Capítulo 37

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Já havia uma semana que estavamos em Paris. Tínhamos viajado em um jato particular, pois com minha gestação não seria possível viajar em um voo convencional, nossa Valentina poderia nascer a qualquer momento. Lauren já havia se apresentado no time e hoje seria seu primeiro jogo usando a camisa do time novo. Ela estava muito nervosa, e eu tentei o dia inteiro fazer ela se acalmar, mas precisava me acalmar primeiro.

- Go Paris, Go Paris - Lorenzo gritava vestido com a camisa da Lauren.

As jogadoras entravam conforme o locutor anunciava seus nomes.

- E a mais esperada da temporada, vindo direto de Miami e 3 vezes a melhor do mundo, com vocês... Lauren Jauregui!

A torcida foi ao delírio e todos gritavam o nome da Lauren. Lorenzo ficou em pé na arquibancada, olhando para todo o ginásio e aquele orgulho tomou conta de mim.

Lauren entrou correndo na quadra acenando para a arquibancada, e algumas pessoas da área vip olharam para mim sorrindo e aplaudindo.

E o jogo começou, Lauren estava fazendo um gol atrás do outro. E o óbvio aconteceu, o Paris ganhou de 32x21.

Após o término do jogo fomos para perto da quadra, e ela chamou Lorenzo para entrar. Ele foi e todos tiravam fotos deles. Lauren veio até mim para irmos embora, e me deu um selinho. Fomos para nossa casa, e Lorenzo estava meio sonolento no carro.

- Nossa amor, você viu o tanto de gente - Eu disse e ela sorriu e segurou minha mão.

- Fiquei tão nervosa.

Sorri para ela e logo paramos em nossa garagem.

Ela pegou o Lorenzo e eu fui caminhando devagar para dentro de casa. Nossa casa ainda estava uma bagunça, mas aos poucos tudo iria estar no seu lugar. Assim que você entrava na sala tinha o rack com a televisão na parede, dois sofás, uma poltrona, e um tapete felpudo no chão. Continuando reto era a cozinha, e na esquerda os quartos. Uma suíte que ficou para mim e Lauren, o do meio que ficou para Valentina, e o último o do Lorenzo. Era muito menor do que nossa antiga casa, mas estavamos nos encaixando.

Lauren estava tomando banho com o Lorenzo, e senti um sangramento enquanto puxava uma caixa de vidros.
Me sentei no sofá e gritei pelo nome da Lauren. Ela saiu de toalha, e Lorenzo pelado na casa todo molhado. Os dois estavam assustados.

- Amor vamos pro hospital. - Disse enquanto estava sentada no sofá.
Lauren foi até o quarto de trocar e Lorenzo fez o mesmo. Não passou muito e os dois vieram prontos para a sala, e Lauren me levou até o carro. Lorenzo pegou minha bolsa e veio carregando atrás de nós, colocando no banco de trás.

Comecei a sentir muita dor e um líquido desceu sujando minha calça.

- Amor minha bolsa estourou. - Falei já suando frio, sentindo muita dor.

Não demorou muito, e logo chegamos no hospital. O médico estava passando e quando que me viu entrar já veio ao meu encontro.

- Doutor, ela está tendo sangramento, e a bolsa já estourou. - Lorenzo seguia ela para todo lugar.

Me colocaram em uma maca e quando percebi já tinha uns 2 aparelhos ligados em mim.

Dessa vez eu não iria ter Lauren do meu lado, porque não teria nenhum familiar nosso para cuidar do Lorenzo. Aqueles pensamentos me deu uma vontade enorme de chorar.

- Por que está chorando meu anjo, está tudo bem. - Uma enfermeira disse.

- Vê quantos dedos de dilatação ela está? - O médico disse ao entrar na sala.

- 4 dedos Doutor - A mesma enfermeira respondeu.

Ele disse que iria começar o parto, e a mesma dor que eu senti do Lorenzo eu sentia dessa vez.

Pov Lauren

Lorenzo dormia em meu colo, e o cansaço do jogo bateu. Liguei para meus pais, e os pais de Camila, pedi para avisarem a todos.
Estava muito preocupada, eu sei o quanto sofri por ter um pênis. Ouvir chingamentos e humilhação por causa disso foi terrível, imagina você ter que descer três pontos antes do ônibus da escola, porque não aguenta ouvir piadinhas, risadinhas. Ter que almoçar isolada, porque sempre terá alguma surpresa voando em você, seja um pedaço de pão, ou até mesmo uma bandeja. No seu primeiro jogo achar que estão comemorando seus gols, mas estão puxando um coro te chamando de aberração. Eu não coloquei filho no mundo para sofrer tudo o que eu sofri.

- Sra Jauregui? - Uma enfermeira apareceu, me tirando dos meus pensamentos.

Levantei com o Lorenzo.

- Sua esposa e sua filha passam bem, em breve você poderá vê-las.

- Meu filho está comigo.

- Infelizmente crianças não podem entrar. Mas vocês podem ver do vidro.

Eu assenti e um nó subiu em minha garganta. Senti falta do apoio dos meus pais. Ally iria estar conosco em Paris, mas por conta da gravidez dela, não foi possível ela vir agora. Somos só nós. Fui até o vidro e a enfermeira entrou com um pacotinho e colocou no bercinho. Ela era branquinha, cabeluda e tinha os olhos arregalados.
Coloquei a mão no vidro e lágrimas estavam escorrendo em meu rosto. Lorenzo acordou e eu mostrei a pequena Valentina para ele.
Ele custou para acordar, mas dispertou e começou a acenar para o bebê.

- Mommy, é minha irmãzinha - Ele apontava e falava alto.

Abracei ele, e fomos para recepção novamente.

- Sra Jauregui, coloque essa máscara, e essa roupa no seu filho. Ele não poderá chegar perto da neném e nem pegar tudo bem? - O enfermeiro disse.

Eu assenti e troquei o Lorenzo.

Entramos e o Lorenzo tentava tirar a máscara.

- Lorenzo se você ficar puxando nós vamos embora.

Ele iria responder mas um choro de neném nos cortou.

- Calma minha princesa - Camila disse pegando ela no colo, e dando mama.

Lorenzo pediu colo e nós ficamos perto da cama.

Dei um beijo em Camila e ela beijou a cabeça do Lorenzo.

- Ai que bonitinha mamãe. - Lorenzo disse apontando para a neném.

- É sua irmãzinha Lo. - Disse enquanto ele tentava pegar ela. - Não pode filho, só em casa.

A enfermeira olhava tudo e Camila acariciava os cabelos da Valentina.

- Os olhos dela são verdes Lolo. - Camila disse baixinho.

Senti meus olhos se encherem de água.

- Ela é a coisa mais linda desse mundo Camz - Limpei uma lágrima que desceu - Estou sentindo sua falta amor.

- Eu também Lo, vai para casa descansar com o Lorenzo amor. - Camz disse levantando a Valentina em seu colo para arrotar.

Dei um beijo nela.

- Eu vou ir amor. - Lorenzo deu um beijo em Camila.

- Tchau mamãe, tchau neném.

Saímos do hospital e fomos direto para casa. Passei em um fastfood antes para pegar o nosso almoço, já que eram 11h da manhã.

- Lorenzo vai tomar um banho e deitar, vamos dormir um pouco. - Disse enquanto tirava as coisas do meu bolso.

- Deixa eu tomar banho e dormir com você? - Ele perguntou já abaixando a calça.

Eu assenti e fomos para o banheiro do meu quarto. Entramos no banho, e percebi o quanto o Lorenzo estava com sono, até porque ele agarrou minha perna e dormiu.
Terminei meu banho e troquei ele dormindo mesmo, coloquei uma cueca e fui dormir.

As coisas estavam muito difíceis, mas iríamos conseguir.

APITO FINAL (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora