Amor oculto

Deixa fluir

~ Bruna.

Um barulho insistente tocava, me acordando. Abri os olhos devagar e escutei a voz de Henrique sobre o ambiente, ele tentava falar baixo na tentativa de não me acordar.

— Ta bom, ja ja eu chego ai. -ele percebeu que eu havia acordado, me olhando pelo canto do olho.- Ta, tchau. -ele desligou, ainda abraçado a mim enquanto seu peito servia de travesseiro.- Bom dia. -ele sorriu para mim.
— Bom dia, que horas são?
— Quase 8:00am, tenho que ir, infelizmente.
— Eu também tenho que trabalhar. -fiz menção em levantar mas Henrique me prendeu a seu corpo, deixando um beijo na minha testa.
— Vamos comigo?
— Onde? -o encarei.
— Viajar. Tenho três shows a fazer, Fortaleza, Bahia e São Paulo. Podemos ir a praia, da pra ficar dois dias em Fortaleza. -ele sorriu, na tentativa de me convencer.
— Nunca viajei com você.
— O que parece terrivel. -ele suspirou.- Vamos? Vai ser bom pra gente.
— Temos que ir mais devagar. -me soltei de seu abraço, levantando.- Já cedi pra você dormir aqui.
— Eu sei Bru, mas precisamos de mais tempo juntos pra fazer isso fluir. -ele levantou, dando a volta na cama e parando a minha frente, incrivelmente irresistível só de cueca.- Preciso te provar que isso vale a pena. -tentei me concentrar no que ele estava dizendo.
— Henrique... -ele me interrompeu.
— Vamos, Bru. Vamos conhecer a estrada comigo. -ele tocou meus ombros, na tentativa de me animar. Seu rosto era cheio de expectativas.
— Só de imaginar todos aqueles fotógrafos, midia, todas essas coisas... -suspirei, deixando os ombros cairem na tentativa de mostrar meu desconforto.- Isso não é bom, nos divorciamos agora. -cheguei a conclusão, o olhando delicadamente para não causar maus efeitos.
— Esquece isso, lembra de nós dois. Por favor. -ele tocou meu rosto com as duas mãis, me dando um selinho.- Eu quero você e só isso importa, dane-se o mundo. -ele me olhava com os olhos brilhando, como um adolescente querendo viver uma aventura diferente.
— Tudo bem. -suspirei, convencida. Sabendo que não adiantava e nem tinha pra onde correr.
— Vamos fazer as malas! -ele disse rapidamente, empolgado.

Em questão de minutos eu ja estava com uma mala pronta, com direito a coisas pra passear. Henrique estava empolgado e eu acabei me envolvendo nisso, era bom estar ao seu lado, isso eu não poderia negar. Logo após tudo pronto e um belo banho, fomos em direção a sua casa, que um dia também foi minha. Isso me causava borboletas no estomago, olhar para aquela fachada e não sentir que eu pertencia mais a aquele ambiente.

Ao entrar senti a nostalgia me preenchendo, acabei paralisando e Henrique percebeu um pouco a frente, voltando ao meu encontro. Ele pegou em minha mão me arrastando, apenas o segui.

— Vem comigo. -ele sorriu, como forma de incentivo.- Podemos reformar esta casa, fazer virar de fato nossa casa, nosso porto seguro. -ele me levou escada a cima, enquanto declavara suas propostas.- Podemos tambem fazer o nosso quarto, já que nunca tivemos um. Pode ser no meu, no seu, ou em outro se preferir, temos mais dois disponíveis . -disse entrando em seu quarto.- Só precisamos de um ninho de amor pra chamar de nosso.. -eu dei uma risada e ele se virou, me encarando.
— Muito brega você.
— O amor tem dessas. -meu sorriso sumiu, me deixando paralisada.- O que acha da ideia? Eu acho incrível transformar isso em lar depois de tantos anos sendo apenas casa. -ele tocou meu cabelo, colocando a mecha atrás da orelha. Senti o ar faltar aos meus pulmões tendo em vista que ele estava falando realmente sério.
— Precisamos de tempo. -conclui.
— Não temos tanto tempo assim. -ele disse.- Todo tempo com você é precioso, tudo tem se encaixado tão bem que eu quero aproveitar com toda intensidade do mundo. Quero te beijar todos os dias, te levar comigo para todos os shows, para todas as viagens, bem juntinhos. -ele passou seus braços pela minha cintura, me agarrando mais proximo a seu corpo, tentando me convencer.- Quero dormir e acordar com você Bruna, só com você. Cansei de passar todos esses anos sozinho, quero uma compainha, uma familia de verdade. -me sentia um pouco estranha ouvindo tudo aquilo de Henrique.