O que é isso? Feitiçaria?

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O antigo trio resolveu sair no final de semana, até chamaram Pedro, mas ele disse que estaria ocupado e tudo mais, não quiseram pressionar.

— Eu achei que Pedro fosse mais reservado — Malu diz enquanto pega uma batatinha. Eles resolveram ir em uma dessas barraquinhas de rua, era quase uma tradição entre eles.
— Eu achei ele bem na dele, pra ser sincero — João diz, indiferente.

Renan olha para Malu como se quisesse fazer ela não falar algo. O que é em vão.
— Você conseguiu fazer ele se soltar mais em algumas horas do que a gente em dois dias. O que é isso? Feitiçaria? — a garota diz.
— Deve ser meu jeito metódico de ser inteligente — João brinca.

— Eu diria que não, mas ouvi a conversa de vocês no primeiro dia, então posso dizer que talvez sim — Renan dá de ombros.
— Já ouviu falar que é sinal de maus modos ouvir a conversa dos outros? — João retruca enquanto solta uma risada.

— Ata, que seja. Mas ele conversou mais com você em dois dias do que com a gente em uma semana. Achei injusto — Renan diz, fingindo estar decepcionado.
— Tá, falando sério agora — Malu ri — Acho que tem alguma coisa em você, João, que fez ele se sentir mais confortável.

— Isso é bom? — Romania fala, aparentemente sem saber o que fazer com essa informação.
— Claro que é! — Renan responde quase gritando — Desculpa.

Malu para alguns segundos, pensativa.

— Olha, não comentamos nada antes, mas eu percebi que esse jeito reservado do Pedro não é atoa — Malu comenta e João sente a necessidade de prestar atenção nisso daí em diante — Nós três aqui conhecemos ele há pouco tempo, mas já sabemos que ele com certeza é uma ótima pessoa.

João para pra pensar e, realmente, Pedro aparentou confiar muito mais nele. Só não sabe ao certo o porquê, mas também não é algo que ele pretende questionar.

No fundo, Romania é extremamente atencioso, ele gostou do Pedro, então com certeza vai passar a prestar muito mais atenção nele agora.

Não é como se ele já não fizesse isso. Alguma coisa em Pedro lhe prendia a atenção.

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Pedro estava em seu quarto, olhando para o teto, enquanto escutava mais uma das milhares de brigas dos seus pais.

Ele queria estar em qualquer lugar nesse momento, menos em casa, e nesse momento se arrepende de ter recusado o convite de Malu. Mas ainda não se sente tão parte do grupo a esse ponto.

— Vai embora dessa casa agora, Augusto! — Ana grita no andar de baixo.
— Tenho direito de estar aqui tanto quanto você, não pode simplesmente me expulsar! — Pedro escuta seu pai gritar de volta.

Ele já está cansado disso.

Então resolve descer, está na hora de intervir nisso alguma vez na vida. Pedro desce as escadas praticamente correndo.

— Pai, já chega — ele diz quando pisa no último degrau — Sabe muito bem que a casa é da minha mãe. Simplesmente não dá mais pra vocês dois conviverem debaixo do mesmo teto sem que eu me preocupe se vocês vão se matar aqui dentro! Então, pai, por favor, vai embora, eu não aguento mais, minha mãe não aguenta mais, nem você aguenta mais tudo isso.

— Fica fora disso, Pedro. Isso é entre eu e sua mãe — Augusto diz com arrogância.
— Veja bem como você fala com meu filho, Augusto — Ana se coloca na defensiva — Ele, diferente de você, tem caráter, tem coração.

— Mãe... — Pedro a interrompe, pedindo para que ela deixe ele falar por si, em seguida se vira para seu pai — Eu vou fazer dezoito anos, pai. Eu não sou um exemplo de maturidade mas eu sei muito bem o que eu vejo, o que eu falo. Minha mãe mandou você sair, então vai embora, você não tem e nem deve mais ficar aqui.

— Vai ser assim, então? — Augusto fala diretamente com Ana.
— Seu filho tem razão. Só vai embora logo, Augusto. É melhor pra todo mundo, e no final, vai ser melhor até pra você.

Augusto quer balbuciar palavras ofensivas mas sabe que será em vão, então ele sai de cada batendo a porta da frente resmungando um "depois volto para pegar minhas coisas".

Ana abraça seu filho e começa a chorar, mas não de tristeza, e sim de alívio.
— Obrigada, filho — ela diz baixinho. Pedro não consegue falar nada no momento, apenas dá um beijo em sua testa, como se quisesse dizer que está tudo bem.

Ele tem que estar para sua mãe.

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Capítulo um pouco mais curto, mas tenho planos pra frente.

Até o próximo capítulo :)

Suas Linhas - PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora