Meu coração você já tem

64 14 48
                                    


João acorda mais cedo. Olha o relógio do celular, ainda são seis e meia da manhã. Ele observa Pedro num sono pesado, e se pega pensando que poderia ver isso todos os dias.

Ele levanta lentamente da cama, pega uma calça no chão do quarto, que está um pouco escuro, então mal pode ver os arredores.

Romania abre a porta do quarto devagar e sai, fechando a porta atrás de si. Ele vai até a geladeira na cozinha e pega um copo no armário.

Quando se vira para guardar a garrafa e leva o copo d'água até a boca, vê Ana entrando na cozinha, o que o faz dar um pequeno pulo de susto.

— Desculpa, eu te assustei, não foi? — ela diz rindo.
— Um pouco — João responde, um pouco nervoso — Bom dia, tia Ana. Dormiu bem? E... vai sair?

— Não muito, mas tô relevando — Ana dá de ombros — E vou sim, preciso correr um pouco, e depois ir no mercado. Avisa ao Pedro, quando ele acordar? — ela pede e João apenas assente.

O silêncio se faz enquanto João termina de beber sua água. Quando ele coloca o copo na pia, Ana se vira para ele, com uma cara que trás um pequeno medo em Romania.

— Você e Pedro passaram um tempo afastados. Mas... está tudo bem entre vocês, agora? — ela arrisca.
— Estamos caminhando, eu acho... — João responde, sem saber porquê pontuar uma incerteza.
— Ah. Não foi isso que eu ouvi ontem à noite — Ana diz, fazendo-o olhar para ela com uma confusão no olhar. Ela ri — Eu sei que é constrangedor, mas eu tenho o sono leve.

João sente não só o rosto, mas o corpo inteiro esquentar, e tem certeza que está ficando vermelho.

— Desculpa, querido — ela ri — Eu sei, desconfortável. Só... tentem fazer menos barulho, da próxima — Ana claramente fica envergonhada, pois sabe que se refere ao seu próprio filho — Ai, deus. Consegui. Tô tentando falar isso desde a primeira vez.
— Me tranquiliza muito saber que não foi a primeira vez que a senhora ouviu — João diz com ironia, ainda nervoso.

  — Vou deixar você digerir isso — Ana diz entre risos, enquanto pega suas chaves e suas coisas — Avisa ao Pedro que eu saí, okay?

João assente, ele pega o copo da pia e enche com água da torneira mesmo, tomando quase tudo de uma só vez.
  — Ah, e João — Ana diz, com a mão no trinco da porta.
  — Sim? — ele responde, tentando esconder o nervosismo, o que não é muito possível.
  — Estou feliz por vocês dois.

João solta um suspiro aliviado, sorrindo para Ana, observando depois ela sair de casa.

Ele volta para o quarto em passos lentos, ainda calculados para não acordar Pedro. Volta para a cama delicadamente, quase imóvel, e se deita ao lado do garoto.

Passa as mãos lentamente nos cabelos dele, apreciando a imagem à sua frente.

  — Acho que eu te amo... — João sussurra, rindo baixo de suas próprias palavras — céus. Eu te amo demais.

Romania para de mexer no cabelo de Pedro, com receio de que ele acordasse. Fechou os olhos para tentar dormir de novo, embora tivesse quase certeza de que não conseguiria.

Mas pode sentir e aproveitar o momento, algo que não sabia que precisava tanto, até tê-lo.

Para a surpresa do próprio subconsciente de João, ele consegue pegar no sono novamente, levantando apenas às 8h, quando Pedro acaba fazendo barulho ao sair do quarto.

Ele espera sua alma voltar para o corpo, calculando a prova quase impossível dele ter dormido de novo, até que finalmente decide levantar de vez.

Sai do quarto e vai até a cozinha novamente, observando Pedro encostado no balcão, aparentando pensar o que está fazendo da vida. Um humor confuso de quem acabou de acordar.

Suas Linhas | PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora