Arthur MendesAcordei antes do sol nascer, algo raro para mim, especialmente depois de noites intensas como a de ontem. Mas minha mente estava inquieta demais para me permitir descansar. A conversa com Lucas, seus olhos magoados e o peso do momento ainda ecoavam na minha cabeça.
Saí do quarto em silêncio, não querendo incomodar ninguém, e fui até a varanda. O ar fresco da madrugada me envolveu, ajudando a clarear os pensamentos. Sentei no banco de madeira, observando as primeiras luzes do dia aparecerem no horizonte.
Peguei o celular e liguei para Léo. Ele sempre foi o cara que ouvia tudo, sem julgamentos, e sabia me dar as respostas que eu precisava ouvir, mesmo que fossem difíceis.
— Fala, cara, tudo bem? — Ele atendeu, a voz ainda grogue.
— Ei, te acordei? — Perguntei, tentando não parecer tão tenso.
— Não, eu tava de bobeira. O que rolou? Tá tudo bem?
Suspirei, passando a mão pelos cabelos.
— Não sei. Acho que sim. Ou não. Sei lá.
— Arthur... — Ele arrastou o tom. — Vai direto ao ponto.
— Eu falei pro Lucas que sou o pai dele. Bom, na verdade ele escutou a minha conversa com a Isadora.
Houve um silêncio do outro lado da linha antes de Léo finalmente responder:
— Uau. E como foi?
— Confuso. Ele ficou magoado. Perguntou por que eu não tava com ele antes.
— E o que você disse?
— Falei a verdade. Que eu não sabia sobre ele até agora. Mas, cara... — Minha voz falhou um pouco. — Ele me olhou como se eu tivesse falhado com ele.
— Porque, de certa forma, ele sente isso. — Léo respondeu, direto. — Mas você não pode se culpar por algo que não sabia. Você fez o que precisava fazer agora, e é isso que importa.
— Será que importa mesmo? — Perguntei, mais para mim do que para ele.
— Claro que importa, Arthur. Você tá lá, certo? Tá tentando ser pai agora. Ele vai perceber isso com o tempo. Só não espera que tudo se resolva da noite pro dia.
— É, você tem razão. Mas é difícil. Eu quero que ele me aceite, sabe? Quero ser alguém importante pra ele.
— E vai ser. Só não força. Vai devagar. Ele é uma criança, mas crianças são resilientes. Dá tempo ao tempo.
Assenti, mesmo que ele não pudesse ver. Era o que eu precisava ouvir, mas não tornava tudo mais fácil.
— Valeu, cara. Não sei o que faria sem suas broncas.
Léo riu.
— Relaxa. Qualquer coisa, me chama. Agora vai lá e faz valer a pena.
Desliguei a chamada e fiquei um tempo ali, observando o céu mudar de cor. Era hora de seguir em frente, mas antes disso, precisava conversar com outra pessoa.
{...}
Encontrei meu pai na varanda principal da casa. Ele já estava de pé, com uma xícara de café em mãos, observando o movimento dos peões que começavam o dia na fazenda.
— Bom dia, pai. — Disse, puxando uma cadeira ao lado dele.
— Bom dia, Arthur. Dormiu bem?
— Mais ou menos. — Respondi, olhando para o campo. — A noite foi longa.
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Notas do Destino
RomanceIsadora, uma jovem médica recém-formada em Campo Grande, vive uma rotina intensa equilibrando sua carreira e a criação de seu filho, Lucas, de quatro anos. Anos atrás, quando ainda era estudante de medicina, ela viveu um romance apaixonado com Arthu...