CALEB

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Eu estava sentado na sala de reuniões, ouvindo o maior sermão da minha vida depois de termos perdido o segundo jogo

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Eu estava sentado na sala de reuniões, ouvindo o maior sermão da minha vida depois de termos perdido o segundo jogo. Foi uma derrota humilhante. Eu não conseguia acertar um passe sequer, e o outro time simplesmente nos atropelou.

— Todos fora, menos você, Caleb — a voz do técnico ecoou na sala.

Vitor me olhou com pena antes de sair junto com os outros caras, deixando-me sozinho. Eu permaneci sentado, segurando a toalha, enquanto o técnico observava em silêncio a chegada de alguns homens.

A diretoria raramente aparecia, mas hoje o senhor Walton estava ali, e isso nunca era um bom sinal. Ele era o dono do time, um homem que exalava poder. Vestia um terno impecável, sapatos brilhantes e tinha a presença intimidadora de um mafioso.

— Matthew, o que você tem a dizer sobre seu desempenho hoje? — perguntou com uma voz suave, mas que trazia uma ameaça velada.

— Não foi nada bom, senhor — respondi, tentando manter a calma.

— Sabe onde isso pode nos levar, não é?

— Não vai acontecer novamente.

Ele estreitou os olhos e inclinou levemente a cabeça, avaliando-me.

— Tenho ouvido muitas fofocas a seu respeito nos últimos meses, algo que não me agrada.

Permaneci em silêncio, tentando entender aonde ele queria chegar.

— Essa garota... ela está acabando com sua carreira. Você está distraído, parece ter outras prioridades.

— Minha noiva não tem nada a ver com isso. Eu apenas não tive um bom desempenho, mas isso não vai se repetir.

Ele sorriu levemente, mas era um sorriso frio, sem humor.

— Como sou um homem generoso, vou te dar mais uma chance. Mas, caso isso volte a acontecer, tomaremos providências.

Com isso, todos saíram, deixando-me sozinho na sala. Apesar das palavras dele não serem explícitas, o peso da ameaça era claro.

Soltei o ar que estava preso nos pulmões e fui me trocar rápido. Queria sair dali o mais rápido possível.

— O que eles queriam? — Vitor perguntou enquanto eu enfiava minhas coisas na bolsa de qualquer jeito.

— Só encher o saco. Nada demais.

Ele segurou minha mão por um momento, me obrigando a parar.

— Caleb, você está tremendo.

— Estou bem — menti, soltando minha mão e saindo dali.

Fui direto para o hotel. Deitei na cama e fiquei encarando o teto, mergulhado nos meus pensamentos. Nos últimos dias, Nina tinha tomado conta da minha mente. Eu queria passar cada segundo falando com ela, ouvindo sua voz, vendo seu sorriso. Isso me desconectou do que realmente importava: meu treino, meu desempenho, meu time.

Eu me sentia culpado. Tinha falhado com o time, e aquilo não era aceitável. Precisava colocar a cabeça no lugar. Nosso relacionamento era um contrato, algo temporário que acabaria em alguns meses. Minha carreira, no entanto, era tudo o que eu tinha. Eu havia trabalhado muito para chegar onde estava e não podia deixar meu coração — ou meu desejo — controlar minha vida.

Nos dias que se seguiram, evitei ligar para Nina a cada segundo, como vinha fazendo. Ela percebeu a mudança e me perguntou várias vezes se estava tudo bem. Eu sempre dava a mesma resposta: "Sim, está tudo ótimo." Mas não estava.

Foquei todos os meus esforços no futebol. Passava horas estudando jogadas, até meu corpo ceder ao cansaço. Mal dormia. Felizmente, ganhamos o último jogo, e finalmente pude voltar para casa.

Assim que entrei pela porta, senti os braços pequenos dela ao redor do meu pescoço.

— Você chegou! — ela disse animada, a voz carregada de alívio.

Afundei a cabeça em seu pescoço, inalando o perfume que só ela tinha. Meu corpo relaxou quase que instantaneamente. A tensão dos últimos dias parecia se dissolver.

— O que está acontecendo, Caleb?

— Não quero falar sobre isso.

Enrolei seu cabelo no dedo e fiquei ali, abraçando-a na porta por um tempo que não consegui medir.

— Você está com fome? — ela perguntou, finalmente quebrando o silêncio.

— Sim, faminto.

Jantamos em silêncio, mas eu podia sentir o olhar dela em mim o tempo todo. Depois de comer, tomei banho e me joguei na cama, esperando que ela viesse. Mas ela não apareceu.

— Nina?

Não houve resposta. Levantei e fui procurá-la. Ela estava no outro quarto, dormindo abraçada a um travesseiro. Sem pensar duas vezes, me enfiei debaixo das cobertas e a puxei para perto. Só assim consegui finalmente dormir.

Acordei com os dedos dela passando pelo meu cabelo. Quando abri os olhos, percebi que, durante a noite, minha cabeça tinha ido parar em seu peito.

— Bom dia — ela disse com um sorriso suave.

— Bom dia.

Fechei os olhos de novo, aproveitando o carinho dela na minha cabeça.

— Vai me contar o que aconteceu lá? — ela perguntou, a voz cheia de cuidado.

— Não aconteceu nada.

— Vocês perderam um jogo, e desde então você tem se distanciado.

— Nina — interrompi, levantando-me da cama abruptamente. — Isso não é da sua conta, ok? Para de me perguntar.

As palavras saíram mais duras do que eu pretendia. Vi a decepção tomar conta de seu rosto, e me odiei instantaneamente.

— Claro. Sem problemas... Me desculpe.

Ela deu um sorriso falso e levantou-se.

— Vou tomar banho.

Fiquei sozinho no quarto, ouvindo o som do chuveiro ligando. Decidi ir atrás dela, mas fui interrompido pelo som insistente da campainha.

— Oi, mãe — falei ao abrir a porta, já sabendo quem era. — Ao menos você tocou a campainha dessa vez.

— Você ficou três semanas fora, temi encontrar algo... inesperado.

Bufei e caminhei para a cozinha, já sentindo a bagunça que ela faria.

Em pouco tempo, meu pai, minha irmã, seu marido e minha sobrinha também chegaram. Logo, a casa estava cheia.

— Onde está a Nina? — minha mãe perguntou.

— Estou aqui — ela respondeu, entrando na cozinha com o cabelo ainda úmido.

Ela cumprimentou todos com um sorriso, mas em nenhum momento me olhou.

— O que você já fez? — meu pai perguntou, baixo.

— Como assim?

— Você irritou sua mulher.

— É tão perceptível assim?

— Com certeza.

O almoço seguiu tenso. Quando todos foram embora, subi as escadas decidido a conversar com ela. Mas, ao chegar na porta do quarto, encontrei-a trancada.

— Nina, abre a porta.

Nenhuma resposta.

— Nina, por favor, precisamos conversar.

— Não temos nada para conversar, Caleb — ela respondeu, a voz abafada, mas firme.

Encostei a testa na porta, sentindo um aperto no peito. Eu não sabia como consertar aquilo.

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