If Them's The Rules

Murder, Revisited

1941

Havia muito em que Harry pensar.

É verdade que nem tudo era ruim: os planos que ele estava formando com Madeleine, a forma como Tom estava crescendo, as pessoas com quem fez amizade durante o seu tempo aqui, até mesmo seu trabalho e a segurança financeira que ele lhe dava eram algo que às vezes o deixava maravilhado e satisfeito. Ele teve sorte de muitas maneiras e não queria perder isso de vista.

E, no entanto, muitas coisas trouxeram ansiedade à sua vida: Arcturus, Grindelwald, a forma como Tom estava crescendo, a expectativa de longevidade de sua carreira, considerando que não havia Testemunhas no futuro, os assassinatos de Testemunhas que estavam ocorrendo, a guerra e quem sabe o que mais surgiria eventualmente.

Mesmo agora, a caminho de mais uma missão designada a ele por Cassandra, seus pensamentos eram dominados pela pergunta: quando é que quem quer que estivesse atacando as Testemunhas se voltaria para ele? Havia uma ordem na qual as mortes estavam sendo executadas?

Não lhe pareceu muito certo que os outros estivessem agora convencidos de que era Grindelwald quem estava matando Testemunhas. Foi uma desculpa fácil de dar após a tentativa de assassinato, mas preocupou Harry porque a desculpa tornou praticamente impossível justificar quaisquer suspeitas que ele tivesse em relação ao envolvimento do Ministério. E Harry sabia — ele tinha certeza — que os assassinatos das Testemunhas foram de alguma forma facilitados por alguém que detinha o poder político na Grã-Bretanha: o nível de apagamento que ele percebeu que existia no futuro não era alcançável por Grindelwald, que nem sequer havia vencido sua guerra.

‘Eu me pergunto que tipo de medidas de proteção outras Testemunhas tomaram’, Harry pensou enquanto observava sua localização para a próxima missão: no final de algum tipo de campo, com o que parecia ser uma fazenda nas proximidades. Não havia árvores atrás das quais ele pudesse se esconder, mas se esconder dos trouxas não seria um problema, mesmo com a ausência deles. Era se esconder de outros bruxos ou bruxas que deixava Harry um pouco preocupado.

‘Até agora, todos foram mortos em missão’, percebeu Harry — ou, pelo menos, ele não tinha ouvido falar de nenhuma Testemunha morta quando não estava trabalhando. ‘Mas como eles sabem para onde uma Testemunha está sendo enviada? A menos que o Vidente também envie a missão ao ministério. Eu deveria contar a Cassandra sobre isso, talvez ela saiba quem poderia ter acesso a esses registros.’

E foi exatamente isso que Harry fez: ao voltar para casa, antes mesmo de enviar a penseira ao Ministério, mandou uma coruja para Cassandra para compartilhar seus pensamentos. Talvez ela já tivesse considerado algo semelhante, mas não faria mal nenhum informá-la.

Essa não foi a única coruja que Harry acabou enviando naquele dia: ele havia chegado e encontrou uma mensagem de Arcturus, sugerindo um jantar. A mensagem do homem era curta, mas havia pouca coisa que pudesse deixar Harry mais apavorado do que um convite para um encontro. Em parte, o pavor também se deveu ao pouco que ele tem sido capaz de fazer pelos filhos de Melania.

‘Vou avisar Madeleine sobre isso antes de responder a ele’, decidiu Harry. Ele também precisaria considerar seriamente o que deveria fazer por Orion e Lucretia. Pelo que ele sabia, Orion iria se formar em breve — talvez esse fosse o melhor momento para Harry ajudá-lo? Como, ele ainda não sabia. Mas ele não podia simplesmente esquecer isso.

Harry sempre teve orgulho de como fazia o possível para evitar causar danos aos outros. Até mesmo os problemas em que ele se meteu no passado foram devido a ações que precisavam ser tomadas. Ele se manteve discreto a ponto de ninguém ao seu redor saber o quão bem ele poderia se defender. Ele não sentia necessidade de se exibir, ele estava bem sendo apenas... quem ele era, vivendo sua vida em paz.