Tá cheiroso, vida

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— Eu realmente achei que vocês não viriam mais me ver — Cat sai da cozinha após ouvir vozes familiares vindo do corredor.

— Oi, tia Cat! — Malu e Renan falam em uníssono e vão abraçá-la.
— Quando eu digo que as vezes vocês gostam mais da minha mãe do que de mim, né — João brinca.

— Você a gente vê todo dia, Vitor — Renan diz e João faz uma cara feia pelo vocativo.
— A gente vem aqui pra ver sua mãe, não você — Malu completa, dando um sorriso.

João ri da cena e olha para Pedro que está ao seu lado, claramente sem saber muito o que fazer.

O grupo marcou um sábado para fazerem vários nadas. Tarde de filmes, conversar lorota, comer besteiras. Uma recarga de bateria que todo mundo precisa.

Dessa vez, João ofereceu sua casa, já que seus pais amam seus amigos.

E também porque sua mãe queria conhecer Pedro.

— Já deixei a sala praticamente toda arrumada, vocês vieram aqui milhares de vezes e conhecem tudo, vão colocando o que vocês trouxeram no lugar, por favor — João fala para Malu e Renan.
— Chato... — Malu resmunga, indo para sala. O amigo atrás dela o acompanha.

Assim restante apenas João, Catarina e Pedro no corredor.
— Mãe, esse é o Pedro — João diz enquanto dá um empurrãozinho no amigo — Anjo, essa é minha mãe, Catarina.

— Por favor, me chame de tia Cat, não quero me sentir formal nesse meio — ela fala rindo e abraça o garoto — Muito prazer, meu querido. Fique à vontade.

Catarina para por alguns segundos e olha para o filho e para o amigo.
— Você é um rapaz muito bonito, Pedro — ela diz com um sorriso.
— Muito obrigado — Pedro responde, ainda um pouco nervoso, por dentro — E é um prazer te conhecer também, tia Cat — pode ter soado clichê demais, mas Pedro realmente não sabe muito o que fazer.

— Bom, meninos, eu tenho que sair — ela olha para João — Seu pai está me esperando. Sua irmã está no quarto, talvez ela apareça, talvez não — Cat ri — Enfim, até depois, amores — ela sai pela porta da frente.

Pedro soltar o ar que sequer sabia estar segurando.

— Isso foi vingança ou algo do tipo? — ele fuzila João com os olhos.
— Agradeça que não te deixei sozinho com ela, meu bem — João responde rindo.

Pedro pensa em mil e uma coisas para dizer, mas só respira fundo e resolve deixar quieto.

João encosta a cabeça em seu ombro e respira.
— Tá cheiroso, vida — Romania diz perto de seu ouvido.
— O que você quer, Vitor? — Pedro responde, ainda ressentido.
— Que você não me mate??? — João diz como se fosse óbvio. Deixa um beijo no ombro do amigo e se afasta, com um sincero medo de apanhar.

— Quando o casalzinho aí parar de brigar, venham pra gente escolher o filme — Renan grita da sala.

Ambos pensam em falar algo, mas desistem. "Extrapole como quiser" é o que eles costumam falar.

— Pega o refrigerante na geladeira na cozinha, anjo? — João pede a Pedro — Por favor...?
— Entrei na sua casa literalmente hoje — Pedro ri.
— Ah, você não se perde, isso eu garanto. Pelo menos não dos meus olhos.
— Bom... — Pedro solta uma risada frouxa — eu dificilmente me perderia deles — retruca e vai em direção a cozinha.

João vai até a sala e dá de cara com Renan e Malu encarando ele.
— O que foi? — ele pergunta, mesmo já tendo uma ideia do que seja.

— A gente te chama pelo segundo nome, você só falta matar. Mas o Pedro te chama e você não faz nem cara feia — Renan fala com um sorriso de canto.

Bom, não era exatamente isso que ele esperava.

— Só falta ele te bater, você sorrir e ainda pedir desculpa — Malu diz enquanto pega o controle da TV.

— Oi?
— Quê?
— Ãn?
— Uhm?

— Palhaça — ele joga uma almofada na amiga, logo depois senta no sofá.

— Vamos assistir toda a sequência de Invocação do Mal? — Malu pergunta — Bom... parte dela, né. Não dá tempo pra todos os filmes.

Pedro volta com refrigerante e copos.
— Da próxima... — ele olha para João — você me mostra onde ficam as coisas e lembra que essa é a primeira vez que eu estou na sua casa.
— Desculpa... — Romania ri.

— Bom, quanto a escolha de filmes, vamos nessa mesmo? Não tô afim de passar vinte minutos discutindo sobre isso, hoje — Renan chama a atenção dos amigos.

— Por mim, tudo bem — João responde.
— Idem — Pedro diz, enquanto coloca as coisas no lugar e senta no sofá, ao lado de João.

— Amém, Jesus! — Malu levanta as mãos rindo, e logo coloca o primeiro filme.

                                           ☆ ☆ ☆

Os amigos ainda conseguem assistir três dos nove filmes, quando reparam na hora.

— Puta que pariu — Malu diz ao olhar o relógio — Já são quase 20h.
— Eu tenho que chegar em casa vivo, né — Renan levanta.

Ambos moram longe, então não poderiam sair dali muito tarde.

— Essa gota dormiu? — Renan olha para Pedro, fazendo João olhar também. O garoto realmente havia dormido.
— Ah... — Vitor diz — bom, há vinte minutos ele estava acordado, se serve de consolo.

João faz uma nota mental. O cansaço de Pedro não está normal, ultimamente.

— Não vai acordar ele? — Renan pergunta.
— Deixa o menino. Tá a coisa mais linda, dormindo. — Malu brinca.

— Ele mora bem perto, então não precisam se preocupar. Eu levo ele em casa, se precisar — João levanta para acompanhar os amigos até a porta.
— É claro que leva... — Malu resmunga.

João Vitor acompanha os amigos até a porta e se despede de ambos com um abraço.
— Quando chegarem em casa, avisem pra eu saber que estão vivos — ele diz — E cuidado. Tchau.

Ele fecha a porta após os amigos saírem.

Volta a visão para a sala e observa Pedro dormindo no sofá, decidiu que não vai acordá-lo agora.

João começa a arrumar a sala, limpar a bagunça, lavar o que sujaram.

Tentando fazer o mínimo possível de barulho, focado em não acordar Pedro.

Passa um bom tempo fazendo isso.

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Acho que vocês vão gostar do que vem depois.

Até o próximo capítulo :)

Suas Linhas - PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora