𝐏𝐑𝐈𝐍𝐂𝐄𝐒𝐀 𝐂𝐎𝐁𝐑𝐀| ᴴᶦⁿᵃᵐᶦ ᵁᶜʰᶦʰᵃ ᵁᶻᵘᵐᵃᵏᶦ

Dois Anos Depois

━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━
A jornada de dois anos e meio com Hinami ao meu lado foi uma experiência que nunca pensei que viveria. No início, tudo parecia ser mais uma missão arriscada — algo que eu fazia sem pensar muito. Eu sabia que o perigo seria constante, e tinha receio de como ela se adaptaria ao ritmo dessas viagens. Mas Hinami não era apenas uma garota; ela tinha a força e a determinação de um verdadeiro ninja. Com o tempo, ela se adaptou, e aquele período juntos transformou completamente nossa relação. Hoje, posso dizer que ela se tornou minha melhor amiga.

Treiná-la foi uma tarefa e tanto, e não foi difícil perceber o potencial extraordinário que tinha. Com seu Sharingan e Byakugan combinados, ela desenvolveu habilidades de combate únicas. Ensinei-lhe a disciplina do arco e flecha, e ela superou minhas expectativas. Tão afiada quanto sua mira, ela agora é a melhor arqueira que conheço, talvez até capaz de superar Tenten em precisão e técnica. Quando começou a aplicar veneno nas flechas, sua habilidade tornou-se ainda mais mortífera, e observar seu desenvolvimento foi como ver uma lenda surgir.

Seus avanços não pararam por aí. O taijutsu de Hinami se tornou impecável, uma verdadeira extensão de sua força e vontade. E o mais surpreendente: em pouco tempo, ela dominou a espada. Era como se ela fosse uma versão mais jovem e destemida de mim, uma sombra poderosa e ágil. Eu sabia que, do jeito que ela ia, ninguém poderia subestimá-la. A velocidade com que aprendia era impressionante, e a força que conquistou nesses anos… bem, ela se tornou uma oponente à altura de qualquer inimigo. Hinami tinha, afinal, se tornado uma versão monstruosa de mim mesmo, mas com aquela energia selvagem e incontrolável que só a juventude traz.

Nesses anos, ela também cresceu em outros aspectos. Minha garotinha virou uma jovem mulher, e uma muito bonita. Ao completar dezessete, não pude deixar de notar as mudanças que a adolescência trouxe. Seus cabelos mais longos, seu rosto com traços que pareciam os de Hinata, e aquela autoconfiança que irradiava… Ela chamava a atenção onde quer que fôssemos. O que me preocupava eram os olhares dos outros. Em todas as aldeias por onde passávamos, não demorava até que vários garotos tentassen se aproximar. Minha paciência foi posta à prova várias vezes — precisei conter o impulso de acabar com alguns jovens atrevidos. Em algumas ocasiões, não resisti e dei um jeito de afastá-los à força. Claro que isso não foi bem visto, e, sim, quase fui preso algumas vezes, mas nunca falhei em dar um jeito de sair dessas situações.

Hinami, por outro lado, parecia não se importar com a atenção, ou talvez até se divertisse com isso. As roupas que escolhia só tornavam tudo mais difícil para mim. Gostava de usar shorts e saias curtos, blusas justas, algo que para mim parecia uma afronta. Argumentei inúmeras vezes, tentei convencê-la a vestir algo mais recatado, mas sua resposta sempre vinha carregada daquele ar rebelde:

" O que é bonito tem que ser mostrado, pai."

Diante disso, tive que aprender a aceitar sua maneira de ser. Por mais que fosse difícil, eu via a mulher forte que ela estava se tornando, e mesmo que sua personalidade fosse impulsiva, sabia que ela tinha o autocontrole e a força para lidar com qualquer situação.

O mais surpreendente é que, apesar de todas as discussões e desentendimentos sobre coisas pequenas, como suas roupas ou sua rebeldia, eu estava incrivelmente feliz. A "princesinha do papai" cresceu diante dos meus olhos, e o privilégio de acompanhá-la em sua evolução é algo que jamais imaginei que teria.

Enquanto observava Hinami crescer, não pude evitar uma pontada de arrependimento por ter perdido tantos momentos na vida de Sarada. Eu sabia que, com Sakura ao lado dela, minha filha estava segura e em boas mãos, e Sarada, sempre tão madura, compreendia os motivos que me mantinham longe com Hinami. Mesmo assim, a ausência me pesava. Eu não estava presente para guiá-la, treiná-la como fiz com Hinami, mas confiava que Sarada estava trilhando seu próprio caminho, forte e determinada.

Ao longo de nossa jornada, Hinami se abriu para mim de maneiras que nunca esperei. Em uma noite, após um longo dia de treinamento, ela contou sobre o tempo que passou naquele laboratório — o lugar onde tentaram transformá-la em uma arma. Sua voz carregava uma frieza controlada, mas também uma dor profunda que transparecia nas entrelinhas. Eles haviam conduzido experimentos cruéis, mexendo com seu corpo e sua mente, tentando adaptá-la a fins sombrios.

Foi então que compreendi a origem de algo que já havia me intrigado: seu olho esquerdo. Aquela cor incomum, o tom distinto que destoava de seus outros traços. Suspeitei que os experimentos tivessem alterado algo em seu DNA, mudando-a de uma forma profunda e irreversível. Era como se tivessem reconfigurado sua essência, transformando-a em algo único, mas às custas de sua inocência. E isso me deixava furioso, embora Hinami, com sua força, jamais demonstrasse a fragilidade que aquilo provavelmente lhe causara.

Ainda assim, aquele olhar — uma fusão dos olhos de uma Hyuuga e algo novo, algo forjado pelo sofrimento — representava não só o peso de seu passado, mas também a resiliência de Hinami.

Depois de dois anos e meio, finalmente avistamos os portões de Konoha. O sol estava começando a descer no horizonte, tingindo o céu com um tom quente de laranja, enquanto Hinami, ao meu lado, não disfarçava o entusiasmo. Ela se movia com um ar de confiança, agora acostumada à liberdade que a estrada e as missões haviam lhe proporcionado. Sua expressão era uma mistura de expectativa e diversão – aquela diversão inquieta que só ela parecia carregar.

— Parece que alguém está ansiosa pra voltar — comentei, observando o modo como seus olhos brilhavam ao ver a vila mais uma vez.

Ela deu um sorriso meio de canto, com aquele toque de rebeldia e orgulho que havia se tornado sua marca registrada.

— Ansiosa é pouco, pai. Eu avisei que vou chegar causando — disse, como se tivesse um segredo guardado só para si, seus olhos faiscando como se já planejasse algo.

Revirei os olhos, pensando que era só mais uma de suas provocações. Eu conhecia Hinami e sabia que ela gostava de brincar com isso, de deixar todo mundo na expectativa.

Bom, era o que eu achava. Que fosse brincadeira essa ideia de chegar causando... Mas... Eu me enganei.