Insisto

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~ Henrique.

Respeitei o momento da mesma. Eu sabia que estava pressionando-a muito, fazendo com que isso se tornasse algo pesado e não leve como eu havia planejando. É que o medo tomou conta de cada pedaço do meu corpo, o medo de ficar bem distante de Bruna me deixou assim, tão intenso e com vontade de viver como se fosse os ultimos dias. Eu tentaria com todas as minhas forças e se ainda assim ela não quisesse, certamente eu sairia disso com o papel cumprido. Triste, mas feliz por ter ao menos tentado.

O nosso show foi anunciado, desde então não a vi mais, queria muito saber que ela ainda estava na lateral daquele palco esperando por mim, eu estavs criando expectativas e me sentia até nervoso com as mãos suando. Passamos por outra lateral para o acesso ao meio do palco, já tendo os primeiros procedimentos ditados no som ao ouvido.

Juliano percebeu meu nervosismo, controlando a situação sem me dirigir a palavra. Assim que as batidas se cessaram e era a nossa vez, entrei no palco um pouco quanto acanhado e olhando para a outra lateral, procurando pela aquela figura ruiva que me despertava nós no estômago. E ela estava la, os braços cruzados a altura do peito e o semblante passivo, observadora. Seu olhar se cruzou com o meu e ela manteu a postura, continuando a escutar e observar-nos.

Aos poucos ela foi se soltando, cantando uma musica e outra. Parecia gostar, afinal, nunca reparei na mesma quando ela vinha aos shows para marcar presença. Eu havia preparado uma surpresa, mas tentei ser o mais discreto possivel para o publico não ver, já que a mesma não queria. Eu iria respeitar seu tempo e vontade.

Estava cantando "O ceu explica tudo" e fui me aproximando da mesma, que me olhava um pouco assustada ressentida.

— O céu explica tudo pros nossos corações, as estrelas são as várias paixões que eu tive. -peguei em sua mão, olhando em seus olhos enquanto cantava.- O céu explica tudo e o amor é feito a Lua, adivinha o quê que cê é no meu céu? -ela me observava, contendo um sorriso.- Chuta. -apontei para trás e ela olhou, vendo um produtor com um buquê de flores vermelhas.- A Lua. -ela me olhou novamente, sorrindo.
— Pra mim? -assenti. Ela pegou o mesmo, vendo a carta escancarada em cima do mesmo. Eu havia pedido para escreverem "Eu te amo" bem grande.- Henrique... -ela sussurrou, vi seus olhos marejarem.
— Casa comigo? -ela arregalou os olhos.- Não quero saber o que ficou pra trás, só quero fazer isso valer a pena hoje.
— Você enlouqueceu. -ela riu, nervosa.
— Pode chamar do que quiser, mas de uma coisa eu sei Bru: eu aprendi a te amar. Aprendi que a sua presença é o que importa pra mim. Me deixa te fazer feliz e reparar todo o nosso passado? Eu não vou te prometer nada, porque eu ja estou fazendo isso acontecer. Então, casa comigo?
— Caso! -meus olhos marejaram, se enchendo de lagrimas e expectativas.
— Eu te amo. -a puxei para um beijo.
— Eu também te amo, Ricelly, sempre te amei. -ela se declarou quando nos afastamos.
— Gente! Vou casar! -gritei no microfone, puxando Bruna pro palco.

Todo o publico começou a gritar, empolgados com aquele momento. Juliano continuou cantando enquanto eu dançava agarrado com Bruna, sentindo seu doce cheiro em meu nariz. Eu amava aquela mulher, eu me apaixonei por ela, eu queria viver com ela cada segundo dos proximos anos. Iriamos ter filhos, uma cerimonia linda e digna de paixão novamente.

Não me importava nada do que passou, aliás, me sentia muito mal em lembrar o quanto a fiz mal, mas que bom que não a perdi por completo. Ela ainda estava ali, bem a minha frente, com a pupila dilatada de tanto chorar, segurando o buquê vermelho que fazia contraste contra seus cabelos ruivos, e o outro braço disposto em meu ombro. Enquanto meu braço entrelaçava em sua cintura para ficarmos em um ritmo agradável.

Ela era singela, ela era incrivel. Juliano me parabenizou por ter acordado a tempo e por ter conseguido salvar meu casamento, que de agora em diante seria totalmente real, sem ilusão alguma.

— Advinha o que que cê é no meu céu? -voltei a cantar para a mesma.- Chuta: A lua. Sempre será! -dei um beijo na mesma, acompanhado novamente do grito da galera.


Epílogo

~ Semanas depois.

Eu roía as unhas sentado a beira daquela cama, desde que Bruna suspeitou que estivesse grávida, não passou um dia se quer que eu não desejasse comprovar aquilo. Depois de uns dias intensos de show, finalmente ao chegar em casa, pude esperar junto com a Bruna o resultado desse temido teste de gravidez.

— HENRIQUE? -ela gritou e sem pensar duas vezes eu dei um pulo da cama, abrindo a porta do banheiro.
— O que foi? -certamente estava com a feição de assustado, pois sentia meu coração muito acelerado.

Ela não disse nada, só caiu umas singelas lágrimas de seu rosto. Bruna me entregou o teste, que não precisava de muito para saber o que era evidente "Gravida 2-3". Minhas mãos tremiam quando voltei meu olhar para o dela, sentindo as lagrimas tambem descendo pelo meu rosto.

— Bru... -eu sussurrei.
— Me desculpa, Ri. Eu deveria ter me cuidado, não deveria ter acontecido agora, logo agora e... -a interrompi, pegando seu rosto entre minhas mãos e lhe beijando.
— Shh... -pedi após parar o beijo.- Você não sabe o quanto eu to feliz e realizado. -ela me olhava sem entender, o olhar cabisbaixo.- Era tudo o que eu mais queria, Bruna, formar uma familia com você.
— Jura? -ela sussurou, ainda insegura.
— Eu te amo, muito. -abaixei, beijando sua barriga.- AI MEU DEUS, EU VOU SER PAI! -gritei bem alto, beijando novamente sua barriga.

Ela riu descontraída, enxugando as lágrimas e acariciando meu cabelo, eu ainda continuava agachado em frente a sua barriga quando decidi me levantar.

— Vamos ser tão felizes, Bru, você nem faz ideia. -dei um beijo na mesma.- Preciso contar pra todo mundo, preciso ver esse neném, preciso de escutar o coraçãozinho. -eu disse, afobado.
— Calma, estamos aqui. Não vamos fugir. -ela disse, calmamente.
— Pra toda vida.
— Sim, pra toda vida! -Bruna me abraçou, afirmando ainda mais seus sentimentos por mim.

Esse era o inicio de uma vida longa ao lado de Bruna e de nossos filhos. Sim, teriamos muito mais que apenas um. Eu estava feliz, radiante, como nunca estive. Ainda bem que aquela noite eu decidi encontrá-la e lutar por este amor que estava acendendo em mim, ainda bem pois não sei o que seria de mim sem ela.

~ FIM

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