Capítulo 9

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Capítulo 9: (Lavinia)


Já tinha conversado com meus pais e agora eu estava indo até o quarto do Juan.


Estava mais confiante. Andava pelo corredor com passos largos e cabeça erguida, ah, e é claro, cumprimentava todos que via pela frente, até eu ser parada pela Mayara. Aff, de novo. Hoje o azar resolveu vir me visitar.


- Lavinia, parece que está indo conhecer seu novo paciente.- falou.


- Não, não, eu tô indo conhecer o coelhinho da páscoa, não tá vendo.


Ela riu falsamente.


- Lavinia, Lavinia, suas ironias são mais idiotas do que você.


- E sua cabeça pensa melhor do que de uma tartaruga. Só que não.


Ela empinou o nariz tentando parecer confiante, mas ela já sabia o que tinha por vir.


- Mayara, presta bem atenção com quem você está falando e de que modo está falando.


- Tão boba quanto o namorado.


- O que disse?!


- Seu namorado é um louco, não tem cura. Você não curou ele...


Não me segurei. Dei um passo à frente e fiquei cara a cara com ela, peguei seu braço e cravei minhas umas de leve.


- Nunca mais fale assim do meu namorado!- falei alto, mas não tinha ninguém presente naquele corredor- Só não faço você ser demitida, porque tenho pena de você.


Sua expressão estava assustada e com medo. Quem ela pensava que era pra falar assim comigo e ainda mais, do MEU namorado!


Mas não esperei ela falar mais nada, apenas me virei e fui em direção ao quarto de Juan.


Vi pela janela do quarto que tinha um enfermeiro medicando Juan. Ele tinha cabelos negros e uma barba crescendo, que dava um certo charme ao seu rosto sério. O garoto parecia calmo, mas eu via em seus olhos magoa e cansaço. E me peguei pensando novamente qual era o motivo dele estar com depressão, ou se havia um motivo especifico.


Entrei no quarto e cumprimentei o enfermeiro. Fui até perto da cama de Juan e ele me olhou com um olhar meio raivoso, que me assustou um tanto. Dei um sorriso para tentar passar segurança.


- Olá, Juan. Meu nome é Lavinia e eu sou a psicóloga responsável pela sua recuperação. Quero que saiba que pode confiar em mim para contar o que quiser. Tudo o que você dizer vai ficar só entre a gente.


Ele apenas assentiu.


- Pode nos deixar a sós, por favor.- falei para o enfermeiro.


- Claro, senhorita Miranda.


- Que isso, me chame só de Lavinia, por favor.


O enfermeiro assentiu e saiu fechando a porta atrás de si.


Sentei na cadeira que tinha ao lado da cama de Juan e ficamos nos olhando em silêncio, até que eu resolvi quebra-lo.


- Então, Juan, por que está aqui?


- Tenho depressão, e as pessoas acham que eu sou louco.


- Hum... E sua depressão tem algum motivo específico?


Ele balançou a cabeça positivamente.


- Sim.


- Pode me contar qual é?


Ele abaixou a cabeça triste e algumas lágrimas caíram de seus olhos.


- Minha namorada morreu assassinada. Foi uma coisa terrível. Ela morava comigo, daí eu cheguei um dia em casa e encontrei tudo revirado, e ela estava caída no chão, toda ensanguentada.


Ele parou uns minutos, estava chorando muito.


- Chamei o meu pai e nós chamamos a polícia, mas não conseguiram encontrar nenhuma pista. Não havia digitais no corpo dela, era como se o assassino tivesse usado luvas. E o pior de tudo era que eu iria pedi-la em casamento naquele dia.


Ele começou a chorar mais ainda. E eu permaneci imóvel, apenas esperando que ele continuasse.


- Não aguentei, e comecei a entrar em depressão, não tenho mais vontade de fazer nada. Comecei a me envolver com drogas, e um dia sem pensar direito, peguei um revolver e ameacei dar um tiro em mim mesmo, mas meu pai não deixou. E então eu fui parar aqui.


Olhei pra baixo tentando me conter para não chorar também. A história dele parecia com a do Leo.


- Isso faz quanto tempo?- perguntei.


- Um ano.


- Eu sinto muito.


Foi tudo que consegui dizer. Vamos, Lavinia, fale mais alguma coisa.


- Mas você tem que seguir em frente. Pense que a sua namorada faria de tudo para te ver feliz agora.


Ele assentiu.


- Vou tentar.


- Isso.


- Me conte de você.


Olhei meio confusa pra ele.


- O que?


- Me fale sobre você. Sempre achei que psicólogos se esgotassem por terem que ouvir o problema de todos e nunca poder dizer os deles, ou contar sobre sua vida.


Sorri.


- Bom, o que quer saber?


- Sobre sua família. Família é algo que importa pra mim. Tipo, minha mãe morreu quando eu tinha quatro anos, então meu pai passou a cuidar de mim.


Juan já estava parando de chorar. Talvez isso seja um bom começo.


- Puxa.


- É. Mas agora me conte da sua.


- Tá. Meus pais são os donos da clínica, eu tenho uma prima que amo muito, e outra que está nos Estados Unidos que eu também amo muito. E também tem os pais do meu namorado, que eu também considero minha família.


- Você namora?


- Há um ano.


- Me conte mais, por favor.


- Bom, ah, eu tenho três cachorrinhos. E eu considero todos os meus amigos verdadeiros da minha família também. Tem minhas duas melhores amigas, a Paula e a Amanda. Meu amigo que também é vizinho meu e dá minha prima, o Pedro, que é meu amigo desde que eu tenho treze anos. E meu namorado é simplesmente uma das pessoas que eu mais amo e me preocupo no mundo. E... Acho que é só.


- Puxa, sua vida parece ser perfeita.


- Não, não é. Nada é perfeito. E a vida muito menos. O que à torna maravilhosa são as pessoas presentes nela. Mas agora eu quero saber mais sobre você.


- Okay. O que quer saber?


- Seus amigos, sua vida, o que gosta... Essas coisas.


- Eu não tenho amigos. Eu gosto de ver filmes de ação, não sei por que mas gosto muito de jogar dama, acho que é porque quando eu era pequeno meu pai e eu jogávamos bastante, especialmente em dias de chuva. E acho que é isso.


- Você cursava alguma coisa?


- Não, acho que ainda não sei ao certo o que quero fazer, mas eu trabalhava em uma loja de roupas masculina.


- Hum... Legal.



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