~ Bruna.
Chegamos no hotel e Henrique precisou sair para resolver umas coisas com o irmão, então fiquei admirando a vista daquele lugar pela janela. Meu celular apitou, avisando a chega de mensagem. O peguei e era Rafael, já havia me esquecido completamente que lhe devia alguma satisfação.
Era uma foto minha e de Henrique no aeroporto, descendo do jatinho de mãos dadas. Claro que em algum momento as páginas de fofocas anunciariam sobre o possivel retorno do casal. Não se contentando com a mensagem, ele me ligou.
— Oi Rafael. -atendi.
— Oi Bruna, pelo visto esta bem né? -suspirei.
— Rafa... Eu sei que tivemos algo, mas não foi além. Henrique e eu conversamos e decidimos nos dar uma chance.
— Entendo. Só não entendo o porque, tendo em vista que vocês nunca se gostaram e nem se tocaram.
— As coisas acontecem. -fechei os olhos, não queria uma discussão.
— Achei que tinha entendido que eu queria algo com você, que eu tava disposto a te fazer bem.
— Rafa...
— Tudo bem, você ta certa. Só procure outro advogado para te defender, eu não posso mais fazer parte disso.
— Não precisa tornar as coisas difíceis.
— Você quem complicou tudo. Lutou pelo divórcio, se convenceu pela separação de bens e agora esta onde? Nos braços do cara que nunca te deu valor, só te envergonhou na frente de todos.
— As coisas podem mudar. -me senti magoada por suas palavras.
— Claro, se você diz. -escutei ele dar um longo suspiro.- Boa sorte Bruna, só acho que você é incrível demais pra isso e deveria ser valorizada. Mas tudo bem, acontece. Tchau, fica bem.
— Tchau.
— Espero que ele te faça feliz. -escutei baixinho antes de finalizar a chamada.
— Saco! -respirei fundo, passando a mão no rosto na tentativa de aliviar o stress.
— Ta tudo bem? -escutei a voz de Henrique preencher o ambiente, me fazendo dar um leve pulo de susto.
— Que susto! -disse ao me virar, com a mão no peito.
— Desculpa. -ele sorriu de canto, se aproximando.
— Rafael me ligou falando umas coisas, nada demais. -dei de ombros.
— Espero que aquele idiota não esteja te incomodando. -ele me abraçou pela cintura, mantendo distância do meu rosto para me observar.
— Ele me ajudou quando precisei, não fala assim.
— Mas transou com você. -seu tom de voz denunciava sua raiva contida.
— Vamos mesmo pontuar isso? -arqueei uma sobrancelha para o fazer lembrar de tudo o que passei, sem dizer nada.
— Ta certa. -ele relaxou os ombros.- Vamos almoçar? O que quer fazer antes do show?
— Não sei. -ele riu.
— Costuma ser sempre indecisa assim?
— Confesso que sim.
— Vem, vamos pedir o almoço então e ficar deitadinhos. -sorri.[...]
— Porra! Você vai desse jeito? -me virei para o mesmo, que me olhava com os olhos arregalados, percorrendo cada pedaço do meu corpo.
— Já que vão me ver... -dei de ombros.
— Precisam te ver tão bem assim? Esse corpinho é só meu. -dei risada.
— Isso seria ciúmes? -coloquei a mão na cintura.
— Muito. -ele concordou, me surpreendendo.- Bruna, tenta acreditar que eu te quero muito, que tudo isso é importante pra mim. -ele tocou meu rosto.- Nunca esperei viver isso, mas eu quero muito fazer isso da certo, muito mais do que você imagina e acredita. -sorri de canto.
— Estou tentando confiar.
— Eu sei, ainda vou ouvir você dizer que me ama. -dei uma risada. Ele se aproximou e deixou um selinho em minha boca.
— Então vamos?
— É, vou ter que aceitar essa roupa. -ele suspirou, convencido de que eu iria mesmo daquele jeito.Dei uma ultima olhada no espelho e realmente cheguei a conclusão que estava demais para aquela ocasião, realmente iria chamar atenção com apenas essa lingerie embaixo do blazer. Mas hoje eu merecia ser vista, ja que todos os rumores estavam pela internet, isso não seria nada demais.
Henrique me deu a mão e fomos até o hall do hotel assim, la embaixo tinha alguns fãs, pouca coisa. Ele acenou brevemente sem soltar minha mão.
— Henrique? Vocês voltaram? -escutei alguém gritar.
— Estamos no caminho. -ele respondeu, sorrindo para mim.
— Vocês são lindos! -outro gritou e dessa vez quem sorriu foi eu.
— Obrigado pelo carinho gente, bora pro show! Até mais! -ele despediu deles e entramos no carro.
— Hm, no caminho. -comentei, rindo baixinho.
— Queria dizer que eu sou o cara mais feliz do mundo por ter você, mas ainda é cedo e você não quer tanta midia. -ele beijou minha mão.
— Obrigada por ta respeitando meu tempo.
— O tempo que for preciso, desde que dia como estes prevaleçam! -sorri, me sentindo como uma adolescente apaixonada.Ao chegar no evento as ruas estavam uma loucura, a entrada na parte de trás era uma completa gritaria. O motorista entrou pelo portão com um pouco de dificuldade, logo aquele alvoroço se cessou. Estávamos a poucos metros do camarim quando ele estacionou para descermos. O fato de termos chegado mais cedo, implicou com que não houvessem tantos jornalistas na porta do camarim, ou cameras apontadas em nossa direção.
Juliano ja aguardava do lado de dentro, bebendo uma cerveja com uma dupla, batendo um bom papo. Henrique se aproximou, me apresentando os mesmos, era Hugo e Guilherme que também cantariam essa noite. Decidi ficar um pouco mais afastada, sentada em um sofazinho reservado para esperas, enquanto os meninos atendiam os fãs antes do show.
Foi quando uma mulher alta, bonita, loira, com uma micro roupa, entrou no camarim. Fiquei observando de longe a cena da mesma se aproximando de Juliano, o abraçando e dizendo algo que não entendi. Quando ela se aproximou de Henrique, o deu um abraço mais demorado e um cheiro em seu pescoço. Senti minhas mãos suarem, pensando o quanto isso ocorria frequentemente e eu nunca havia parado para refletir, sempre estive em casa sem me importar com o que Henrique fazia.
O fato de outra mulher lhe tocar me causava arrepios e um sentimento um tanto quanto ruim, ao lembrar de tudo o que eu havia passado por esses poucos dias atrás. Em um impulso me levantei, indo sentido oposto onde eles estavam, saindo pela porta de trás do camarim. Senti umas lágrimas escorrerem pelo meu rosto, eu estaria mesmo fazendo a escolha certa em aceitar Henrique de volta? Eu estaria mesmo no caminho para um futuro feliz?
— Bruna? -escutei sua voz ofegante logo atrás de mim, me tirando dos meus pensamentos. O encarei, ele parecia assustado.- O que foi? -Henrique se aproximou, tocando meu rosto com as mãos.
— Eu não to bem, quero ir embora pra casa.
— Calma, o que foi? -ele me puxou pra um abraço, mas me afastei.- Foi por causa da mulher, né?!
— Não me sinto confortável e não tenho tanta certeza sobre nós.
— Aquilo não foi nada Bru, te juro, eu não dei brechas. Eu quero você, acredita em mim.
— Não sei Henrique, me parece tão dificil. Ainda ta tudo muito recente.
— Mas a gente pode fazer dar certo.
— Eu preciso ficar sozinha.
— Não Bruna... -ele choramingou, seu olhar ficando triste.
— Eu vou la pro palco, te vejo depois. Vou me distrair.
— Bru... -ele tentou tocar meu braço.
— Por favor, me deixa. -Henrique suspirou, me soltando.Caminhei pela lateral do palco, caminho este que eu ja conhecia tão bem. Hugo e Guilherme se apresentavam, era um show agradável. Fiquei assistindo, tentando não pensar tanto em Henrique e no que eu presenciei. Tudo aconteceu muito rápido: logo depois do divórcio. Eu me sentia um pouco tanto culpada por ter dado tanta brecha para o mesmo entrar assim na minha vida.
Rafael demonstrou ser um cara intenso, de confiança e pronto para me dar o que eu nunca tive. Foi carinhoso e acolhedor quando eu mais precisei. Mas seus atos causaram algo diferente em Henrique, fazendo o mesmo se lembrar que estava perdendo sua mulher, na verdade a mulher com quem casou e nunca teve absolutamente nada. Todas as vezes que me pego pensando sobre o assunto me sinto balançada, talvez se eu não tivesse sentimentos pelo o mesmo, eu teria vivido a vida intensamente como ele viveu. Pegando todos os homens a minha volta e levando esse casamento de mentira como algo
normal.Talvez isso me faltou: ousadia. Se eu tivesse sido mais ousada, Henrique teria me visto com outro olhar a mais tempo e não pensado em mim depois do fim. E agora estou aqui, com tantas feridas abertas e muitas duvidas sobre esse relacionamento. Não sei o que fazer, sinto vontade de desistir exatamente agora e ir embora, ir pra bem longe do mesmo como se nunca tivesse topado estar aqui.
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Amor oculto
FanfictionHenrique conhece Bruna em uma batida de trânsito, eles logo não se dão bem. Em uma festa se trombam novamente e Henrique acaba agarrando a mesma, deixando-a mais frustada. Em uma conversa inusita entre seus pais, eles são forçados a se casarem e lev...