contém: sexo explícito.
ponto de vista por Boris.
O olhar dela atravessava a distância entre nós dois como uma onda de eletricidade, causando uma tensão quase dolorosa que se espalhava pelos meus ossos. Era um misto de curiosidade e desejo, como se ela quisesse me ler, decifrar algo em mim que eu ainda não havia reconhecido.
— Quer um pouco? — ela perguntou casualmente, mas seu tom tinha uma leveza que me desconcertava. Estendeu a mão com algumas uvas e, ao colocar duas na minha, sentindo o calor breve de seus dedos. Sorri, tentando disfarçar a tensão que crescia no meu peito, mastigando lentamente enquanto ela me observava.
— Tá com frio? — perguntei, notando o movimento sutil dela ao esfregar os braços, como se estivesse tentando se aquecer. Seu corpo parecia procurar conforto.
— Um pouquinho — respondeu, dando de ombros de maneira quase despreocupada, mas algo no seu olhar sugeria que ela se deixava vulnerável diante de mim.
Meu olhar percorreu o ambiente até avistar o meu moletom jogado sobre a cadeira. Levantei-me rapidamente, peguei-o e estendi para ela, mas ela não fez menção de pegá-lo.
— Vem cá — chamei, e, sem hesitar, ela se levantou e caminhou até mim. Seus passos eram lentos, como se quisesse prolongar aquele momento entre nós. Quando chegou perto, ergui o moletom e, com cuidado, o vesti nela. Nossos corpos se tocaram de leve, e a textura da sua pele fria contrastava com o tecido macio do moletom que agora a envolvia.
Ela não voltou ao lugar. Em vez disso, deslizou as pernas em torno do meu colo e se acomodou ali, de frente para mim, o rosto apenas a centímetros do meu. Pude sentir sua respiração, lenta e pesada, enquanto me encarava. O mundo pareceu parar.
Meus lábios se entreabriram em um sorriso hesitante, quase tímido, sem certeza de onde aquilo nos levaria. Eu sabia, naquele momento, que não haveria volta. Quando nossos lábios se encontraram, o choque foi imediato. Seu toque era frio, mas o calor que emanava de seu corpo era como uma chama que começava a queimar por dentro. A pressão de suas mãos na minha nuca me puxava para mais perto, como se quisesse fundir nossas almas ali, naquele instante.
Minha mão escorregou para sua cintura, apertando de leve, sentindo a curva do seu corpo que se ajustava perfeitamente ao meu. Cada movimento, cada toque, parecia uma nova descoberta. O tempo perdeu o sentido; era apenas ela e eu, e o desejo mudo que nos consumia.
Senti meu coração acelerar quando ela se remexeu de leve no meu colo, os olhos arregalados por um breve momento ao perceber o que havia tocado. Ela deu um pequeno pulo, uma reação rápida e quase tímida, como se tivesse sido pega de surpresa. O calor subiu até o meu rosto, mas eu não queria que ela interpretasse aquilo de maneira errada.
— Relaxa, não é nada — tentei aliviar a tensão com um sorriso de canto, dando de ombros como se aquilo não tivesse importância, e a puxei delicadamente para perto de mim mais uma vez, tentando manter o clima leve. Mas, por dentro, uma batalha se formava. Eu não queria apressar nada, não queria que ela sentisse que eu estava tentando algo além do que ela queria naquele momento. Era importante para mim que ela soubesse que tinha o controle, que não precisava ir além se não quisesse.
Seu olhar encontrou o meu, e naquele momento, algo mudou. Os olhos dela tinham uma intensidade nova, um pedido silencioso que eu não consegui decifrar de imediato.
— Boris... — ela murmurou, quase como um suspiro, enquanto seus dedos passavam pelos meus ombros e subiam para o meu rosto, seu toque leve, mas determinado. Senti uma faísca no ar entre nós, algo mais denso, mais urgente, como se ela estivesse tentando me dizer algo sem palavras.
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𝐜𝐡𝐚𝐫𝐦! boris pavlikovsky
Ficção Adolescentedurante um verão que deveria ser uma fuga dos últimos acontecimentos, você embarca em um acampamento escolar, esperando passar os dias e noites com tranquilidade. tentando deixar o passado para trás, você conhece um garoto excêntrico, fã dos filmes...