Quarto frio, ele me encendeia.

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João se pega pensando que essa é a segunda vez que ele janta com Pedro e sua mãe.

Ele agora está na sala, olhando seu celular, aguardando de Pedro terminasse sua parte dos afazeres na cozinha, enquanto escuta Ana falar com alguém no celular.

Romania repara em algo que, ou não tinha notado, ou não estava ali antes: um violão.

E como se fosse mágica, justo nesse momento, Ana aparece na sala e ele se vê na liberdade de perguntar.

— Não sabia que tinham um violão — ele diz, casual, esperando que depois consiga a resposta que procura.
— Bom, Pedro ganhou de presente há alguns meses, mas nunca aprendeu de fato a tocar. Poucas coisas — ela diz, com um sorriso de canto se formando em seu rosto — Pedro me disse que você tocava.

João fica estático por alguns segundos.

— Disse? — ele tenta esconder o sorriso que quer aparecer em seu rosto, Ana apenas assente — Eu posso...?
— Claro que pode, querido — ela responde com um sorriso.

Ele levanta e pega o violão no apoio do canto da sala, voltando a se sentar onde estava.

Começa a afinar o instrumento e a pensar em qual música deveria tocar, considerando que agora duas pessoas iriam ouvi-lo, e ele nunca havia tocado para alguém assim. E novamente sabe que não seria uma música inteira.

Pedro escuta o soar das cordas e vai até a sala, se encostando no sofá quando vê João com o violão.

João se concentra apenas em pensar em está somente ele, o violão e os acordes:

"O mundo é dos loucos, se perdem por pouco
Mas eu me encontrei em você
Não sei te dizer se foi destino
ou algum outro clichê
Alguma coisa dentro de mim dizia
que a gente ficaria junta.

Fugi dos sinais, tarde demais,
como que faz se eu e você é que nem déjà vu
e se pá, é de arrepiar
Tipo coisa de vida passada,
te vejo e não vejo mais nada.

Escrevo um clichê romântico do tipo John Green,
Tu sabe bem tudo que rola no fim.
Então me deixa mais de lado
Que se for muito chegado a gente casa,
Te levo pra casa.

Baby, não me espere ou preste conta,
Mais pra frente cê me encontra e a gente vaza.
Mais que RedBull, cê me da asas.
Leva o coração mas deixe uma metade,
Que se for tudo de uma vez,
não sobra pra mais tarde

Deixa mais de lado,
Que se for muito chegado a gente vaza.
Baby, a gente casa..."

João abre os olhos, ali tendo que lembrar que não estava sozinho, e não estava em casa.

— Incrível, João — Ana diz com um sorriso largo — Você realmente toca muito bem.
— Obrigado, tia Ana — ele a responde com um sorriso tímido.

Ela avisa aos meninos que vai tomar banho e dormir, pois estava cansada.

Assim que ela sai, Pedro se senta no sofá, quase ao lado de João e para pra analisá-lo.

— O que foi? — João pergunta, após perceber o outro o encarando demais.
— Clichê? Sério? — Pedro brinca.
— Ah, a música não é ruim, vai — João ri, sem graça.
— Eu sei... só que eu queria ver você fazer a batida da segunda parte — Pedro joga no ar.

— Vou pensar no seu caso, Pedro — João diz com a sombra de um sorriso no rosto, e levanta do sofá, deixando o violão ali.

                                           ☆ ☆ ☆

Suas Linhas - PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora