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──── Por que estamos aqui? - Perguntou Cairo assim que Pip estacionou o carro alguns metros acima da casa dos Bell.
──── Se lembra do que Howie disse? Sobre Andie esconder o celular descartável em uma tábua solta?
Pela expressão da mais nova, ela já havia entendido tudo.
──── Becca vai sair em dez minutos - Continuou Amobi. ──── Está estagiando no escritório do Kilton Mail. Dawn deve ter saído faz tempo. Segundo minha mãe, ela trabalha meio período na sede de uma instituição de caridade em Wycombe. Agora são 9h05, então ainda deve demorar a voltar. E não tem alarme na frente da casa.
Bocejou ao fim de sua frase. Pip mal havia dormido na noite anterior. Acordava repetidas vezes, encarando a mensagem do desconhecido até que as palavras ficassem gravadas na parte interna de suas pálpebras, assombrando-a sempre que fechava os olhos.
──── Não deveria estar na escola?
Ela devolveu o olhar da morena, perdendo-se por um momento na profundidade daqueles olhos castanhos. Dessa vez, não era a beleza que a prendia, mas sim o espírito de Sal que enxergava neles. A mesma tonalidade escura, quase apagada. Eram os mesmos olhos que ela via toda vez que entrava em seu quarto e encontrava a foto do garoto na parede.
Precisou chacoalhar a cabeça e se esforçar para lembrar da pergunta de Singh, e então responder:
──── Fingi que estava doente, está bem? - Respondeu Pip, uma pontada de culpa em seu tom de voz. - Não me faça sentir ainda pior... Você também deveria estar na escola, estamos segurando essa culpa juntas.
Cairo deu de ombros, rindo levemente da reação de sua parceira.
──── Você nunca tinha fingido que estava doente antes? Sal vivia mentindo por mim dizendo que eu estava com febre.
──── Só faltei quatro dias de aula. Na vida. Isso quando eu peguei catapora - Sussurrou, com os olhos fixos no casarão rústico.
Os tijolos antigos, manchados em tons que iam de um amarelo-pálido a um castanho-avermelhado escuro, estavam cobertos por hera que subia até o telhado inclinado, onde três altas chaminés se equilibravam. Do outro lado da rua deserta, o portão branco da garagem refletia o sol da manhã de outono. Aquela era a última casa antes da ladeira que levava à igreja.
