Uma sexta-feira e Pedro havia acabado de chegar em casa, eram 18h.O grupo resolveu sair junto, e Pedro agora precisa renovar as energias, depois de passar horas fingindo que João não existia, quando o mesmo estava ali em sua frente.
Estar no mesmo grupo de amigos de uma pessoa que, já foi muito próxima à você, mas hoje são apenas estranhos que sabem demais um do outro, é com certeza uma das piores sensações.
No final, Pedro não sente raiva, mas se impede de perdoar pelo orgulho, e isso só trás muito mais dor.
Impedir o coração de perdoar alguém que você ama, é muito mais difícil do que simplesmente perdoá-la.
Tófani vai para seu quarto, joga a mochila na cama e olha os cantos do cômodo.
Aquele não era mais seu lugar de descanso, era seu lugar de lembranças. Deitar em sua cama agora, se tornou mergulhar nas lembranças mais nítidas que sua mente poderia guardar.
Ele pega sua toalha no gancho e a coloca em cima de sua mesa. Quando está prestes a tirar a blusa, escuta a porta da frente de sua casa batendo.
Pedro para, fica estático, prende até mesmo a respiração, ele quer ouvir quem quer que seja.
Seu coração dispara ao ouvir a voz de seu pai, no andar de baixo.
— Onde está o Pedro? Quero ter uma conversinha com ele, agora! — a voz de seu pai ecoa pela casa.
— Você não tem o direito de pisar na minha casa, Augusto, e também não tem direito de exigir ver o meu filho, se ele não quiser te ver. Agora, faça o favor, saia da minha casa! — Ana rebate.Pedro respira fundo, se preparando para descer, não iria deixar sua mãe sozinha nessa situação.
— E quem é esse garoto, Ana?! Qualquer pessoa entra na sua casa, agora?! — Augusto fala alto, estressado.
Tófani abre a porta de seu quarto no impulso, descendo as escadas praticamente correndo, com o coração praticamente nas mãos.
Quando chega no pé da escada, vê sua mãe parada na entrada da cozinha, posta na defensiva; seu pai há uns três metros da porta da frente, e João parado na entrada da casa, imóvel.
Ele olha para Pedro em um completo desespero.
— Não é qualquer pessoa, pai — Pedro se coloca na frente de Augusto e puxa João para dentro, o afastando do próprio pai — Você sim tem que sair daqui.
— Era com você mesmo que eu queria falar, moleque — Augusto esfrega os olhos — Andam dizendo por aí que você está namorando com um menino da sua escola, que você é viado. Vim aqui pra comprovar que meu filho é homem, porque isso não é possível.
— E se for? — Pedro joga no ar — Isso não me faz menos homem, ao contrário do que o senhor pensa.
— Olha como fala comigo, garoto. Você me deve respeito.
— Olha como você fala com meu filho, seu cretino! — Ana se intromete — Não era nem pra você estar aqui.— Ele é meu filho também, Ana! — Augusto respira fundo, como se isso fosse lhe trazer a paciência de volta — E quem é esse garoto? Nem deveria estar aqui.
— Sou namorado do seu filho, Augusto — João finalmente fala, com a voz firme.Pedro fica em choque, por alguns segundos, tentando raciocinar o que acabara de ouvir, mas lembra que outras coisas merecem seu foco, no momento.
— Só pode tá brincando, não é? — Augusto olha para seu filho, procurando respostas.
— Não, pai, ele não está — Pedro responde, decidindo apenas seguir com isso.
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Suas Linhas | Pejão
RomanceOnde João faz um amigo muito próximo, e logo percebe que talvez queira percorrer cada traço de suas linhas.