Notas Desafinadas e Gargalhadas

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Haru estava sentado no chão da sala, encarando o violão que Kaito havia trazido com um olhar misto de curiosidade e apreensão.

— Tá, então... É só segurar assim e tocar, né? — perguntou Haru, colocando os dedos desajeitadamente nas cordas, o que resultou em um som que poderia facilmente ser confundido com um gato sendo assustado.

Kaito, que estava deitado no sofá, quase engasgou com o refrigerante de tanto rir.

— Meu Deus, Haru! Que crime contra a música foi esse? Parece que você tá matando o violão!

— Ei! Não foi tão ruim assim! — Haru protestou, olhando para o instrumento com uma expressão ofendida. — Ele só... não gostou do meu toque.

— Ah, claro. É o violão que tem problema, não você. — Kaito levantou-se, pegando o violão das mãos de Haru. — Olha, presta atenção. É assim que se faz.

Ele tocou alguns acordes simples, e o som era completamente diferente: suave, melodioso e, acima de tudo, não assustador.

— Fácil, né? Agora tenta de novo.

Haru pegou o violão de volta e tentou copiar os movimentos de Kaito, mas suas mãos estavam tão rígidas que ele parecia mais uma estátua tentando tocar do que uma pessoa.

— Relaxa, cara! Tá parecendo que tá segurando uma bomba! — Kaito disse, rindo e tentando corrigir a posição das mãos de Haru.

Depois de várias tentativas desastrosas, Haru finalmente conseguiu tocar um único acorde que soava aceitável. Ele abriu um sorriso orgulhoso, enquanto Kaito aplaudia sarcasticamente.

— Uau, parabéns, Haru! Um acorde! Vamos direto pra turnê mundial agora! — brincou Kaito, jogando um travesseiro na direção dele.

— É só o começo, tá? Daqui a pouco, eu vou estar tocando melhor que você. — Haru devolveu o travesseiro, acertando Kaito na cabeça.

A sessão de aprendizado continuou até que Kaito sugeriu que Haru tentasse cantar enquanto tocava.

— Tá de sacanagem, né? Mal consigo tocar, e você quer que eu cante? — Haru perguntou, incrédulo.

— Exato! Bora ver se você consegue ser um desastre em dobro.

— Você é um péssimo professor, sabia?

Apesar da provocação, Haru suspirou e decidiu tentar. Ele pensou por um momento e começou a cantar uma melodia simples que Aki costumava gostar.

Assim que ele abriu a boca, Kaito congelou. A voz de Haru era profunda e suave, carregada de emoção. Cada nota era perfeita, como se ele tivesse nascido para aquilo.

Kaito largou o violão e ficou apenas ouvindo, completamente surpreso. Quando Haru terminou, olhou para Kaito com as sobrancelhas arqueadas.

— Que foi? Ficou tão ruim assim?

— R-Ruim?! Cara, o que foi isso? Como você escondeu essa voz por tanto tempo? — Kaito disse, quase gritando.

Haru deu de ombros, um pouco envergonhado.

— Sei lá... Nunca achei que fosse algo grande.

Kaito balançou a cabeça em descrença.

— "Algo grande"? Haru, se a Aki ouvisse isso, ela ia começar a chorar de emoção!

— Tá exagerando de novo...

— Exagerando? De jeito nenhum! Mas, ó, não se empolga. Você ainda vai aprender a tocar guitarra. Não tem como fugir dessa.

Destino Entre LinhasOnde histórias criam vida. Descubra agora