— Vai voltar para o dormitório agora? — ele perguntou, enquanto eu me arrumava na coberta.

O gramado estava cheio de lençóis amassados, e alguns alunos se espreguiçavam, fazendo os mesmos movimentos que nós, tentando se levantar da acomodação improvisada que haviam feito para assistir ao filme. A conversa animada sobre o filme enchia o ar, misturando-se com o frio que começava a se espalhar pela noite. Alguns riam das partes bizarras que mal haviam compreendido, enquanto outros comentavam sobre as cenas mais engraçadas.

E eu só conseguia pensar nele.

Um sorriso involuntário brotou em meus lábios ao lembrar, e a presença de Boris ao meu lado me deixava ainda mais animada.

— Não sei — dei de ombros, tentando parecer despreocupada, mas meu olhar denunciava que a verdade era bem diferente. — Ainda estou sem sono.

Ele arqueou uma sobrancelha, um sorriso maroto surgindo em seu rosto.

— Então fica mais um pouco comigo... — ele pediu, sem hesitar, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo.

Sorri de canto, sentindo meu coração acelerar. Eu sabia exatamente o que faríamos, e não conseguia conter a empolgação.

— Eu só não quero que você vá embora — ele respondeu, com um tom ligeiramente mais sério.

— Tá... mais um pouco — aceitei, e não pude deixar de sentir um frio na barriga. Voltamos a nos sentar na coberta, e Boris se inclinou mais perto, com o rosto iluminado pelas luzes das árvores.

O frio da noite era intensificado pelo calor que emanava de nós dois. Em um momento de coragem, Boris se virou para mim, a expressão um pouco mais séria.

Ele se aproximou ainda mais; nossos rostos estavam quase se tocando.

— Você é incrível, sabia? — ele disse, com a voz suave. — Eu nunca conheci alguém como você.

E, naquele instante, não havia mais nada ao nosso redor. O riso dos outros alunos desapareceu, e o filme, com toda a sua confusão, tornou-se apenas um som distante. O que importava era aquele momento, aquela conexão.

Boris hesitou por um segundo, como se quisesse ter certeza de que eu estava pronta, antes de se inclinar mais e selar o espaço que ainda nos separava com um beijo.

E dessa vez, foi diferente, mais intenso, como se tudo o que vivemos até agora se condensasse naquele gesto. Quando nos afastamos, ambos ofegantes, com os rostos levemente corados, e um sorriso largo se espalhou pelo meu rosto.

O mundo ao nosso redor desapareceu, e não havia mais nada além dele e de mim, ali sob as estrelas e a brisa fria da noite.

𝐜𝐡𝐚𝐫𝐦! boris pavlikovskyOnde histórias criam vida. Descubra agora