Strangers Six Feet Under

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1940

Não foi a primeira vez que Harry compareceu ao funeral de mais de uma pessoa ao mesmo tempo. A última vez, porém, aconteceu logo após a guerra e a queda de Voldemort. A atmosfera agora era diferente da de então — agora permanecia uma sensação de confusão e incerteza, contaminando até os momentos mais profundos de tristeza. Como alguém poderia seguir em frente quando não sabia o que resultou na morte de seus entes queridos?

O cemitério e a funerária eram diferentes daqueles onde Melania Black havia sido enterrada. Havia mais pessoas aqui do que lá, e Harry, como Testemunha, se sentou com Tom bem perto da frente. Ele desejou que não tivesse sido designado para um assento ali: ele não conhecia as pessoas que haviam morrido e tinha certeza de que havia pessoas na multidão atrás dele que mereciam mais o assento que ele ocupava.

Ele viu Trelawney sentada com algumas outras pessoas que ele identificou como Videntes mais à frente. Ela, como todos os que estavam de alguma forma associados ao Departamento de Adivinhação, vestia um uniforme designado pelo Ministério. Harry nunca tinha visto isso nela antes e se perguntou se as regras para ela eram mais frouxas do que eram para ele.

‘É hora de pensar em coisas assim?’ ele então pensou, irritado consigo mesmo. As pessoas estavam de luto e a situação sem dúvida se tornaria um problema para ele também, em algum momento no futuro. E ainda assim aqui estava ele, pensando em coisas sem importância e irrelevantes.

As famílias das três Testemunhas foram fáceis de reconhecer, mas mesmo depois da cerimônia Harry não conseguiu abordá-las sozinho. O que ele poderia dizer, afinal? Ele não saberia os nomes dos falecidos se não estivessem escritos na carta que recebeu. E, no entanto, seria terrivelmente rude se ele nem sequer tentasse dizer uma palavra de conforto. Ele tinha que ir.

"Riddle, certo?" alguém disse, e Harry se virou para ver uma Testemunha vagamente familiar parada atrás dele. Ele não conseguia, nem que tentasse, lembrar o nome do homem.

"Sim", disse Harry. "Como vai?”

“Bem, é sempre perturbador quando esse tipo de coisa acontece”, disse o homem, e não parecia particularmente afetado pelo acontecimento. “É trágico que raramente encontremos outras Testemunhas fora dos funerais. Já propus isso ao Departamento algumas vezes, sabe. Ainda não aceitaram minha oferta para sediar tais reuniões, infelizmente.”

"Entendo", disse Harry em resposta, tentando descobrir uma maneira de deixar a companhia do homem, sem deixá-lo chateado. De alguma forma, ele não achava que precisava de mais inimigos do que aqueles que provavelmente já tinha. Ele não conhecia esse estranho, e a maneira como ele passou tão facilmente do quão chateado estava para a discussão de algum tipo de compromisso social lembrou a Harry muito de Malfoy — Draco, não de Marchosias — para que ele quisesse conhecê-lo, de qualquer jeito. "Bem, sim, seria bom, suponho. Encontrar outras Testemunhas com mais frequência.”

"Harry", disse Tom, aparecendo ao seu lado e sorrindo educadamente para o estranho. "Devemos dar nossas condolências às famílias afetadas por isso, lembra? Vamos.”

'O que eu faria sem ele?' Harry pensou de repente, se sentindo ao mesmo tempo afetuoso e com medo. O que aconteceria com Tom se Harry acabasse eliminado da mesma forma que as três Testemunhas aqui? Tom culparia Grindelwald, embora Harry ainda tivesse quase certeza de que tinha sido alguém do Ministério. De qualquer forma, Tom certamente faria algo imprudente. Sem mencionar — para onde ele iria? Ele tinha apenas treze anos. Eles o mandariam para um orfanato, e só de pensar nisso fazia Harry se sentir mal. Não, ele não ia morrer. Ele não podia deixar ninguém vencê-lo em uma batalha, mesmo que tal derrota ajudasse a mantê-lo fora do radar. Ele simplesmente não podia correr o risco.

If Them's The RulesOnde histórias criam vida. Descubra agora