Preocupado comigo, bebê?

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  Pouco mais de 20h e João Vitor ainda consegue escutar vozes vindo de sua casa.

— Eu falei que não precisava me trazer, não é? — ele diz quando para na porta.
— Bom, eu te ignorei quanto a isso — Pedro dá de ombros.

— Tá bem... — Romania ri enquanto olha pela janela de sua casa e vê sua irmã sentada no sofá — bom, obrigada mesmo assim. E avise quando chegar em casa.

— Preocupado comigo, bebê? — o mais novo brinca.
— Ah, sabe, seria horrível você sumir e colocarem a culpa em mim por ser a última pessoa que estava com você — João dá de ombros mas não segura a risada, fazendo o outro rir também — É sério, avise. Até amanhã.
— Até, meu bem — ele observa Pedro andar fazendo todo o percurso de volta.

João entra em casa e dá de cara com sua irmã em pé, ao lado da porta.

— Que susto, Bela! Para de aparecer assim do nada, quer me matar?
— Magia das irmãs — ela diz.
— Não sabia que o conceito 'homicídio' estava incluso.

Isabela ri e depois fica segundos em silêncio, olhando pro irmão como se pudesse obter qualquer tipo de resposta através do olhar.
— O que foi? — Vitor pergunta, confuso.
— Era seu namorado? — Bela pergunta sem nem ao menos pestanejar.

João fica imóvel por alguns segundos, surpreso com a pergunta de sua irmã. Esperava por tudo, menos por isso.

— Não, ué — ele dá ombros.
— Hum...

— Eu tô falando sério, tá? Nós somos amigos. Apenas.
— Eu não falei nada, Jão, você que tá se justificando.
— Porque eu conheço a irmã que eu tenho.

— Que seja, eu já vou dormir — Bela diz e começa a andar para seu quarto, mas logo para e se vira para o irmão — Até, meu bem.
— Vai dormir, vai, Isabela — João pega uma almofada do sofá e joga nela.

— O pai de vocês está dormindo, falem baixo, por favor — Cat diz, sentada no sofá da sala.
— Oi, mãe — João vai até ela e dá um beijo em sua testa.

— Chegou mais tarde hoje. Algum encontro ou algo do tipo? — sua mãe sorri.
— Não, mãe — João solta um riso frouxo — Passamos a tarde na escola, estudando e organizando um trabalho. Depois passei um tempinho na casa do meu amigo.

— O Renan? — ela pergunta.
— Não... o nome dele é Pedro. Conheci ele há pouco mais de um mês — ele explica.
— Quero conhecê-lo também, sabe que amo seus amigos.
— Qualquer dia, mãe — João sorri.

— Você não quer jantar? — Cat pergunta quando vê seu filho indo para o quarto.
— Eu jantei na casa do Pedro — explica — Boa noite, mãe.

                                           ☆ ☆ ☆

Malu está olhando para o professor e realmente se esforçando para entender alguma coisa, Renan está tentando tirar ela do sério enquanto isso e correndo o risco de ser assassinado.

João tenta manter seu status de bom aluno, mas química é justamente uma das poucas matérias que ele realmente não tem muito domínio.

O laboratório se torna desconfortável. Não há mesas, apenas cadeiras uma ao lado da outra, perto das bancadas.

Romania sentiu Pedro encostar em seu ombro há quinze minutos e percebeu que ele está estranhamente calado. Quando finalmente virou o rosto para olhar, viu que o garoto estava dormindo em seu ombro.

A partir daí, evitou se mexer muito.

— João, pelo amor de deus, me diz que você tá entendendo alguma coisa — Malu cutuca o garoto.
— Eu não gosto de mentira — ele diz rindo, mas no fundo, está entrando e desespero.

— Isso me é surpreendente — Renan responde.
— Eu não sei se é difícil pra vocês acreditarem, mas eu não tenho um Google enfiado n-
— Epa! — Malu interrompe antes que ele possa terminar a frase — Você raramente fala palavrão, não azeda agora.

Renan olha para trás, para o chão, para os lados. Malu e João tentam entender o que ele está procurando.
— Puts, esqueci minha mochila na sala — ele diz quando não a encontra — Vai lá comigo, João?

— Isso é sério? — Vitor questiniona incrédulo e Renan faz cara de pidão — Ah, tá bom, tá bom!

Ele se vira para o lado com a expressão de quem não queria estar fazendo isso.
— Pedro... — ele chama o garoto que estava deitado em seu ombro. Tófani nem se mexe — Pedro, acorda — passa a mão em seu cabelo para ver se ele reage ao toque.
— Hum...? — o mais novo desperta, um pouco perdido.

— Preciso que desencoste por um momentinho — João diz e Pedro o olha como se dissesse "me acordou pra isso?", Vitor apenas ri — Desculpa, tenho que ir na sala com o Renan, mas não demoro. Certeza que você não iria preferir acordar no susto comigo levantando.

Pedro sorri de canto com os olhos um pouco fechados e levanta sua cabeça, observando João sair do laboratório acompanhando Renan como se quisesse matá-lo.

— Quando você parar de babar nele, me avisa — Malu diz, tirando Pedro de um pequeno transe.
— Oi? — Tófani imediatamente dispertou por completo.

Malu começou a rir por ver o susto que o garoto tomou.

— Qual é, Pedro? Todo mundo está vendo que você está afim do João Vitor — ela fala naturalmente, como se realmente fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Pedro fica em silêncio, olhando pro chão, enquanto as engrenagens da sua mente parecem girar.

— Não vai falar nada? — Malu pergunta.
— Falar o quê? — Pedro finalmente olha para ela.
— Confirmar, negar, sei lá — Malu dá de ombros.
— Eu não sei — ele respira fundo — Não sei, não faço ideia.

A verdade é que Pedro já tinha parado pra pensar que, sim, ele se sentia mais a vontade com João, gostava da companhia dele e, se pudesse, optaria sempre por ela. Mas nunca chegou a realmente se questionar mais de uma vez se isso fazia parte de algo a mais dentro de si.

— Já me passou pela cabeça uma vez esse questionamento — Pedro explica — Mas eu penso... sei lá, a gente não se conhece há muuuito tempo. Então nunca mais parei pra pensar nisso, acho que é melhor assim.

— Pedro... — Malu fica séria — entenda uma coisa: quando algum sentimento tem de surgir, você pode conhecer a pessoa hoje e se apaixonar por ela na semana seguinte.
— E você já está colocando a carroça na frente dos bois — Pedro não evita de arregalar os olhos.

— É só uma explicação, você me entendeu — ela ri — Mas você poderia tentar entender isso. Tipo, pra mim a resposta é óbvia, mas você precisa se entender.

Pedro fica curioso.

— Por que seria óbvia? — ele pergunta.
— Você já se viu quando vocês dois estão juntos? — Malu pergunta e Pedro dá de ombros — Ugh, homens. E nem estou falando só de você.

Pedro apenas fica em silêncio e tenta prestar atenção em qualquer coisa que o professor estivesse explicando.

Ele percebe que não quer pensar nisso.

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A vibe dessa fanfic tem intenção de algo fofo, mas futuras, quem sabe...

Até o próximo capítulo :)

Suas Linhas - PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora