CALEB

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Eu estava com os nervos à flor da pele. Meu coração batia tão rápido que parecia querer saltar do peito, enquanto minha cabeça fervilhava em um turbilhão de pensamentos caóticos. Cada passo que eu dava pelo corredor estreito da sala parecia intensificar a pressão que me sufocava.

Assim que entrei no apartamento, joguei o paletó no sofá, o tecido caindo desajeitado sobre os braços acolchoados. Me virei abruptamente para encarar Nina, que entrou logo atrás de mim. O som de seus saltos ecoava no piso de madeira, cada batida um lembrete do confronto que eu sabia ser inevitável. Ela cruzou os braços e me encarou com aqueles olhos que pareciam atravessar a armadura que eu tentava desesperadamente manter intacta.

— O que está acontecendo, Caleb?

A voz dela era firme, mas carregava algo mais – preocupação, talvez? Eu não sabia dizer. Era difícil pensar com clareza quando tudo dentro de mim gritava para fugir.

Sem responder, virei as costas e caminhei pelo corredor. Cada passo parecia mais pesado que o anterior. Ao chegar ao quarto, fechei a porta com um movimento rápido e me encostei nela, tentando recuperar o controle sobre minha respiração. O aperto no meu peito não dava trégua, como se estivesse me prendendo em um abraço sufocante.

— Abre essa porta! — Nina bateu com força, a madeira vibrando com o impacto.

Eu ignorei suas batidas e me joguei na cama. Fechei os olhos, mas as imagens dos últimos dias continuaram a me atormentar. Um inferno, era isso que minha vida tinha se tornado. Ela se afastou de mim, encontrou um novo trabalho, e a única coisa que eu conseguia sentir era a sua ausência – esmagadora e insuportável.

Além disso, havia o contrato. O maldito contrato com o time, que me prendia até o final da temporada. Eu sabia que não poderia desfazê-lo, mas as ameaças do Walton... Essas me mantinham acordado à noite. Homens gananciosos como ele não tinham limites. Eles não se importavam com quem precisariam destruir para alcançar o que queriam.

A porta do quarto se abriu de repente, e Nina entrou com a expressão furiosa.

— Como você destrancou a porta? — perguntei, erguendo uma sobrancelha.

Ela ignorou meu tom e parou ao lado da cama, os braços ainda cruzados, sua postura desafiadora.

— Não importa. Quero saber o que aquele homem fez para te deixar assim.

— Por que você acha que ele fez algo? — minha voz saiu mais baixa do que eu esperava, quase um sussurro.

— O que ele te ameaçou?

Suspirei profundamente, sentindo o peso das palavras dela como um golpe. Virei-me na cama, de costas para ela, buscando um alívio que não vinha.

— Me deixe em paz, por favor.

Mas Nina não recuou. Senti o colchão afundar levemente sob seu peso enquanto ela se aproximava. Minutos depois, seu calor estava ali, tão perto de mim, e seus braços envolveram minha cintura em um abraço delicado, mas firme.

— Você perdeu um jogo, e ele te ameaçou. É por isso que você voltou de viagem assim, estranho — ela afirmou, a voz mais suave agora.

Eu fechei os olhos e segurei sua mão, pequena e quente contra meu peito.

— Tirando minha família, eu nunca tive ninguém para me importar, mas aí você apareceu... E agora, eu não sei como reagir. Se as ameaças fossem para mim, não faria diferença. Mas foram para você.

— Ele vai fazer o quê? Me matar? — ela perguntou, com um tom que misturava incredulidade e provocação.

Meu corpo inteiro se encolheu com a possibilidade, mas ela me apertou mais forte, seus braços firmes me puxando para mais perto.

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