PRÓLOGO

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Lua tinha oito anos e um universo inteiro dentro de sua pequena cadeira de rodas.  Seus olhos, grandes e brilhantes como o céu noturno de onde herdou o nome, refletiam um mundo de sonhos coloridos.  Apesar das pernas que não obedeciam, seus pés, pequenos e delicados, dançavam em sua imaginação, numa balé invisível apenas para ela.  Ela sonhava com uma família, um lugar onde seus desenhos de arco-íris pudessem enfeitar as paredes, e onde o silêncio do orfanato fosse substituído por risos e histórias antes de dormir.  Um sonho que, apesar de tudo, ela abraçava com uma fé inabalável.

Enquanto Lua sonhava com uma família, a milhares de quilômetros dali, Cíntia lutava contra um silêncio devastador.  O vazio deixado pela perda de seu filho ainda no ventre era uma ferida aberta em seu coração.  A esterilidade, consequência do acidente, era uma sentença que a aprisionava.  Mas em seu coração, a chama da maternidade ainda ardia forte.  A adoção era sua única esperança, um caminho tortuoso que seu marido, amargurado pela dor, se recusava a seguir.  No entanto, Cíntia não desistia.  Ela buscava uma luz, um sinal, um milagre que pudesse preencher o vazio em sua vida.  E esse sinal, ela o encontraria num lugar inesperado, num orfanato distante, onde uma pequena estrela chamada Lua aguardava pacientemente por seu momento de brilhar.

Em lados opostos da cidade, mas unidos pelo mesmo fio invisível da esperança, Lua e Cíntia se preparavam para um encontro que mudaria suas vidas para sempre.

Minha lua - O Milagre da noite de luarOnde histórias criam vida. Descubra agora