1999
“Não acredito que você vai fazer isso”, Ginny disse, encostando-se em um dos armários recentemente esvaziados. Os dedos dela brincavam com a ponta de sua longa trança ruiva e a expressão em seu rosto fez Harry se perguntar o quão exausta ela deveria estar. Ele deu de ombros e colocou de lado a xícara morna de café que estava segurando.
“Ginny,” ele começou, mas não encontrou palavras para continuar. Ela encontrou.
“Ouvi Hermione falando sobre isso,” Ginny disse com um suspiro. “Acho que é uma coisa imprudente e perigosa de se fazer. Você tem que estar ciente de quão precipitado é todo o plano.”
“Eu sei,” Harry admitiu calmamente. “Mas acho que vale a pena fazer de qualquer maneira. Sinto que é algo que tem que ser feito.”
“Tem que ser feito?” Ginny repetiu, e mais uma vez Harry se viu grato pelo fato de Ginny não ter o hábito de levantar a voz, não importa o quão chateada ela estivesse. Talvez tenha sido a primeira coisa que Harry realmente gostou nela: o jeito como ela falava. “Está no passado. Aconteceu décadas atrás. A vida dele era miserável, mas também eram as vidas de muitas crianças. Por que salvar ele disso?”
“As consequências foram terríveis demais. Você sabe disso muito bem.”
“As pessoas lidam com as consequências. Nós seguimos em frente.”
“Já fiz o suficiente para saber de cor, Ginny. Eu sempre farei isso, de uma forma ou de outra. Mas se eu seguir com esse plano, ninguém mais terá que fazer isso”, Harry insistiu, esperando que ela entendesse.
“Voltar no tempo para consertar Tom Riddle de alguma forma pode não mudar nada para melhor,” Ginny apontou. "Se você conseguir impedi-lo de se tornar Voldemort, você acha mesmo que não haverá outro Lorde das Trevas tentando fazer o que ele fez? Coisas terríveis não vão parar de acontecer mesmo se você impedir ele.”
“Ginny—”
“O que ele fez—e tentou fazer—é apenas um reflexo de quem ele é. Ele é um psicopata, e isso não é algo que você pode mudar, Harry. Ele não pode ser salvo porque ele nunca se veria como alguém que precisaria ser salvo. Você sabe disso melhor do que ninguém."
“Seja razoável—”
“Eu sou razoável,” Ginny disse severamente, mas não de forma indelicada. O coração de Harry doeu. “Não tente me dizer que eu não estou sendo razoável. A ideia de você usar algum ritual obscuro e não testado para voltar no tempo e cuidar de Tom Riddle é nada menos que loucura. Eu sou a única que é razoável aqui, e se você não consegue ver a falha neste seu plano ingênuo e idealista, então eu—”
“Sim, você deixou seus pensamentos sobre o assunto bem claros,” Harry interrompeu. “Mas Ginny, se você acha ou não que é estúpido, isso não vai me impedir. Você não entende metade dos motivos pelos quais eu quero fazer isso, e eu não vou explicar tudo para você. Eu não deveria precisar.”
“Ron e Hermione não conseguiram te convencer a não fazer isso.”
“Eles entendem o quanto isso é importante para mim. Eles sabem que eu tenho que fazer isso.”
“Não, você não precisa fazer nada. Você não deve nada a ninguém. Você nunca deveu!”
“Não se trata de dever nada a ninguém, Ginny,” Harry disse, balançando a cabeça. Ele não parecia mais chateado ou bravo, apenas muito cansado. “Eu quero fazer isso. Por ele, e por mim.”
“Espero que seja verdade. Porque tudo o que eu quero”, Ginny disse, “é ter certeza de que você está fazendo isso pelo seu próprio bem, não pelo bem de outra pessoa. Querer salvar o resto de nós de algo que já passou é desnecessário. Você não é mais o campeão de ninguém, e você não deveria sentir a necessidade de dedicar sua vida a uma busca após a outra só para se sentir aceito.”

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If Them's The Rules
FanfictionIncapaz de aceitar as consequências da guerra, Harry decide viajar de volta no tempo para se tornar o pai que Tom Riddle obviamente deveria ter tido. Só que as coisas não saem como planejado e Harry se vê parte de um jogo com regras ocultas, tentand...